Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quarta-feira, junho 30, 2004

(101) Portugal, 2 - Holanda, 1


As cores do momento Posted by Hello

Portugal em festa, todo o resto constante! Esta selecção tem crescido, ganho personalidade e fez história. Não antevia este desfecho e não importa voltar a referir porquê. Jogamos novamente melhor e em todas as eliminatórias conquistamos a nossa sorte!

Figo fez um jogo de raiva, sem a velocidade doutros tempos mas com uma entrega total. Maniche fez mais um belo jogo e um golo histórico. O sofrimento na parte final do jogo foi só para manter o espírito guerreiro da selecção (riso irónico).

Parabéns, Portugal. Assino o apelo do Presidente, vamos mobilizarmo-nos para o que é realmente importante com a mesma energia. Fizemos história, um ano de ouro para o futebol português mas para pouco mais...

(100) O Divórcio


Portugal no seu melhor Posted by Hello

Já desisti da ideia de eleições! Que a laranja caia podre com o bicho do populismo! Portugal, vamos adiar o teu futuro novamente! A descrença neste país aumenta... sobram as bandeiras da esperança dum nacionalismo diferente!

terça-feira, junho 29, 2004

(99) Porto Sentido


Porto Posted by Hello

Porto Sentido - Rui Veloso

Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

[refrão]

Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa

Amo o Porto. Continuo à espera de melhores dias para esta cidade! Desse teu jeito fechado de quem mói um sentimento, o Porto é único. Mas a decadência de Portugal também instalou-se aqui! Apesar de sempre altivo, o Porto está à espera de renascer. A cidade velha e gótica perdura, a cidade viva e pulsante está por nascer. À espera de quem a acorde da letargia que invadiu este rectângulo (e ilhas) e que perdura. Que perdura e paralisa. Que o Porto renasça e germine a esperança de melhores dias...

segunda-feira, junho 28, 2004

(98) No Meu Mundo Político Ideal

Vou fazer um exercício de utopia na política portuguesa.

Jorge Sampaio dissolve a Assembleia constatando que a situação política gerada pela saída de Durão Barroso é insustentável. Santana Lopes, na sua perspectiva, não é conciliador nem para o PSD nem para o país. As eleições são marcadas e os partidos começam a contar espingardas.

Em todos os partidos são marcados Congressos Extraordinários. O primeiro é o do Bloco de Esquerda que constata a sua inutilidade para a sociedade portuguesa e sai de cena. Louçã parte para uma missão humanitária nos EUA e ajuda na produção do próximo filme de Michael Moore. O segundo congresso é o do Partido Comunista Português que resolve finalmente reformar-se e transformar-se numa esquerda moderada mudando o seu nome para PV (Partido Verde). O terceiro congresso é o do Partido Social Democrata que resolve eleger como líder Santana Lopes e este promete plantar palmeiras no percurso Porto – Lisboa. Nessas palmeiras haverá cartazes com as suas promessas até o ano 2500. O quarto congresso é o do Partido Socialista que elege António Vitorino como líder e promove Ferro Rodrigues como eterno embaixador da boa vontade. O quinto Congresso é o do Partido Popular que manda Paulo Portas jogar cartas com o seu amigo Rumsfeld no Pentágono.

Os dados estão lançados. As eleições chegam. Vitorino é eleito com um programa reformador e ambicioso. As áreas de intervenção são a Saúde, a Educação, a Cultura e a Ciência. As Finanças Públicas tornam-se num instrumento dessas políticas, não um fim. Entretanto Durão Barroso é substituído, por paralisia total, por um promissor político federalista que resolve fazer a tão ambicionada União Política. Todos os países aplaudem (pausa para rir à parva). Santana Lopes resolve ir gerir uma discoteca e João Soares volta à Câmara com a motivação do seu primeiro mandato.

Tudo corre sobre rodas e o Porto decide que não se revê nos políticos de nenhum quadrante político e pôe Rosa Mota a Presidente de Câmara. Os Jogos Olímpicos de 2008 realizam-se no Porto por respeito a este grande nome do atletismo. A Madeira encontra o seu rumo e resolve ter um modelo de desenvolvimento solidário com o resto do país. Finalmente Guterres derrota Cavaco para Presidente da República e resolve que é ele (Presidente da República) que deve conduzir a política externa do país.

Vou mas é dormir, porque esta dose de realidade deixou-me desgastado. Nos meus sonhos vou sonhar com um Portugal mórbido com palmeiras no meio do Alentejo e um túnel entre São Bento e o Bairro Alto. O meu sonho vai incluír uma realidade apocalíptica para Portugal onde as ideias para o país assumem a forma de Elefantes Brancos... as Torres Gémeas em Lisboa, o Centro Cultural da Noite na Figueira da Foz, o Estádio de Alvalade com espectáculos de Strip Tease. Bem... ainda bem que a realidade é bem mais cor de rosa...

domingo, junho 27, 2004

(97) A Democracia Podre da Madeira (3)

Continua a saga da imperfeita Democracia na Madeira. A discussão está lançada, a responsabilidade por um país melhor é de todos nós.

Mercado de Trabalho – Que dizer duma região onde todo o mercado de trabalho passa pelas reuniões informais de alguns na noite Madeirense? O sector público é gigantesco na Madeira e, a partir de certos cargos, completamente blindado para pessoas sem cartão de militante. E os que não são militantes conhecem bem quem tem influência ou então calam-se sobre as suas ideias e convicções. No sector privado a situação não é muito melhor. Os cargos de topo são cautelosamente distribuídos mas há situações onde as empresas protegem os seus cargos intermédios de critérios que não tenham nada a ver com o desempenho. Mas uma coisa tenho de admitir, e com orgulho porque adoro a Madeira, o profissionalismo também tem aumentado. É só pena que o desempenho seja incentivado mas que só haja acesso de alguns a esse patamar.

Mentalidade – Nem todas as pessoas, como eu, que criticam a Madeira deviam ser considerados traidores. Eu tenho a Madeira no coração, critério indispensável no regime Madeirense. Mas a tendência é criticar fortemente e excluir socialmente quem o faz. Mas não pensem que o Madeirense não é uma pessoa informada e especial. Só que todos sabem que a situação actual beneficia a Madeira e sair dessa situação seria mau para a Região. Mas desenganem-se! O povo Madeirense não é assim tão fechado, chega a ser mais cosmopolita que o povo regionalista do Porto. É muito aberto com os turistas e é muito profissional no sector do turismo.

Qualidade de Vida – Costumo dizer que se vive bem na Madeira. O clima é muito bom, o mar é o nosso companheiro, a ilha é muito bonita. As pessoas não se enfiam em centros comerciais, têm muitas e boas escolhas de lazer. Pena é a pouca oferta cultural. Só tem um defeito associado a todas as ilhas, às vezes é uma prisão mas mais psicológica que real. De avião chego mais depressa a Lisboa do que de carro vindo do Porto. Mas o custo de ser insular é mesmo muito grande. Mas valia a pena se podéssemos exprimir as nossas opiniões sem censura e consequências. Não é o caso, infelizmente!

Volto a fazer um apelo. Agora não a Durão Barroso mas ao nosso próximo Primeiro Ministro. Tenha a coragem de reflectir sobre os vários temas que estão aqui expostos e diga-me se não é hora de fazer alguma coisa. Pelo bem da unidade nacional e da liberdade individual. Por uma Madeira e um Portugal mais unido e mais desenvolvido!

(96) LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

(95) Terramoto Político

Barroso para Bruxelas, Santana para Belém (desculpem, para São Bento, é a força do hábito), Carmona para a Câmara de Lisboa. Ou será Manuela Ferreira Leite para São Bento e Pedro Pinto para a Câmara? Ou será Marcelo Rebelo de Sousa para São Bento? E se Santana fôr para São Bento, Cavaco para Belém? E agora pergunto eu, não tenho nada a dizer?

E se daqui a uns dias Santana candidata-se para Belém, e para Primeiro Ministro, indigita o Fernando Seara? Será possível que tudo se vai decidir nos almoços no Parque de Monsanto? E o programa eleitoral dá uma cambalhota e é atirado para o túnel do Marquês para servir de objecto de estudo arqueológico? Ninguém vê o ridículo disto tudo.

