Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quarta-feira, agosto 31, 2005

543. Sala de Cinema: Charlie and the Chocolate Factory




Realizador: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Freddie Highmore, Helena Bonham Carter, Christopher Lee, Deep Roy

Tim Burton está numa nova fase da sua carreira, certamente influenciada por uma nova etapa da sua vida pessoal (paternidade). Há uma abordagem diferente na escolha e execução dos projectos e uma nova perspectiva da família. Diria que os seus filmes eram muito negros com umas pinceladelas de cor. Esta nova fase é mais “colorida”, como eu a chamo, mas continua a ter elementos pouco convencionais, personagens problemáticas e cenários distorcidos. Mas esses elementos deixaram de ocupar quase todo o espaço do filme para serem uma pequena parte dum mundo mais acolhedor. Já em Big Fish a família tinha ganho o papel central de todo o filme. A família é agora vista como o último dos objectivos, leia-se, encontrar essa difícil harmonia familiar.

Em Charlie and the Chocolate Factory há um conflito entre esses dois mundos de Burton. Por um lado, uma família pobre mas em harmonia (diria que a harmonia é quase republicana mas a fazer lembrar Dickens), e por outro lado, há o infeliz mundo de Willy Wonka (Johnny Depp), que representa o antigo mundo de Tim Burton, leia-se, um mundo solitário e negro. Mas, noutros tempos, a escuridão nunca daria lugar à luz e Willy continuaria desadaptado do mundo “normal” até porque esse mundo sempre foi desprezado por Burton (veja-se o destino da personagem de Depp em Edward Scissorhands). Mas agora tudo mudou no universo de Burton...

Para pior? Não! O espírito criativo continua lá, a imagem de marca não desapareceu e o entusiasmo para criar visões diferentes do mundo também não. Por isso vale a pena ver este filme porque, acima de tudo, não é um enlatado de Hollywood nem a criatividade de Burton está formatada.

Uma nota final para Johnny Depp porque este está fenomenal (como sempre) nesta mistura de Michael Jackson com algumas das suas personagens anteriores (Edward Scissorhands, Ed Wood e até Jack Sparrow). É uma boa notícia saber que ainda há actores que arriscam! Fico a aguardar o próximo de Tim Burton ao estilo de Nightmare Before Christmas, Corpse Bride.

Síntese da Opinião: A não perder! Até porque não é todos os dias que assistimos a 2001 – A Space Odyssey, versão Tim Burton!

terça-feira, agosto 30, 2005

542. A Mensagem do Socialismo, segundo George Orwell (4)




“Voltando a mim próprio mais uma vez, aqui estou eu, com as minhas origens de classe média e o meu rendimento de cerca de três libras por semana, por junto. Bem vistas as coisas, mais me vale estar do lado socialista do que transformar-me num fascista. Mas se continuam a atirar-me constantemente à cara a minha ‘ideologia burguesa’, se me dão insidiosamente a entender que, de certo modo, sou uma pessoa inferior porque nunca trabalhei com as mãos, só conseguirão criar antagonismos comigo. Porque o que estão a dizer-me é que sou um completo inútil ou que devia modificar-me de uma maneira que não está ao meu alcance. Não posso proletarizar a minha pronúncia ou certos gostos e convicções que tenho – e não o faria, se pudesse. Em nome de quê? Não peço a ninguém que fale como eu; por que razão me hão-de exigir o contrário? Seria muito melhor aceitar esses insignificantes tiques de classe e valorizá-los o menos possível. São comparáveis a uma diferença de raça, e a experiência demonstra que se pode cooperar com estranhos, mesmo com estranhos que nos desagradam, quando isso for de facto necessário. Sob o ponto de vista económico, estou no mesmo barco que o mineiro, o cavador e o trabalhador rural; se me chamarem a atenção para isso, lutarei a seu lado. Mas, sob o ponto de vista cultural, sou diferente do mineiro, do cavador e do trabalhador rural; acentuem isto e poderão armar-me contra eles. Se eu fosse uma anomalia solitária, isso não teria importância, mas o que se aplica a mim aplica-se a muitíssimos outros. Qualquer empregado bancário ameaçado de despedimento, qualquer lojista á beira da falência, está essencialmente na mesma posição. Fazem parte dos sectores da classe média que se afundam, e a maior parte apega-se à sua linhagem de origem, convencidos de que isso os ajuda a manter-se à tona. Não é boa política começar por lhes recomendar que deitem fora o colete de salvação. Existe o perigo bastante óbvio de, nos próximos anos, amplos sectores da classe média darem uma guinada súbita e violenta para a direita. Quando o fizerem, podem adquirir uma força formidável. Até agora, a fraqueza da classe média devia-se ao facto de nunca ter aprendido a unir-se; mas se a assustarmos ao ponto de se unir contra nós, podemos concluir que pusemos o diabo à solta. A greve geral deixa-nos entrever num breve relance essa possibilidade.