Eu sei que nem tudo anda à deriva porque a nossa Democracia é adulta e vai sobreviver com ou sem eleições. Mas parece-me uma situação ideal para convocar eleições. E passo a explicar. O nosso Primeiro Ministro sai a meio do primeiro mandato, onde ainda estava começando a implementar as suas políticas. Depois envolve não só o cargo que ocupa como possivelmente a Câmara Municipal. Depois o próprio Santana Lopes (ou qualquer outro dos nomes citados) nunca se colou ao tipo de medidas do Governo. Depois como entender que, após tantas dificuldades, o povo português acorde no dia seguinte com um novo Primeiro Ministro? Como entender, adicionalmente, que o cartão amarelo que Durão entendeu como um estímulo fique sem leitura política?

Vamos todos mostrar maturidade e respeitar a decisão do Presidente da República. Mas duma coisa tenho agora certeza mais do que nunca. O Regime semi presidencialista tem de ser retocado. O papel dos deputados é demasiado dúbio e até anti democrático. Às vezes são deputados da nação, outras são duma região. Às vezes têm liberdade, outras têm disciplina de voto (em qustões não ideológicas). Às vezes fazem comissões independentes, depois votam sempre na posição do partido. E afinal se amanhâ alguém estiver a candidatar-se para primeiro ministro e eu confiar nessa pessoa o que acontece no dia seguinte se o partido resolver apoiar outro?

Não sou defensor da regra de eleições sempre mas como o ciclo político está na sua fase inicial e foi tão polémico (metade dos ministros já contam os dias para se verem livres de tão penosa tarefa) haverá outra solução que não as eleições? Eu acho que não. Mas se houver contem comigo para colaborar e criticar porque só se constroi um país contruíndo e derrubando ao mesmo tempo.

sábado, junho 26, 2004

(94) Aderindo à campanha


Eleições, claro! Posted by Hello

Barnabé fez um desafio (http://barnabe.weblog.com.pt/), eu adiro à campanha. Eleições já! Enquanto não houver uma reforma eleitoral defendo que, nestas situações, a consulta popular é inevitável.

No futuro, quando o papel dos deputados estiver clarificado (sem disciplina de voto para tudo, representação da região ou do país, círculos uninominais) posso até defender a continuidade. Nestas circunstâncias (derrota eleitoral, os cidadãos nem indirectamente deram o seu aval) defendo eleições.

(93) O Portugal do Futebol


Em fuga do defice... Posted by Hello

Durão vai para Bruxelas! Estou pasmado que alguém defenda este homem iluminado para um cargo de tal importância! Mas já percebi... as suas “Zandinguices” são o que a Europa precisa para entrar em debate, já que a indiferença é enorme. A explicação avançada pelo Financial Times é curiosa. O Presidente Francês acha que é uma pessoa competente mas obscura, não vai fazer-lhe sombra. Chirac equivocou-se, a sua imagem é bem melhor que a sua competência. O bom aluno vai ser o novo professor. De qualquer modo, Parabéns!

E Portugal? Sempre defendi que esta política económica estava errada logo é um alívio. O pior vem depois. Eleições ou não? Segundo a interpretação do nosso regime semi-presidencialista parece-me que não há razão para tal porque quem nós elegemos são os deputados. Mas todos sabemos que, na prática, não funciona desta maneira. Os cidadãos olham para os nomes e elegem o que lhes oferece mais confiança. Logo defendo eleições.

Daqui nasce um novo problema! Havendo ou não eleições os nomes em cima da mesa assustam-me! Santana Lopes, sempre defendi, é um populista da pior espécie, da oportunista e demagógica. Ferro Rodrigues é uma pessoa séria mas pouco mobilizadora fechado num pequeno círculo de amigos. Onde está o nosso Dom Sebastião para voltar a pôr o país na rota do desenvolvimento?

Última nota digna de registo! Como explicar aos portugueses que os sacrifícios feitos nos últimos dois anos, em nome duma política defendida por um homem, perdem o seu pai? Como explicar aos portugueses que estamos num país tão insignificante que perde-se um primeiro ministro em início de ciclo político para um cargo numa Europa que é (ainda) uma anã política? Como explicar aos portugueses que um primeiro ministro que acusou outros de fugirem, depois de ter tido uma derrota histórica, abandone o cargo?

sexta-feira, junho 25, 2004

(92) Portugal, 1 - Inglaterra, 1 (2-2 no prolongamento 6-5 nas grandes penalidades)


Onde até os jogadores ordinários passam a heróis... Posted by Hello

Impróprio para cardíacos. A estrelinha dos campeões acompanha-nos. Até o Ricardo, perdido durante seis grandes penalidades, resolveu ser herói. Que seja!

Scolari foi arriscando e ganhou. Parabéns! Pior foi mesmo Costinha que não acompanhou a qualidade dos seus pares neste jogo. Melhor o Ricardo Carvalho e o Jorge Andrade porque mesmo com Portugal balanceado para o ataque seguraram sempre a rectaguarda. Nota positiva ainda para Ronaldo e Maniche.

Que venha o próximo e que seja menos emotivo porque o coração não aguenta...

quinta-feira, junho 24, 2004

(91) Frases do dia


Sem comentários... Posted by Hello

"As anyone who's taken a minute and actually looked at the figures can tell you, the vast majority of Iraqis are still alive—as many as 99 percent. While 10,000 or so Iraqi civilians have been killed, pretty much everyone is not dead."
CPA administrator L. Paul Bremer

"Of the millions of civilian homes that are still standing, many have electricity for hours each day."
Halliburton executive vice-president and CFO C. Christopher Gaut

"Less than 10 contractors have been murdered, publicly mutilated, or had their remains hung from a bridge since the end of March," Sawyer said. "And nearly three quarters of the foreign-born contract workers taken hostage in the last six months have not been killed. Also, contrary to headlines that claim there are problems with Iraq's internal law enforcement, more than half of Iraqi police officers have not deserted."
Charles Sawyer, a State Department official

"Yesterday alone, 137,980 American troops were not killed," Abizaid said. "All in all, if we keep on like this, more than 90 percent of the brave men and women serving in Iraq will return home to see their families again."
U.S. Army Gen. John P. Abizaid

"Of the 25 members of the Iraqi Governing Council, 23 survived until the group was replaced last month," Allawi said. "Nine out of 10 times, death threats against those who cooperate with coalition efforts do not end in actual murders."
Iraq's new prime minister, Iyad Allawi

Estas frases são tão elucidativas dum modo de pensar que nem vou comentar. Viva o optimismo.
http://www.theonion.com/news/index.php?issue=4025 (jornal satírico tipo Inimigo Público)

P.S. O São João no Porto não tem definição possível. Só vivendo a festa. E que festa! E desta vez foi multinacional...

terça-feira, junho 22, 2004

(90) A Democracia Podre da Madeira (2)


Perola do Atlantico Posted by Hello

As notícias que vieram à luz do dia no Continente nos últimos dias acentuam a gravidade da situação insular. A denúncia torna-se ainda mais urgente. Até porque é a evolução dos meios de comunicação, onde os Blogs têm um modesto contributo, que podem voltar a dar voz a quem quer discutir os problemas com seriedade. Vou ter de retomar o tema das contas regionais por questões de actualidade e lanço mais um tema sobre a Democracia na Madeira, a Comunicação Social.

Contas Regionais: Para que serve o Tribunal de Contas? Para denunciar descalabros nas contas do Estado sem qualquer tipo de medida coerciva ou sem qualquer tipo de sanção? Parece-me algo muito bonito para se ter ao lado da exposição de coches porque parece ser um bom objecto decorativo. Na Madeira o Tribunal de Contas observa que tudo está mal e nada se faz. O contrato de concessão das portagens virtuais das vias rápidas madeirenses foi assinado entre o Governo Regional e a Vialitoral, SA. Ou melhor, o Governo Regional, na prática, pediu um empréstimo a uma empresa privada a juros doutra galáxia em ano de eleições. Prevê-se que na duração do contrato o Governo Regional vai pagar pelo menos quatro vezes o que recebeu. Parece-me bem! Os meus descendentes devem estar a dar pulos de alegria com a prenda que lhes vamos deixar. Melhor, a Região Autónoma da Madeira é accionista da Vialitoral, Sa. Cheira-me ainda melhor este negócio, não da China mas de outra galáxia. O cálculo da manutenção das estradas é de 10% das portagens cobradas. Também quero, também quero. Por favor umas migalhinhas do negócio.