Em resumo: só há hipóteses de endireitar as condições que descrevi nos primeiros capítulos deste livro, ou de salvar a Inglaterra do fascismo, se criarmos um partido socialista eficaz. Terá de ser um partido com intenções genuinamente revolucionárias e terá de ser suficientemente forte, do ponto de vista numérico, para actuar. Só podemos criá-lo se propusermos um objectivo que as pessoas mais comuns reconheçam como desejável. Por conseguinte, para lá de tudo o resto, precisamos de propaganda inteligente. Menos sobre ‘consciência de classe’, ‘expropriação dos expropriadores’, ‘ideologia burguesa’ e ‘solidariedade proletária’, já para não falar da santíssima trindade – tese, antítese e síntese; e mais sobre justiça, liberdade e as dificuldades dos desempregados. E menos sobre progresso mecânico, tractores, a barragem do Dnieper e a mais recente fábrica de enlatados de salmão de Moscovo; esse tipo de coisas não é parte integrante da doutrina socialista e afasta muitas pessoas necessárias à causa socialista, incluindo quase todos os que sabem escrever. Só é preciso fazer compreender á consciência pública duas coisas: uma, que os interesses de todos os explorados são os mesmos; outra, que o socialismo é compatível com a mais vulgar decência.

Quanto à questão das diferenças de classe, terrivelmente difícil, a única política possível, de momento, é ter calma e não afastar mais gente do que o necessário. E sobretudo, acabar com esses esforços de sacristão brutamontes para acabar com a divisão de classes. Se pertencer à burguesia, não tenha pressa de se atirar para a frente a abraçar os seus irmãos proletários; eles podem não gostar, e, se o manifestarem, o mais certo é você descobrir que os seus próprios preconceitos de classe não estão tão mortos como imaginava. E se pertence ao proletariado, por nascimento ou aos olhos de Deus, evite troçar mecanicamente da velha gravata com o emblema da escola; ela dissimula lealdades que lhe podem ser úteis, se souber explorá-las.

Apesar de tudo, creio que há esperança de que, quando o socialismo se tornar uma coisa viva, uma coisa capaz de interessar de facto a grande número de compatriotas, o empecilho das classes possa resolver-se mais depressa do que parece hoje imaginável. Nos próximos anos, conseguiremos esse partido socialista eficaz de que precisamos, ou não. Se não, teremos o fascismo; provavelmente uma forma ligeiramente anglicizada de fascismo, com polícias cultos em vez de gorilas nazis e o leão e o unicórnio em vez da suástica. Mas se o conseguirmos, haverá uma luta, possivelmente física, porque a nossa plutocracia não se deixará ficar quieta sob um governo de facto revolucionário. E quando as classes extremamente separadas que por certo estarão representadas em qualquer partido socialista tiverem lutado lado a lado, poderão considerar-se mutuamente de maneira diferente. Nessa altura, talvez este flagelo do preconceito de classe se atenue e nós, os da classe média que se afunda – o mestre-escola, o jornalista independente quase morto de fome, a filha solteirona do coronel com 75 libras anuais, o desempregado com um ‘canudo’ de Cambridge, o oficial de marinha sem barco, os empregados de escritório, os funcionários públicos, os caixeiros-viajantes e os negociantes de panos três vezes falidos das cidades de província -, talvez possamos mergulhar, sem mais lutas, no seio da classe operária a que pertencemos, e talvez, quando lá chegarmos, não seja tão terrível como temíamos porque, no fim de contas, não temos nada a perder a não ser os nossos h aspirados.”