Pior ou talvez não é que a lei nacional só permite desvios nos custos das obras encomendadas pelo Estado de 25% e há um caso dum viaduto na Madeira que atingiu 2800% do valor orçamentado. Acima dos 300% ainda há mais três casos. Estamos a falar de projectos de valor avultado, não de habitações com um quarto. Ao ler o editorial do Público de Segunda relembrei-me do sonho de Dias Loureiro, fazer o país à semelhança da Madeira. Perfeito, podíamos depois vender as sobras ao dono do Chelsea e fazíamos aqui mais uma República Russa. Sr. Durão onde estás? Olha o défice, olha a tanga a cair...

Comunicação Social: Outro dos vícios da peculiar Democracia Madeirense é o partido do poder conseguir agrupar quase todos os quadros da Região. Porque será? As rádios e jornais pertencem, directa ou indirectamente, a figuras destacadas do PSD, como o Dr. Jaime Ramos. Mas Durão (sim, sempre ele) achou que a Madeira tinha uma Comunicação Social muito independente e resolveu oferecer a RTP Madeira aos madeirenses. Que bonito, até fiquei emocionado. Dias antes Alberto João Jardim dizia que a RTP Madeira precisava de uma limpeza. De pessoas, claro, porque a programação é óptima. O quadro completa-se e agora a Comunicação Social respira os ventos do 25 de Abril (de 1973, claro!).

Ainda não acabou. Falta falar de muita coisa. Do Mercado de Trabalho, da Mentalidade, dos Subsídios, do Desenvolivimento. Noutro dia, com o mesmo tom de denúncia.

(89) Humildade

Humildade tem origem no Latim “humus” que significa “filhos da terra”. Refere-se ao facto de estarmos em contacto com a terra, com os pés assentes no chão. “Humus” é toda a matéria orgânica necessária para dar vida à terra e fazer com que dela germine vida. Também precisamos de humildade para crescermos, assim como as plantas.

A humildade não deve ser vangloriada, porque é a prova da sua inexistência. Ela torna as virtudes discretas, despercebidas. O Homem humilde é aquele que reconhece os seus limites e que trabalha para ser melhor no aspecto físico, moral e espiritual. Também é aquele que não interfere na vida dos outros para impor conceitos.

Mas ser humilde não é humilhar-se. É ter o conhecimento exacto do que nós somos, não é sinónimo de ignorância. Por exemplo posso apresentar-me com humildade, realçando de uma forma natural as minhas virtudes, não as enunciando. Não acreditar no nosso real valor, rebaixarmo-nos é um desrespeito à nossa dignidade, não confundir com humildade.

Afirmo aqui com todas as letras: sou humilde!!! Opps, não devia ter dito isto. Mas digo na mesma, sou humilde!!! Não me interessa que não seja, importa é que acreditem. Opps, às tantas não sou mesmo humilde.

segunda-feira, junho 21, 2004

(88) Portugal, 1 – Espanha, 0


Mata, Mata Posted by Hello

Tenho de confessar que não esperava tanto. Continuo a tecer críticas ao tempo que Scolari demorou a perceber o óbvio mas hoje até ele está de parabéns. Ele e todos os jogadores que reagiram superiormente à pressão psicológica que montaram e foram vítimas. Tenho de confessar que a eliminação de Espanha também deixa-me com um sorriso no canto da boca. Fomos grandes hoje, o Porto esteve em festa (calculo que Portugal inteiro, falo do que assisti). O Europeu de Futebol está a trazer a Portugal ganhos que não se podem calcular com meras aritméticas financeiras uma vez que pelo que tenho ouvido e visto os estrangeiros estão a adorar Portugal. Força, Portugal!

sexta-feira, junho 18, 2004

(87) A Democracia Podre da Madeira (1)


Alberto Joao Jardim Posted by Hello

Porquê a Madeira? Pergunta o atento leitor. Porque não denunciar os Açores? Insiste o leitor. Eu respondo, tenham calma. Porque gosto de falar das realidades que conheço bem. Espero ter respondido às perguntas pertinentes dos meus (poucos, mas bons...) leitores. Hoje vou começar por abordar dois temas sobre a Região Autónoma da Madeira.

Autonomias Regionais: A pergunta que atravessa muitas pessoas que desconhecem a realidade das Autonomias é “Porque é que, tanto na Madeira como nos Açores, quem toma conta do poder eterniza-se no cargo?” Na minha modesta opinião o problema é antigo. Já pensaram o que é que um Governo Regional, no actual quadro da autonomia, faz? Eu respondo! Lança e executa obras e infraestruturas e distribuí subsídios. Que bom, o sonho de qualquer Governo. É essencial, em Democracia, haver pontos de desgaste para permitir a fundamental Alternância Democrática. No actual quadro das Autonomias Regionais quais serão os pontos de desgaste? Só me lembro daqueles que não arranjam, pelo partido, cargos no gigantesco sector público da Madeira. O Governo Regional não tem desgaste nas decisões sobre impostos, na segurança social (apenas reforça-a, não traça-a), na segurança interna, e por aí fora. Que paraíso, não acham? Eu não acho! Temos uma Democracia de um só partido, as diversas tendências dentro do partido representam a oposição. Os outros partidos não fazem oposição clara porque também há distribuição de cargos e favores para sectores estratégicos da oposição. Primeira conclusão, há um problema estrutural nas Democracias Autonómicas. Defendo a Autonomia mas uma que permita a Democracia respirar.

Contas Regionais: «O Tribunal de Contas (TC) aprovou ontem um parecer arrasador sobre as contas públicas da Madeira. O parecer sobre a Conta da Madeira relativa a 2002 destaca que a dívida pública regional, directa e indirecta, atingiu no final daquele ano, respectivamente, os 443,2 milhões de euros e 198,3 milhões de euros, tendo as responsabilidades assumidas e não pagas pela Região aumentado cerca de 59,5 milhões de euros, ou seja, 42,7 por cento.»
«Além deste "buraco financeiro", o Orçamento da Madeira não observou o princípio de equilíbrio orçamental, uma vez que o saldo primário (sem juros da dívida pública) apresentou-se negativo em 41,6 milhões de euros, tendo-se registado uma agravamento de 327,1% face ao ano anterior.»


É preciso dizer mais? É! Não peçam aos Madeirenses para não concordarem com isto porque se Portugal tivesse a capacidade de fazer o mesmo com a Europa, fazia! Culpem o nosso Governo Nacional por deixar que isto aconteça. Culpem o “Governo do combate ao défice” por permitir que isto aconteça. Porque, se deixassem, todas as regiões fariam o mesmo ou até bem pior. Será o modelo de crescimento económico da Madeira sustentável? Não! Porque não se baseia em criação de riqueza (com excepção do profissionalismo do turismo) mas sim em manter os cidadãos surpresos com tanta capacidade de “vampirizar dinheiro” do exterior. Calcula-se que, a breve prazo, o Orçamento Regional não vai ter capacidade (porque não gera riqueza) para sequer fazer a manutenção do que construíu. Sou sincero, é difícil ter um modelo de crescimento sustentável numa ilha e também não sei que tipo de modelo implementar. Sei é que não podemos acusar os habitantes da ilha de pactuarem com o Governo que garante o seu desenvolvimento. O regime tem de mudar a partir de Lisboa, e já!

Uma conclusão prévia é que a responsabilidade da “Democracia Podre” na Madeira está, não no Governo Regional, mas nos sucessivos Governos Nacionais que deixam que tudo se faça sem critério. E um aviso para os Madeirenses! Já pensaram que, dentro de alguns anos, tudo vos vai cair na cabeça e vão descobrir que, afinal, o modelo de desenvolvimento está viciado e sem perspectivas de um futuro melhor? O investimento público é essencial mas deve ser gerador de riqueza, ser sustentável e este não é acompanhado por políticas geradoras de emprego e riqueza. O sector público deve ser eficiente e carece de investimento e o da Madeira é exagerado e pesado. Estou a falar dum problema estrutural que não tem sido combatido com políticas complementares. Muita coisa está mal na Madeira mas o desenvolvimento insular é um tema muito complexo. Tenha é critério, sr. Barroso. Os votos não valem tudo!

Continua... no mesmo tom, noutro dia! Há muita “podridão” para falar...

quinta-feira, junho 17, 2004

(86) E porque também amo o Porto...


Ponte D. Luis, Porto Gaia Posted by Hello

A minha viagem e admiração por Lisboa não apaga o meu amor pela cidade do Porto. Mas como a cidade está em coma cultural e de animação a foto evidencia a fuga da vida da cidade para Gaia. Acorda, Porto. És uma cidade demasiado bonita para estares em coma.

(85) Portugal, 2 – Rússia, 0

O jogo: Foi agradável a exibição de Portugal, principalmente na primeira parte. É curioso concluir que Scolari demorou dois anos a perceber o que todos já tinham concluído há muito. Deco e Ricardo Carvalho são essenciais à selecção como titulares. De qualquer maneira a selecção não deixa indicações que vá conseguir ir muito longe nesta competição. Adicionalmente defino este jogo como o desafio de passagem de testemunho. A geração de ouro deu lugar a uma nova geração de jogadores.

Estádio da Luz: Uma obra adequada aos grandes eventos, imponente e funcional. O estádio está bem pensado, é confortável e, acima de tudo, muito bonito (principalmente quando a noite cai). O ambiente era contagiante e todos (Portugueses, Russos e outras pessoas de múltiplas nacionalidades) aderiram à festa.

Lisboa: Está como eu a queria encontrar! Cheia de luz, sempre sedutora e cada vez mais cosmopolita. A “selva urbana” de Lisboa é única no país. Encontrei os turistas rendidos e com vontade de voltar. Para a história ficam as visitas a Belém, ao Parque de Monsanto e a Benfica.

Bairro Alto: Que loucura! A noite foi longa e pesada na companhia do meu irmão e dum velho amigo de incontáveis tertúlias, companheiro de noites loucas que já só vivem na memória dos homens. Percorremos o Bairro Alto saltando de ambiente em ambiente, todos diferentes e enriquecedores. Falei com pessoas de diversas nacionalidades. O desbloqueador de conversa foi o futebol e a cerveja. Depois as conversas vaguearam por imensos temas. Desejei sorte a tantas selecções que, em balanço, todas ficam empatadas no meu contributo moral à sua passagem. Com os ingleses o tema inevitável foi o seu comportamento “fora de portas” e o lamento sincero ocorreu. Uns estragam a reputação de todos. O Bairro Alto respira liberdade e irreverência, características que a Ribeira do Porto já perdeu. É um espaço de troca de culturas e experiências. Até sempre!

Para a História: Fica o cachecol que troquei com os Russos. Nem Inglês falavam mas a linguagem universal dos gestos amigáveis e a consciência da vantagem das trocas funcionou. Viva o caldo de culturas! Obrigado, Lisboa! Pela mentalidade aberta que todas as cidades saudáveis devem ter!

terça-feira, junho 15, 2004

(84) Para Lisboa de Pendular vou...

Estou de partida para Lisboa. Vou ver o jogo Portugal-Rússia no novo Estádio da Luz, que vou conhecer antes do estádio do meu clube de coração. Espero divertir-me muito e assistir a um jogo bem diferente do jogo com a Grécia. Não espero uma grande exibição porque parece-me tarde para formar uma equipa mas espero garra e determinação desta vez.

Espero encontrar uma Lisboa como sempre a recordo. Uma cidade com luz e beleza contagiante. Espero não encontrar muitos Ingleses e que os auto elogios nos cartazes da cidade tenham diminuído. Espero também verificar que a cidade não está cada vez mais pintada de cagalhotos que alguns chamam de arte (Grafittis).

Espero, acima de tudo, encontrar uma cidade em festa. Uma cidade menos deprimida que da última vez que lá fui. Encontrar o verdadeiro espírito destes eventos é o que eu quero assistir. E agora já posso berrar, sem medo de ser mal interpretado: Força Portugal.

(83) Eleições Europeias – Análise dos resultados por região e por país

Os resultados globais em Portugal foram claros mas há pequenas curiosidades que têm o seu interesse.

Voto nas áreas metropolitanas: No Porto a diferença entre o PS e a Força Portugal (FP) foi de mais de 15% e em Lisboa foi cerca de 14%. Estes resultados carecem de reflexão e são, para mim, inesperados pela sua dimensão. Não nos podemos esquecer que, em princípio, a FP devia somar os votos do PSD e do PP. Cai também o mito urbano do BE porque se, em Lisboa, tem 7,61% no Porto tem 4,8%. Sem um resultado noutras regiões condizente não teriam eleito um deputado.

A abstenção prejudicou quem?: Eu acredito, mas não estou a basear-me em nenhum estudo credível, que a abstenção prejudicou mais a FP mas que também foi conveniente. Achei os eleitores da FP pouco motivados a votar, também querendo participar deste modo na censura ao Governo. Muitos militantes do PSD também recusam-se a votar no PP. O eleitorado sem partido fixo também não se reviu na proposta europeia confusa da FP. Foi conveniente porque assim relativiza um pouco a derrota. Mas posso até estar enganado e a abstenção ter tido efeitos bem diferentes nos resultados.

Regiões Autónomas: É um bom indicador para as eleições Regionais. Na Madeira (apesar de em Machico o PS ter voltado a ganhar) parecem claros que tipos de resultados esperar, só não se sabendo a sua dimensão. Nos Açores prevejo um resultado equilibrado. Sobre as Autonomias e suas contas pretendo fazer um post em breve.

Europa: O Partido Popular Europeu deve estar a esfregar as mãos. Os novos países aderentes enfraquecem o Partido Socialista Europeu de forma quase definitiva. Só excelentes resultados na Europa Ocidental compensavam os péssimos resultados do PSE na Europa de Leste. O PPE elegeu (dados não definitivos) 276 deputados e o PSE 200 deputados de um total de 732 deputados. Estas duas forças perdem em proporção mas mantêm-se como referência. O PPE ainda pode vir a perder deputados ao confirmar-se o abandono de algumas forças políticas. António Vitorino vê o seu objectivo (ainda) mais difícil de alcançar.

Guerra: O Governo Francês, o Alemão e o Inglês sofreram grandes derrotas. O Italiano teve resultados maus mas mais aceitáveis. A teoria da guerra cai por terra, daí não se pode tirar conclusões de maior. A guerra teve contornos que eu não quero que se repitam mas não me parece ter tido grandes consequências eleitorais. Está na hora de enfrentar o problema real da Europa, o crescimento económico. Apelo à remodelação Do PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) e à efectiva implementação da Estratégia de Lisboa.

Caricato: A FP não eleger deputados para a mesma força política europeia.

segunda-feira, junho 14, 2004

(82) Eleições Europeias

Os resultados foram claros. As análises aos resultados é que diferem de maneira gritante. Deixo algumas notas sobre os resultados (quase) finais (faltam apurar 48 freguesias).

PS: 44,5%, 12 deputados: O grande vencedor da noite. Uma vitória clara por números inimagináveis.

Coligação Força Portugal: 33,2 %, 9 deputados: A direita somar, em conjunto, um terço dos eleitores é simplesmente inédito.

CDU: 9,2%, 2 deputados: Apesar de falhar o terceiro deputado por muito pouco conseguir manter os deputados (apesar de Portugal ter perdido um deputado) é bastante bom.

BE: 4,9%, 1 deputado: É um crescimento notável. Começa a ter peso na área rural.

Ferro Rodrigues: Ganhou novo fôlego, só não sei se o PS vai tirar efeitos positivos disso. Estas eleições valem o que valem mas o resultado não deixa de ser expressivo. Como ponto positivo a nota feita em relação aos acontecimentos da lota de Matosinhos (“repugnante”) o que demonstra firmeza de valores. Como ponto negativo a colagem à viúva do Professor Sousa Franco e a generalização da conclusão Iraque (aguardo o panorama Europeu mas a França e a Alemanha também tiveram resultados surpreendentes). Para a história fica a expressão do resultado e o recorde destes números face aos outros Partidos Socialistas.

Paulo Portas: Como sempre tem dificuldade em assumir com clareza o óbvio. Mesmo assim, face à disposição de lugares na coligação, elege dois deputados o que pode-se considerar como menos mau.

Durão Barroso: O grande derrotado destas eleições. Se não estava em causa a política nacional do Governo está com certeza a Europeia. Tens de escolher, Durão. Apesar de achar que não são separáveis. Este Governo baseia as suas políticas nacionais num rigoroso cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento sem forçar a sua mudança. Pior, ajuda a descredibilizá-lo com chumbos às sanções. Perde em número de votos e em deputados maximiza as suas perdas pela distribuição dos lugares com o PP. A coligação tira força ao PSD e ainda mais quando unem-se dois partidos que não defendem o mesmo em relação à Europa. Num discurso apagado e sem chama chamou aos resultados um “estímulo para fazer ainda mais e melhor”. Deixou escapar a hipótese duma remodelação alargada.