O Caminho para Wigan Pier – George Orwell

segunda-feira, agosto 29, 2005

541. Hollywood: A Tale of Deceives




Hoje vou destacar a primeira curta metragem de Miguel Lourenço Pereira, autor do (excelente) blogue sobre a Sétima Arte Hollywood. Um trabalho (ainda) amador mas que merece o visionamento. Podem obter mais informações sobre a curta ou fazer o download da mesma a partir daqui!

Miguel, desejo que os teus projectos não se esgotem aqui e espero que continues a evoluir. E, entretanto, continua a dar-nos notícias (e a tua opinião) sobre a Sétima Arte...

domingo, agosto 28, 2005

540. Sala de Cinema: War of the Worlds



Realizador: Steven Spielberg
Elenco: Tom Cruise, Dakota Fanning, Justin Chatwin, Miranda Otto, Tim Robbins

Parece que alguém resolveu lidar com o tema do 11 de Setembro nos Estados Unidos da América e misturá-lo com uma invasão de extraterrestres. O resultado só podia ser desequilibrado.

Este filme de Steven Spielberg tem uma primeira hora de película bastante razoável ao conseguir criar um paralelismo no pânico dos habitantes de Nova Iorque perante uma invasão alienígena com o medo que foi vivido no dia 11 de Setembro. As roupas voavam pela cidade, as ruas enchiam-se de poeira (e cinzas) e os americanos fugiam dum acontecimento que ainda não compreendiam. No meio deste acontecimento, Spielberg conseguia explorar as relações familiares disfuncionais entre a personagem de Tom Cruise (divorciado) e os seus dois filhos com relativa mestria. O comportamento humano (ou desumano) perante a tragédia também estava, nesta fase, a ser bem explorado, mostrando a face negra do homem ao tentar sobreviver a todo o custo.

Mas este equilíbrio inicial que o filme teve desmontou-se como um castelo de cartas perante uma brisa. Era impossível levar esta história a bom porto porque esta era por demais ambiciosa para conseguir obter um resultado credível. É que o terrorismo não é uma luta entre o branco e o preto nem é resolúvel num piscar de olhos. O filme aposta em simplificar os acontecimentos de tal forma que não deixa espaço para a complexidade dum medo duradouro, com causas que vão muito além da luta entre o bem e o mal. Por isso a fase final do filme, para além de ser má, estraga o impacto da fase inicial. O filme tornou-se caricatural. Um amigo meu costuma dizer que Spielberg não devia tentar retratar a realidade porque não está talhado para isso (veja-se o inarrável Terminal) e não podia concordar mais com ele. É pena porque a carreira de Spielberg parecia ganhar novo fôlego com Minority Report e Catch Me If You Can.

Divido então o filme em dois períodos. O primeiro estende-se até Ray Ferrier (Tom Cruise) encontrar a personagem de Tim Robbins. Até aí o tema do terrorismo domina o filme, o “herói” é apenas um homem assustado e desadaptado do meio, as reacções das pessoas parecem credíveis. Num segundo período o medo desaparece, as pessoas transformam-se em “heróis de acção”, o relacionamento da família deixa de ter sentido (alguém percebeu a utilidade do filho de Ray Ferrier desaparecer no meio da batalha para poder ver umas explosões? Que mensagem passou? Que consequências teve para a história para além das instrumentais, isto é, arranjar uma forma de colocar Cruise sozinho com a filha?) e o filme perde-se na filosofia dos germes e da selecção natural.

Síntese da Opinião: Não há nada a apontar tecnicamente ao filme (muito pelo contrário) mas a história torna-se tão banal (e desequilibrada) que estraga o arranque positivo do filme!

sábado, agosto 27, 2005

539. Álbum de Fotos: Casa da Música (Porto) (3)








* Tópicos Relacionados:
455. Álbum de Fotos: Casa da Música (Porto)
456. Álbum de Fotos: Casa da Música (Porto) (2)

538. Cidade Surpreendente: Barcos Rabelos

Visionamento Recomendado: "Arquitectura do Rabelo" no "A Cidade Surpreendente"! Este post é uma surpreendente homenagem aos mestres que fazem os Barcos Rabelos.

quinta-feira, agosto 25, 2005

537. Questões do passado? Ou ... questões do presente, segundo George Orwell (3)




“Dito isto, cabe perguntar: mas então o socialismo? Será escusado salientar que, neste momento, estamos num impasse perigoso, tão perigoso que até as pessoas mais insensíveis dificilmente o podem ignorar. Vivemos num mundo em que ninguém é livre, em que quase ninguém está seguro, em que é quase impossível ser honesto e continuar vivo. Para vastos sectores da classe operária, as condições de vida são como as que descrevi nos primeiros capítulos deste livro, e não há hipótese de essas condições sofrerem qualquer melhoria fundamental. O melhor que pode acontecer à classe operária inglesa é uma diminuição ocasional e temporária do desemprego quando esta ou aquela indústria for estimulada artificialmente – pelo rearmamento, por exemplo. Mesmo as classes médias, pela primeira vez na história, sentem-se afectadas. Ainda não passam realmente fome, mas são cada vez em maior número os que se vêem envolvidos numa espécie de rede mortal de frustrações em que se torna mais e mais difícil convencerem-se de que são felizes, activos e úteis. Até os felizardos lá de cima, a verdadeira burguesia, tomam periodicamente consciência das misérias cá de baixo e sentem ainda makis receio de um futuro ameaçador. E estamos apenas na fase preliminar, num país ainda enriquecido por saques de séculos. Hoje perfilam-se no horizonte horrores desconhecidos – horrores dos quais, nesta ilha bem abrigada, sempre temos estado afastados.

E entretanto, qualquer pessoa que use a cabeça sabe que o socialismo, como sistema mundial e de aplicação plena, é uma via de saída. Pelo menos garantir-nos-ia o suficiente para comer, mesmo que nos privasse de tudo o resto. Em certo sentido, o socialismo é de um bom senso tão elementar que por vezes me surpreende ainda não ter sido estabelecido. O mundo é uma jangada à deriva no espaço, com provisões bastantes para todos, em princípio; a ideia de que devemos cooperar e velar para que cada um dê a sua quota-parte de trabalho e receba a justa parte das provisões parece tão claramente óbvia que quase se pode dizer que ninguém se lembraria de não a a ceitar, a não ser que haja algum motivo corrupto para se apegar ao sistema actual. Porém, o facto que temos de encarar de frente é que o socialismo não está a afirmar-se. Em vez de progredir, a causa do socialismo sofre visivelmente um retrocesso. Neste momento, os socialistas de quase todo o mundo retiram perante a ofensiva do fascismo e os acontecimentos sucedem-se a uma velocidade terrível.”


O Caminho para Wigan Pier – George Orwell

quarta-feira, agosto 24, 2005

536. Álbum de Fotos: Budapeste (8)

A Praça dos Heróis (primeira fotografia) é um exemplo do orgulho nacional húngaro. O Monumento do Milénio tem uma figura de Ryadwan, o deus da guerra. No topo do monumento central está o Arcanjo Gabriel. Esta praça simboliza o período áureo da monarquia austro-húngara.

A segunda e a terceira fotografia são da Basílica de Santo Estevão, severamente danificada na Segunda Guerra e restaurada a partir de 1980.

Com estas fotografias termino esta série de fotografias que dediquei à minha viagem (os leitores respiram de alívio)!







535. Luta de classes, Intelectuais e ... Revoluções, segundo George Orwell (2)



"Para onde quer que nos viremos, esbarramos nessa maldita diferença de classes como numa parede de pedra. Talvez não seja bem uma parede de pedra, antes o painel de vidro de um aquário; é fácil fingir que não damos por ele, mas é impossível atravessá-lo.