Abstenção: 61,2 %: É inacreditável o desinteresse por estas eleições (volto a fazer o mea culpa) mas não surpreendente. Falta explicar aos cidadãos o que se faz no Parlamento Europeu. Tenho a certeza que sensibilizaria muitas pessoas, ainda mais depois da aprovação da Constituição Europeia (que eu espero que ocorra em breve). Pior foi a participação na Polónia (15,4%) e Malta (88%) foi uma agradável surpresa.

Aos futuros Deputados Europeus: Parabéns! Deixem uma marca positiva na construção Europeia. Lembrem-se que Portugal, para ter um casamento duradouro com a Europa, não pode ser nem egoísta nem deixar de defender os seus interesses. Como qualquer cônjugue tem de saber exigir e saber ceder. Bom trabalho por Portugal e, principalmente, pela Europa.

sábado, junho 12, 2004

(81) Portugal, 1 – Grécia,2

Sejamos realistas! O apuramento para os Quartos de Final está em risco! Não só por causa do resultado mas principalmente pela exibição da nossa selecção. Temos bons jogadores mas há muito que avisávamos que não tínhamos equipa. Só que ninguém queria acreditar nisso. Hoje tivemos a confirmação!

Mesmo que os Quartos de Final ainda sejam uma meta alcançável muita coisa vai ter de mudar se quisermos ir mais longe. De quem é a culpa? Até o fim do Europeu não interessa. Depois farei o meu humilde balanço de treinador de bancada.

Se o nosso seleccionador é conhecido pela sua teimosia e ideias claras só pergunto porque também cedeu ao peso das celebridades da selecção. Afastou um indiscutível da selecção que está com ritmo competitivo (Vítor Baia) e em boa forma o que até é aceitável e incluíu jogadores sem ritmo competitivo que aquecem o banco dos seus clubes como Rui Costa e Fernando Couto. E será por falta de alternativas? Não. Ricardo Carvalho e Deco estão em grande forma. Mas não é a altura certa para criticar porque ainda quero acreditar que durante o Europeu Portugal ainda vai deixar um cheiro do seu futebol.

Houve ainda outros jogadores que foram sofríveis neste jogo inaugural, contra todas as expectativas, como Paulo Ferreira (irreconhecível) e Maniche (que definitivamente sem Mourinho ainda não conseguiu mostrar o que vale). Vou a Lisboa ver o Portugal-Rússia, com esperança, mas desconfiado com o real valor desta selecção. É importante passarmos esta fase até porque o país não pode divorciar-se deste evento tão cedo. Eu ia dizer “Força, Portugal” mas como pode ser mal interpretado apenas digo “Têm uma última oportunidade para mostrarem que são a nossa geração de ouro. Joguem à altura desse estatuto. Torço por isso”.

Não queria criticar e acabei por o fazer. É a irracionalidade natural do adepto de futebol.

sexta-feira, junho 11, 2004

(80) O problema do Dia de Reflexão nos Blogs

Eu defendo a importância do dia de relexão que antecede as eleições. É o dia onde devíamos reflectir nas nossas opções, baseadas nas propostas dos partidos. Até que ponto pode-se aplicar este princípio, com honestidade, aos Blogs?

É improvável que se possa fazer legislação aplicável aos Blogs que impeçam eficazmente o incentivo ao voto num partido em dia de reflexão. Se eu publicar um post às 23:59 de Sexta a que horas vai ser lido pelos visitantes do Blog? Obviamente no dia de reflexão. E os posts dos dias anteriores? Podem ser lidos no dia de reflexão (pode também acontecer a quem guarda os jornais).

Por isso o alcance do dia de reflexão nos Blogs é dificilmente controlável. Basta ver o que aconteceu na véspera das últimas eleições espanholas onde o SMS e os Blogs “convocaram” uma manifestação em tempo recorde.

A minha reflexão está feita! Tenho uma ideia clara para a Europa e não faço apelos a votar num determinado partido, apenas incentivo a participação dos cidadãos portugueses nos assuntos da União Europeia. É claro que, ao exprimir sugestões para a Europa, estou a colocar-me dentro de algumas propostas partidárias mas isso é inevitável. Hoje não vou discutir mais a Europa, a reflexão neste Blog começa um dia mais cedo. Deixo só aqui mais um apelo à participação dos portugueses nesta eleição e à agilização da implementação do voto electrónico.

E faço um mea culpa porque, depois de tantos incentivos ao voto, eu não vou votar! Pertenço a um círculo eleitoral bem longe da minha residência (as razões não são para aqui chamadas) e não tomei os passos necessários para votar à distância. Por isso faço uma auto-crítica mas espero que tenha contribuído para uma reflexão sobre alguns dos temas que vão afectar o futuro da União Europeia. Shame on you, mr. Ricardo.

(79) Grão de Areia no Universo (4): Lino de Carvalho

Infelizmente as memórias dos percursos dos homens têm sido tema recorrente neste Blog. Vou aproveitar para não interromper a reflexão que tenho tentado fazer sobre os temas Europeus porque as eleições estão à porta e os partidos divorciaram-se deste papel. Lino de Carvalho não era um europeísta sem reservas mas defendeu, ao longo de toda a sua vida política, uma verdadeira Reforma Agrária para Portugal. O retorno do investimento feito na barragem do Alqueva foi uma das suas últimas lutas, verdadeiramente inglórias.

Aproveito para enquadrar a Agricultura Portuguesa na sempre polémica Política Agrícola Comum (PAC) europeia. Esta política sempre foi artificial porque a agricultura europeia não tem reais condições de competir a nível internacional. Mas não vale a pena fazer aqui uma perspectiva histórica do PAC mas sim algumas, poucas, reflexões sobre o seu momento actual. A última versão do PAC foi feita no enquadramento do Alargamento e das exigências da Organização Mundial do Comércio (OMC), na Agenda 2000.

Relembro que a PAC comporta avultados custos no Orçamento da União, custos para os consumidores via preços (artificiais e protecccionistas)mais elevados dos produtos e custos externos pela distorção do comércio. Esta última reforma da PAC fez uma redução dos preços garantidos aproximando-os dos preços mundiais o que beneficia os consumidores mas que têm consequências nos produtores. Deste modo aumentaram-se as medidas de apoio directo ao agricultor. Estas medidas são mais justas que as anteriores. Adicionalmente deu-se mais autonomia para cada Estado definir os seus programas (de acordo com as directrizes da UE) e reforçou-se o envolvimento das entidades locais na procura de soluções locais. Também integrou-se objectivos ambientalistas na PAC (até que enfim). Por fim criou-se um fundo (Sapard) para assistir sectores agrícolas e economias rurais dos países da Europa Central e Ocidental.

Há aqui várias ideias a reter. Co-responsabilização dos agricultores na gestão e custos relativamente à produção e aos seus excedentes. Baixa de preços o que vai incentivar a produtividade. Apoios ao investimento, não tanto à protecção dos preços. Protecção do ambiente. Fundos pré e pós adesão aos novos países. Estamos no caminho certo, as reformas são positivas. Mas há um senão. No longo prazo o ideal é reduzir esta factura no Orçamento Europeu (não proponho só aumentos do Orçamento) e isso só é possível com uma agricultura competitiva (as hormonas e os trangénicos nos EUA não ajudam). Deve-se apoiar mais o investimento em infraestruturas, instrumentos e métodos de cultivo. E também na inovação na agricultura. Não podemos é tornarmo-nos dependentes da importação agrícola e o PAC deve ir desaparecendo só à medida que a agricultura torna-se mais eficiente. É um aspecto crucial para o futuro da Europa mas é uma co-responsabilidade dos Agricultores, Governos, Autarquias Nacionais e União Europeia. A minha sugestão é apostar menos no proteccionismo (de maneira faseada) e mais na produtividade e concorrência via reforço do investimento.

Volto a deixar o meu protesto aqui sobre a falta de debate em Portugal de assuntos essenciais para o nosso bem estar futuro.

quarta-feira, junho 09, 2004

(78) O Fim da Campanha Eleitoral

A morte de Sousa Franco foi trágica! Não nego isso! Perdeu-se um homem que certamente ia representar bem Portugal na União Europeia. O seu inconformismo garantia que ia tentar ser útil para Portugal e para a Europa em Bruxelas ou Estrasburgo.