Infelizmente, hoje é moda fingir que se pode atravessar o vidro. Claro que todos sabem que existem preconceitos de classe, mas, ao mesmo tempo, cada um proclama estar imune a eles, não se sabe bem como. O snobismo é um daqueles vícios que todos detectam nos outros, nunca em si próprios. Não apenas o socialista crente e praticante, mas todos os 'intelectuais' se consideram fora dos parâmetros de classe; ao contrário do vizinho do lado, cada um deles entende perfeitamente o absurdo da riqueza, das posições, dos títulos, etc., etc. 'Não sou um snobe' é hoje uma espécie de credo universal. Quem não troçou da Câmara dos Lordes, das patentes militares, da Família Real, das escolas finas, dos aristocratas que vão à caça, das velhinhas das residenciais de Cheltenham, dos horrores da sociedade 'de província' e da hierarquia social em geral? Tornou-se um gesto automático. Nota-se em particular nos romances. Qualquer romancista de pretensões sérias adopta uma atitude irónica em relação às suas personagens de classe superior. Quando tem de colocar uma pessoa claramente de classe superior - um duque, um barão ou coisa do género - numa das suas histórias, ridiculariza-o de forma mais ou menos instintiva. Uma causa a contribuir bastante para esse facto é a actual pobreza do discurso da classe superior. A maneira como as pessoas 'bem educadas' falam é tão destituída de vida e incaracterística que os romancistas nada podem fazer a esse respeito. A forma mais fácil de a tornar divertida é dar-lhe uma aparência grotesca, o que equivale a partir do princípio de que qualquer pessoa que pertença a essa classe é uma perfeita cavalgadura. Todos os romancistas recorrem a este truque, que por fim se torna quase um acto reflexo.

Entretanto, todos sabemos, bem lá no fundo, que estamos perante uma falsidade. Todos nos indignamos com as distinções de classe, mas são muito poucos os que de facto querem acabar com elas. Aqui chegamos a um facto importante: muitas das opiniões revolucionárias retiram a sua força da convicção secreta de que nada pode ser mudado."


O Caminho para Wigan Pier – George Orwell

terça-feira, agosto 23, 2005

534. Álbum de Fotos: Budapeste (7)

Városliget (Parque da Cidade) já foi, em tempos, uma zona pantanosa posteriormente drenada e arborizada. Pelo relativo estado de descuido que a zona aparenta, parece que há um saudosimo latente nos responsáveis pela sua manutenção. Parece que querem que volte a ser uma zona pantanosa. Não é que a zona esteja em total degradação mas há um evidente descuido.

A primeira fotografia é da Capela Ják que reproduz o portal de uma capela beneditina de 1214 que se encontra na região de Ják. Todas as fotografias pertencem ao complexo do Castelo Vajdahunyad. A segunda e terceira fotografia são do Castelo, localizado em Peste.





533. Álbum de Fotos: Budapeste (6)

A Ilha Margarida situa-se no Danúbio, entre Buda e Peste. É impressionante a forma como esta ilha é utilizada pelos habitantes da cidade. Era um retiro de meditação religiosa e, neste momento, é uma zona arborizada com condições perfeitas para inúmeras pessoas praticarem desporto. Além dos enormes trajectos e espaços naturais para a prática de desporto, ainda contém um número considerável de equipamentos e infra-estruturas desportivas. É um espaço de lazer muito agradável.