Mas a sua morte trouxe ainda mais uma consequência, o fim prematuro da campanha eleitoral para as Europeias por parte dos vários partidos. Sinceramente acho esta opção inaceitável e irresponsável. A União Europeia não pára! A vida dos cidadãos portugueses também não acabou! Os problemas essenciais da Europa e de Portugal não ficaram resolvidos! Esta opção deve entristecer todos os cidadãos preocupados com o seu destino, inegavelmente ligado ao destino da Europa e das opções que Portugal toma no seu seio. Até Sousa Franco certamente não concordaria com o fim do debate.

O problema está mesmo nesta palavra: debate. Se tivessem a ser debatidas ideias provavelmente a campanha continuava (de forma diferente mas continuava). Realmente agora não faz sentido continuar a fazer o que se fez na primeira metade da campanha. Já não se pode insultar, está esvaziada a campanha. Nesta perspectiva percebo o fim da Campanha. Noutra qualquer perspectiva é inaceitável o que está a acontecer. Mudem de decisão, por favor! Nem que seja porque muitos Portugueses precisam de estar mais informados e próximos dos ideais Europeus.

Para não deixar morrer o debate Europeu deixo aqui um conjunto de ideias defendidas Por António Guterres e José Luís Zapatero (e outros três líderes europeus) que subscrevo na totalidade e sem reservas:

- substituição do Pacto de Estabilidade e Crescimento por um pacto de crescimento e do emprego;

- um governo económico e social europeu, capaz de conduzir uma política orientada para o objectivo do pleno emprego (harmonização fiscal e uma verdadeira política industrial no plano europeu, fundado sobre a investigação e a inovação);

- dotar a Europa de um tratado social ("A aplicação de critérios de convergência social visará harmonizar por cima as regras nacionais em matéria de salários mínimos, de formação, de igualdade homens-mulheres, de protecção contra os despedimentos e as deslocalizações, de luta contra o desemprego, a precaridade, de direitos à participação e à consulta dos trabalhadores e dos seus representantes");

- criação de legislação sobre a responsabilidade social e ambiental das empresas.

A esquerda e a direita não são para aqui chamadas. Identifico-me com quem quer ser reformista a nível Europeu. Para um Portugal moderno e solidário temos de ter, na minha opinião, uma União Polítia e Social forte na Europa. Defendo o Federalismo (falta aprovar a Constituição Europeia que até devia ir mais longe) e todos os passos nessa direcção. Não que não confie em Portugal mas porque identifico-me com o modelo social Europeu e acho que este deve ser readaptado com ambição.

(77) Grão de Areia no Universo (3): Sousa Franco

A maneira como apercebi-me da morte de Sousa Franco foi curiosa. Estava eu no mais tranquilo dos sonhos, sonhando com uma festa animada onde bebia um vodka laranja bem fresco, quando um convidado dessa festa vem informar-me da morte de Sousa Franco. Acordo, ainda pensando no ridículo da informação dada por tão inconveniente convidado da festa, já que este estava a estragá-la e não tinha esse direito. Tomo consciência que o locutor de rádio dava a mesma informação que o convidado da festa, dava outra credibilidade à notícia. O sonho, na sua parte final, misturou-se com o som do rádio que já tocava. A notícia estava dada, os meios de comunicação tinham feito o seu papel. Levaram a informação ao mais improvável dos locais.

Não tenho o hábito de glorificar as pessoas após a sua morte, como é hábito dos Portugueses. Mas posso sistematizar as memórias que tenho do percurso do homem, já que pessoalmente não o conheci e, por isso, não posso comentar. Não vivi nem acompanhei a sua vida política no PSD nem a sua vida académica. Muito menos posso avaliar as suas capacidades de jurista nem o papel que teve no Tribunal de Contas. Não li nenhuma das 300 obras que publicou.

Acompanhei a sua vida política mais recente. Acho que teve um papel fulcral na primeira legislatura de António Guterres. Era a sua face mais visível e contribuíu para um bom Governo (bem melhor que a segunda parte da Governação Guterres já atolado nos seus pântanos políticos). Já comentei algumas vezes o seu papel para a entrada de Portugal na moeda única, depois de uma herança não menos pesada que a actual. Fê-lo sem sobressaltos e com uma seneridade que devia ter servido de lição a este Governo. A maneira como aproximou o défice e a dívida pública aos critérios de convergência foi espantosa mas com métodos nem sempre claros (recordo a polémica do desvio de fundos das privatizações para esse objectivo). Não foi nem o pai, nem o avô e muito menos o periquito do défice. Foi o ministro certo na altura certa.

Tenho a convicção que a sua irreverência ia servir bem a Europa. Mas, na campanha eleitoral, deixou-se envolver na troca de insultos quando devia ter mantido o seu papel pedagógico. Não iniciou as hostilidades mas depressa deixou de falar da Europa para responder aos insultos (com outra dignidade, é certo). Talvez esteja a ser injusto porque a Comunicação Social não se importa com as ideias, mas com as tricas políticas (mas um político experiente sabe isso). Não é só a política que está em crise, a Comunicação Social faz um filtro das notícias com critérios de espectacularidade. De qualquer forma estava a efectuar uma campanha esforçada e com a dignidade que sempre o acompanhou.

Resta-me agora conhecê-lo, um dia destes, nos meus sonhos. Agora convém voltar a pensar nos assuntos europeus, porque a vida não pára. The show must go on.

terça-feira, junho 08, 2004

(76) A Europa do Futuro

As ideias escasseiam na campanha eleitoral para as Eleições Europeias que vão-se realizar a 13 de Junho. Mas os Blogs também existem para tentarem compensar esse défice de discussão na vida política actual.

Vou introduzir uma ideia, não original, que representa um dos possíveis passos que a União Europeia pode dar. Discute-se cada vez mais a urgência de reforçar o papel corrector da União face aos novos passos de Integração Económica. Todos os alargamentos, ao longo da história da União Europeia, causaram impactos temporários negativos (mas que eventualmente podem provocar ciclos viciosos). As assimetrias regionais e sectoriais, a migração da força de trabalho e a má distribuição do rendimento são efeitos previsíveis de qualquer alargamento. Agravados com o ponto de partida dos novos aderentes.

Estes efeitos têm sido (quase sempre eficazmente) combatidos com Políticas Sociais e Regionais. Têm o inconveniente de representarem custos no curto prazo mas com bons resultados no médio prazo. Custos esses que ninguém quer suportar e que vão trazer custos acrescidos no futuro. O Orçamento Europeu vai manter-se nos seus valores actuais apesar de entrarem dez países. Esta falta de solidariedade financeira vai provocar distorções na coesão económica e social, e vai dificultar a necessária convergência.

Eu não proponho só o reforço essencial do Orçamento Europeu. Vou mais longe. Proponho uma ideia que já tem sido discutida na União Europeia, o Federalismo Orçamental. Um amplo orçamento central serve de garantia para o caso de choques específicos ou assimétricos. Era necessário transferir poderes no plano orçamental e fiscal para uma instituição supranacional (o “Governo Europeu”). Permite a adopção dum “policy mix” óptimo à escala europeia. Isto permitiria “reinventar a Europa” e seria um passo gigantesco para o fortalecimento da Europa. Sei que é dificilmente implementável no curto prazo e não é consensual (o Mercado Único e o Euro também não eram) mas seria o passo lógico a dar para permitir que este continente ganhe importância no Mundo. Era a União Política tão ambicionada mas que deve ser feita com respeito pelas diferenças culturais que fazem a força da Europa!

choques específicos ou assimétricos - crises localizadas em determinados países ou regiões que não são gerais ou que têm efeitos maiores em certos países ou regiões.

“policy mix” – coordenação de várias políticas, nomeadamente a fiscal com a monetária. Retira o problema de haver um desfazamento entre a Política Monetária Europeia e as Políticas Orçamentais Nacionais.

(75) A Europa do Futebol

“- O facto de na campanha para as Eleições Europeias se passar o tempo a utilizar linguagem futebolística... levanta-me uma dúvida.
- Uma dúvida?!
- Será que, em compensação, no Euro 2004 se vão debater ideias e propostas para a Europa?”

Luís Afonso, Bartoon, Público 04 de Junho

Que campanha eleitoral atípica... ou talvez não! Um partido não tem ideias sobre a Europa (ou se tem não as pode divulgar) e preocupa-se em insultar os candidatos. Outros dois partidos, de referência para a nossa Democracia, estão de acordo nos assuntos Europeus e preocupam-se em atribuir as culpas do estado actual de Portugal um ao outro (num tom por vezes excessivo). A esquerda ocupa-se com a política nacional. A nova direita (ou centro ou esquerda) preocupa-se em avisar que o líder mudou de partido. E assim vai Portugal!