domingo, agosto 21, 2005

532. Socialismo, Burguesia e ... maneiras à mesa, segundo George Orwell



“Uma pessoa de classe média adere ao socialismo e talvez até ingresse no Partido Comunista. Que diferença concreta faz isso? Obviamente, vivendo no quadro da sociedade capitalista, tem de continuar a ganhar a vida, e não o podemos censurar se se apegar ao seu estatuto económico burguês. Mas notar-se-à alguma alteração nos seus gostos, nos seus hábitos, na sua maneira de pensar – na sua ‘ideologia’, segundo o jargão comunista? Dar-se-á alguma mudança, excepto passar a votar trabalhista ou, quando possível, comunista? Nota-se que continua a conviver com os da sua classe; sente-se muito mais à vontade com um membro da sua classe que o considera um perigoso ‘comuna’, do que com um membro da classe operária que supostamente concorda com ele; os seus gostos em matéria de alimentação, vinhos, roupas, livros, arte, música, ballet ainda são gostos reconhecidamente burgueses; e o mais significativo é que se casa invariavelmente na sua classe. Veja-se qualquer socialista burguês. Veja-se o camarada X, membro do Partido Comunista da Grã-Bretanha e autor de O Marxismo Explicado aos Bébes. Acontece que o camarada X estudou em Eton. Estaria disposto a morrer nas barricadas, pelo menos em teoria, mas reparem que ainda deixa desabotoado o último botão do colete. Idealiza o proletariado, mas é impressionante verificar até que ponto os seus modos são diferentes dos do proletário. Talvez tenha, por mera provocação, fumado um charuto sem lhe retirar o rótulo, mas ser-lhe-ia quase fisicamente impossível levar à boca bocados de queijo espetados na ponta de uma faca ou manter o chapéu posto dentro de casa, ou até sorver o chá do pires. Talvez as maneiras à mesa não sejam um mau teste de sinceridade. Conheci muitos socialistas burgueses, ouvi-os discursar durante horas contra a sua classe e, no entanto, nunca, mas nunca, encontrei um que tivesse adoptado as maneiras dos proletários à mesa. E contudo, no fim de contas, o que os impede? Por que razão um homem que está convencido de que o proletariado reúne todas as virtudes se dá ao trabalho de comer a sopa sem fazer barulho com a boca? Só pode ser por, bem no íntimo, pensar que as maneiras dos proletários são repulsivas. Assim se vê que ainda continua sob a influência do que aprendeu na infância, quando o ensinaram a odiar, temer e desprezar a classe operária.”

O Caminho para Wigan Pier – George Orwell

sábado, agosto 20, 2005

531. Álbum de Fotos: Esztergom (República da Hungria)

Todas as férias apanham uma Segunda Feira. Parece um dia normal mas geralmente não é para o turista porque tudo fecha nesse dia. Foi a oportunidade ideal de sair de Budapeste e ir à cidade de Esztergom, sede do Arcebispado da Hungria. A viagem foi uma aventura porque, para evitar uma nova passagem pela Eslováquia, tivemos que atravessar o Danúbio numa plataforma que, para não ir literalmente ao sabor da corrente, recebia pequenos toques dum barco que ajustava a sua direcção. Por momentos pensei no que aconteceria se o barco avariasse mas nada como ser optimista.

Em Ezstergom fomos visitar a catedral (na primeira fotografia aproveitava a sombra duma árvore para poder tirar a fotografia uma vez que a temperatura, para não variar, rondava os 40 graus). A segunda e terceira fotografia são da abóbada da catedral, dentro e fora. Para poder ver a cidade àquela altitude tive que subir incontáveis escadas com espaço para uma única pessoa e dois sentidos. No exterior da abóbada havia um pequeno corredor de madeira, estreito e com um aspecto muito frágil. Para dar a volta à abóbada afastei-me do corrimão (que parecia que ia ceder a qualquer momento) e encostei-me à abóbada mas esta também parecia que ia desabar. Pelo menos caía para o seu interior, pensei! Apesar de tudo valeu a pena...






sexta-feira, agosto 19, 2005

530. Álbum de Fotos: Budapeste (5)

Fotografia do Palácio Real, da Fonte Mátyás e de Peste, com a ilha Margarida ao fundo!





529. Álbum de Fotos: Budapeste (4)

Fotografia do Bastião dos Pescadores, no exterior da Igreja Mátyás. As duas últimas fotografias são de algumas das jóias e tesouros expostos no interior da Igreja!