Depois, tantos cartões amarelos e vermelhos, tantos cachecóis e objectos futebolísticos, só podem significar que as ideias escasseiam...

Os candidatos são cinzentos... um ex-dirigente de vários partidos ora colado ao PS ora crítico, um ex-comissário que, em tempos, era considerado o pior Comissário de sempre, e por aí fora... Ideias originais sobre a evolução futura da União Europeia, igual a zero!

E a Europa é tão importante. Já modificou as nossas vidas de maneira profunda. O Mercado Único, o Euro, a União Económica e Monetária... estamos radicalmente diferentes. E novos desafios aproximam-se. Vamos começar a levar a União Europeia a sério. O nosso futuro depende em muito, e cada vez mais, dela.

segunda-feira, junho 07, 2004

(74) Porto e o Euro 2004

Antes do Euro 2004 pode-se fazer um balanço do que vai perdurar na cidade do Porto após o evento terminar. Há aspectos positivos e negativos que têm de ser realçados.

O actual Presidente da Câmara do Porto já é conhecido pelos seus fundamentalismos. Mas esse fundamentalismo também tem um reverso da medalha que beneficia a cidade. As obras foram bem planeadas e os prazos e orçamentos cumpridos. Aqui fica um corte radical com o evento anterior, o “Porto, Capital Europeia da Cultura 2001”. O planeameno e execução das obras (insuficientes mas importantes) pareceu-me ter outro nível de exigência e qualidade.

Os acessos ao Estádio do Dragão ficaram prontos atempadamente (o projecto foi herdado e parece-me que tinha bastante qualidade) apesar dos sobressaltos iniciais. O Viaduto das Andresas vem encerrar um ciclo de obras no Porto (falta apenas a calamitosa Rotunda da Boavista) que estão mais viradas para a cidade do Porto no futuro e não apenas para a realização do evento. Isso é de louvar! Serve o Bessa mas também foi feita uma intervenção mais ampla na Via de Cintura Interna.

O Metro, e seus prazos de execução, adaptaram-se bem ao evento e a prioridade foi dada à ligação com o estádio do Dragão via Trindade e Bolhão. Fica por fazer a ligação ao AeroPorto e a Campanhã, falhas gigantescas de planeamento. Estas novas estações são subterrâneas (com excepção da última) e são essenciais para a melhoria da qualidade de vida no Porto.

Mas o Euro 2004 foi uma oportunidade perdida a nível nacional e o Porto não é excepção. Faltam outras intervenções de fundo, não de cosmética, nos Hospitais, no Aeroporto, nos acessos ferroviários e nas estruturas culturais da cidade. É deprimente que o Aeroporto já esteja em obras há tantos anos, que não haja manutenção dos espaços públicos e do património da cidade, que não haja dinamismo cultural na cidade.

O Porto é uma cidade lindíssima, podia potencialmente ter tantos turistas como a Catalunha ou até Lisboa. Mas não! As praças não têm animação, as ruas estão sempre desertas, a hotelaria não tem a qualidade necessária, a promoção turística é quase amadora. Como compreender que se deixe o Porto definhar na sua vitalidade não criando espaços públicos de qualidade e condições para a proliferação de comércio de qualidade? Como compreender o divórcio crescente da cidade com a Ribeira? Aqui está a “face lunar” (como tão bem canta Rui Veloso) do fundamentalismo economicista que sopra no nosso país. É preciso sentir o Porto, perceber o seu ritmo, ouvir os seus apelos para pô-lo a mexer. Não basta contar os tostões (que nisso Rui Rio tem sido bem mais brilhante que Manuela Ferreira Leite), é preciso pensar as cidades como espaços que visam proporcionar bem estar, animação, qualidade de vida. Espreitem Barcelona e vejam como tudo é conciliável. A qualidade urbanística e o pulsar de vida dão as mãos e criam um efeito “bola de neve” que a todos arrasta, cidadãos e comerciantes. Disse!

domingo, junho 06, 2004

(73) Grão de Areia no Universo (2): Ronald Reagan

Não vou alongar-me muito nos comentários sobre a vida e morte de Ronald Reagan até porque a minha memória do trajecto de vida dele não é consensual e é muito incompleta.

Como actor nada posso comentar porque não acompanhei essa sua faceta. Como político não nego a importância do seu papel mas não deixou de ser isso mesmo, um papel. Mais um na sua vida.

Sobre o ex-Governador da Califórnia pouco sei. Sobre a sua Presidência deixo aqui umas pequenas notas. A ideia que tenho dele como Presidente dos EUA é que fundou uma nova maneira de fazer política. O Presidente não tem de ter um vasto conhecimento dos dossiers (a ideia que tenho é que estava muito impreparado na maioria deles) mas deve ser capaz de criar uma empatia entre os objectivos da sua Administração e a população que o elegeu. A imagem veiculada através duma hábil manipulação dos media garantia isso.

Como notas positivas deixo o seu papel no fim da Cortina de Ferro mas acho que ele não foi mais que a cara do trabalho que a sua Administração fazia e que ele não se envolvia. Acredito mesmo que em muitos assuntos desconhecia com o mínimo rigor o que defendia tal era a sua impreparação intelectual de várias pastas. Mas não confundir impreparação com ignorância nem com estupidez para poder colocá-lo noutro patamar do actual Presidente dos EUA. A principal face negra da sua Administração, e também aqui coloco as minhas reservas quanto ao seu directo envolvimento, foi a venda de armas ao Irão.

De qualquer maneira, pareceu-me o Presidente certo para aquele momento, tanto para os EUA como para o Mundo. E criou uma nova geração de políticos que nele inspiraram-se. Sabem lidar com os Media num Mundo cada vez mais Global mas cada vez mais são mais inconsequentes nas suas políticas. Que saudades tenho doutra geração de políticos, que mudavam as sociedades por dentro e não preocupavam-se apenas em retocar-lhe a maquilhagem.

(72) Integração Económica

A Integração Económica Europeia (na sua forma actual de União Europeia – UE) tem trazido vantagens inegáveis aos seus Estados Membros. Não só económicas e sociais mas também tem sido uma garantia de estabilidade nas já seculares tensões entre os diferentes países Europeus.

Mas as Integrações Económicas não são só rosas. Podem provocar Concorrência Imperfeita (o equilíbrio de mercado não corresponde ao óptimo social), um Impacto Espacial muito diferentes e efeitos distributivos inaceitáveis.

A UE tem respondido a essas desvantagens (naturais) da Integração Económica. Com políticas de Concorrência, políticas Regionais e excepções à harmonização legislativa. Mas agora urge derrubar mais barreiras porque estas políticas exigem ainda mais Integração Económica e mais solidariedade dos países membros. É aqui que a UE está a ruir.

Há resistência à agilização das Instituições, à Constituição Europeia e a um Orçamento Comunitário forte. Qualquer reforço do financiamento e qualquer perda de soberania traz custos políticos e quanto mais complexa a Integração Económica mais custos políticos existem. O nosso desafio está em encontrar soluções para continuar a beneficiar da UE.

Estejam atentos! Todos nós vamos eleger os nossos deputados europeus, todos nós temos direitos de cidadania (como cidadãos Portugueses e Europeus), todos nós temos influência. Vamos usar a nossa influência para deixar um Mundo melhor aos nossos filhos. Disse!

sábado, junho 05, 2004

(71) Quotas para homens em Medicina

O presidente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar disse que seria necessário vir a incentivar um sistema de quotas masculinas para os cursos de Medicina. Acrescenta que, por razões biológicas, as mulheres causam problemas aos serviços de medicina, pois engravidam e, por esses motivo, têm limitações no desempenho das funções.

O Ministro da Saúde, Luis Filipe Pereira, apoiou as posições do Presidente do Instituto Abel Salazar, de que "as responsabilidades das mulheres em termos domésticos, em termos de vida familiar, tornam as mulheres menos disponíveis para uma profissão que requer 24/24 horas, no que diz respeito a cuidados que são inadiáveis".

Nunca fui a favor de quotas. Apenas admito a sua existência em situações excepcionais e de transição. Mas o que é aqui defendido é definitivo, porque a condição feminina não se vai alterar, espero eu. Resta-me pedir aos OVNI´s que fazem a logística a estes ET´s (ver Post anterior) para aproveitarem uma dessas viagens para fazerem um upgrade ao nosso Ministro da Saúde. Até porque parece-me que este ET estava especializado na Terra do século XIX. Disse!

sexta-feira, junho 04, 2004

(70) OVNI em Portugal... Eles (já) estão entre nós!

Os factos são claros! No dia 1 de Junho dezenas de pessoas, a Força Aérea Portuguesa e os Bombeiros do Aeroporto de Lisboa detectaram um Objecto Voador Não Identificado (OVNI). Tal fenómeno não ficou isolado à nossa capital, foi também observado pelas insuspeitas pessoas sérias e pragmáticas do Porto, Faro e até Vendas Novas.

Há muito tempo que os ExtraTerrestres (ET´s) têm planos para conquistar Portugal. É óbvio que o nosso país é ideal para catalizar uma conquista mundial. Por isso consultei a Associação de Pesquisa OVNI (http://www.apovni.org/) para mais dados sobre a Invasão dos homenzinhos verdes.

Descobri que as vacas têm sido um alvo preferencial dos ET´s. Este nobre animal é geralmente atacado e mutilado na boca mas não têm sido raros os casos em que é atacada nas nádegas. Estou mesmo a falar das vacas domésticas.

Descobri também que não é raro avistar Objectos Submarinos Não Idenditificados (OSNI´s) em forma de tubarões metálicos voadores. E, acrescento, há uma nova espécie de ET´s, os hOmens Toupeira deMagogos Iluminados, mais conhecidos por OTMI. Abundam nas Câmaras Municipais, aspiram à Presidência da República e só querem construir Elefantes Brancos e túneis em direcção ao centro da Terra.

Eu acho estas teorias todas desactualizadas no contexto actual. Eles já estão entre nós! O que se passa não é mais que operações de logística para os ET´s já instalados entre nós. No mês passado vieram substituir a dentadura de Paulo Portas para permitir um sorriso Colgate em tempo de eleições, altura ideal para começar a ter influência no poder. A semana passada vieram substituir o cérebro de Durão Barroso porque as suas “Zandinguices” punham em causa um plano duradouro de conquista do país.

No dia 1 de Junho houve uma grande operação de logística porque era necessário fazer um upgrade temporário na totalidade dos dirigentes do PP. Ideias anti-Europa e anti-Imigração não são indicadas pelo conselho Marciano para a conquista do Mundo em tempo de Eleições Europeias. Uma operação desta envergadura era arriscada e tinha de ser vista em todo o país.

Tomem cuidado, estejam preparados! Prevê-se nova operação após o dia 13 de Junho para repor as mentes brilhantes destes dirigentes em padrões de normalidade para poderem continuar o meritório trabalho de estupidificação nacional. Eles (já) estão entre nós!

quinta-feira, junho 03, 2004

(69) Páginas Soltas (2): O Velho que lia Romances de Amor – Luis Sepúlveda

“Não sejas vaidoso, Antonio José Bolívar. Lembra-te de que não és um caçador, porque tu mesmo recusaste sempre esse qualificativo, e os felinos seguem o verdadeiro caçador, o cheiro a medo e a pau feito que os caçadores emanam. Tu não és um caçador.”

É a minha primeira incursão na literatura de Luis Sepúlveda. Encantado? Não! Rendido? Não! Mas com a sensação que fiz uma caçada. Não sou caçador nem pretendo ser, mas Antonio José Bolívar caça sem ser caçador. Mata mas só quem clama por morrer. Vive para saborear as histórias de amor que não lhe pertencem mas que compreende como ninguém.

Um conto sobre ecologia? Não! Um conto sobre como viver em harmonia com a Natureza, respeitando-a sem limitações e sem nunca a temer. Um velho que lia Romances de Amor, só no meio da floresta com a função de libertar da Natureza todos aqueles, homens ou animais, que já não tenham lugar no seu seio.

Os homens nunca compreendem quando já não estão a desempenhar um papel no mundo e acabam por desequilibrá-lo. Já os animais compreendem quando deixam de ser úteis, e clamam para que o equilíbrio seja restaurado. Mesmo que isso implique deixarem de pertencer a esse mundo. Não é um hino ao suicídio, mas a que cada um encontre o seu lugar... mesmo que esse lugar seja muito distante!

“Uma prosa rápida, quase cinematográfia, com capítulos curtos e parágrafos muito breves, que levam o leitora só largar o livro depois de ter acabado de o ler.”
El País

quarta-feira, junho 02, 2004

(68) As Estrelas

Todos nós, em algum momento da nossa existência, já olhamos para as estrelas. Ao olhar para a quantidade de estrelas que irradiam qualquer tipo de luz ao alcance da nossa visão percebemos o quanto somos pequenos. Não insignificantes, mas pequenos no enquadramento global que é a nossa existência. Temos sempre alguma importância porque acredito que ao interagirmos uns com os outros modificamos tudo. Somos um grão de areia numa imensa praia.

Até o planeta que habitamos é pequeno se pensarmos na dimensão do Universo. A Terra não é o centro da nossa galáxia e com certeza também não é o foco de toda a vida, de todo o pensamento consciente. Se pensarmos bem é irracional pensarmos que, em toda a imensidão do Universo, somos a única espécie com consciência. Há vida extraterrestre de certeza, não necessariamente composta de seres verdes com antenas mas qualquer tipo de existência tem de haver nesta imensidão de espaço. Seria um desperdício imenso de espaço se não houvesse!

Vida extraterrestre, por definição, é toda aquela forma de vida que não nasceu neste planeta. Até em Marte onde existiu ou existe água deve ter havido nem que seja uma bactéria que lá se desenvolveu.

Todos estes pensamentos filosóficos levam inevitavelmente a várias questões. Destaco uma. Será a Terra demasiado pequena para as nossas ambições? Acho que não! Se nós não aproveitamos todas as potencialidades que ela nos oferece porque raio vamos exigir mais? A realidade é que vivemos pouco tempo, arriscamos o mínimo, somos resistentes às mudanças e isso faz-nos sentir bem num sítio tão pequeno como a Terra. Fomos feitos para nunca estarmos plenamente realizados mas, no fundo, não termos vontade de ir demasiado longe. Não queremos ser atingidos pela dolorosa constatação que somos realmente pequenos!

Apesar do risco de sermos confrontados com questões que não queremos formular, devemos mesmo assim alargar os nossos horizontes. Só desse modo podemos perder o medo de experimentar tudo o que o planeta oferece. Não ter receio de nos deslocalizarmos, de experimentar novas culturas, novas pessoas, enfim!, ambientes que não controlamos totalmente para podermos sentir com mais intensidade. Só assim podemos atingir a compreensão mútua e aceitar que as nossas diferenças representam a beleza da vida e não um factor de discórdia. O medo pela diferença faz-nos violentos!

No dia em que aproveitarmos tudo o que este planeta tem para nos oferecer é o dia em que a Terra será realmente pequena. Até lá é um mundo por explorar e compreender! Até lá vai continuar a florescer a incompreensão e a intolerância!

Olhar para as estrelas pode ser a solução dos nossos problemas terrenos. E mesmo que não seja não deixa de ser um festim para os nossos olhos. Disse!

terça-feira, junho 01, 2004

(67) A Sociedade e a Natureza Humana

Às vezes ponho-me a pensar! Mas só às vezes, sublinho! Porque será que criamos tantos mecanismos para nos condicionarmos? As sociedades que fomos organizando ao longo do tempo têm inegáveis vantagens. Ninguém, no seu perfeito juízo, ignora ou contesta a importância da Justiça, da Polícia, do Sistema de Saúde, dos Governos (bem... aqui sou capaz de... ), e por aí fora!

Mas toda esta complexa organização que foi sendo criada parece que tem um objectivo de longo prazo, por mais invisível e discreto que seja. Cada vez mais a sociedade condiciona a Natureza Humana, os nossos instintos mais primários e básicos. Será que nós próprios, como espécie, não confiamos nos nossos próprios instintos?

Uma criança é fortemente padronizada pelas nossas fábricas de educação e aquelas que, por alguma razão, não assimilaram as regras padrão de bom condicionamento têm locais especiais de reeducação. Refiro-me aos reformatórios, às prisões ou até aos colégios privados (se a sua família tiver a tradição de bom comportamento social).

No fundo, estamos todos socializados e condicionados. A história, porém, parece proteger quem clama pelo nosso crescente condicionamento social já que o homem tem provado que é auto destrutivo. Mas daqui a uns anos nem podemos mijar como homens contra a parede!!! Ooooppppssss, acabam de informar-me que também já é crime. Vou obedecer, estou bem condicionado!