Estas jóias fizeram-me relembrar um incidente que discretamente não tem sido alvo de discussão pública. Como será que vai a investigação sobre o roubo das nossas jóias da coroa? E será que já foram apuradas as responsabilidades de quem deixou as jóias irem para uma exposição no estrangeiro (quando até aqui em Portugal eram raramente expostas) sem garantias de segurança mínimas?







quarta-feira, agosto 17, 2005

528. Álbum de Fotos: Budapeste (3)

Igreja Mátyás. A primeira imagem é uma pintura de János Korognai. Há locais onde o tempo (quase) parece não passar...



terça-feira, agosto 16, 2005

527. Álbum de Fotos: Budapeste (2)

A subir uma escadaria em Buda (primeira fotografia) para poder visitar a Igreja Mátyás (segunda fotografia) e observar, da outra margem do Danúbio, Peste (terceira fotografia).








segunda-feira, agosto 15, 2005

526. Álbum de Fotos: Budapeste

Budapeste é uma cidade que, literalmente, não tem nada a ver com Viena. O primeiro impacto é fenomenal uma vez que Viena não é uma cidade cénica e Budapeste, em qualquer ponto do rio, é um manjar para os olhos.

Depois começamos a observar a realidade das pessoas e do seu dia a dia. E aí tudo é diferente de Viena. Não diria que para pior porque não quero tirar conclusões absolutas. Só posso falar das minhas experiências e gostos, é definitivamente um modo de vida que não me identifico tanto. A cidade é mais desorganizada, menos cuidada e aposta no turismo sexual.

Como já tinha referido cheguei a Budapeste num Sábado à noite e em véspera dum grande prémio de Fórmula 1. O movimento na cidade e nos hotéis era frenético e consegui observar as várias faces de Budapeste.

As fotografias são exemplos da vista sobre o Danúbio. Para ampliar basta clicar nas fotografias.





sábado, agosto 13, 2005

525. Álbum de Fotos: Bratislava

Pequenas distâncias percorridas na Europa representam, muitas vezes, diferenças abissais. Bratislava fica a pouco mais de 60 Km de Viena mas parece que estamos numa realidade completamente diferente. De Bratislava guardo a simpatia das pessoas, envoltas numa pobreza indisfarçável. Há um claro esforço para tornar o centro da cidade agradável em oposição a todo o resto (degradado e em degradação) mas os pontos de atracção desta cidade são por demais reduzidos. Finalmente fez sentido o que ouvi em Praga no ano passado sobre a Eslováquia com os checos a duvidarem que os eslovacos, separados da República Checa, fossem capazes de fazer melhor dado ponto de partida, leia-se, uma sociedade quase toda rural e pobre.

De qualquer forma tive uma tarde agradável a visitar esta cidade e comi uma refeição bastante barata e agradável.





sexta-feira, agosto 12, 2005

524. Página da Candidatura de Rui Rio? Não! Afinal é a página oficial da Câmara do Porto!

Interrompo o regime de férias da política deste blogue (que até Setembro não vai voltar à política, salvo raras excepções) para deixar à análise dos meus caros leitores a página oficial da Câmara Municipal do Porto:

http://www.cm-porto.pt/

Veja-se os artigos em destaque:

Gabinete de Auditoria da Câmara do Porto recebe Certificado de Qualidade

Túnel de Ceuta: Rio propõe que sejam os portuenses a decidir

Rui Rio inaugurou a última artéria de ligação ao Bairro S. João de Deus

IPPAR questiona Obras de Segurança do Bolhão

Agência Internacional de Rating classifica gestão da Câmara como rigorosa e equilibrada

Rui Rio apresentou nova proposta para solução do Túnel de Ceuta

E ainda estas pérolas nas páginas interiores:

Túnel de Ceuta: a síntese de uma história lamentável

Gabinete Inquilino Municipal - Respeitar as pessoas: uma promessa para cumprir.

Gestão autárquica: em três anos a CMP reduziu em 60% a dívida a fornecedores

Rio não trocará a CMP por qualquer cargo governativo

Com a excepção dum artigo (que tem água no bico, leia-se, para o leitor reflectir sobre o "paralisante" IPPAR) pensei, por momentos, que esta era a página da candidatura de Rui Rio à Câmara. Tenho que confessar que foi pura ingenuidade. Já devia estar mais do que habituado a que os recursos públicos sejam usados à vontade do freguês, sem o menor pudor. Já não bastava receber a revista oficial da Câmara (e várias publicações extra com o mesmo tom) a elogiar as proezas financeiras de Rui Rio, agora vejo que o turista que quer visitar a cidade do Porto (as páginas das Câmaras duma cidade são frequentemente utilizadas por turistas) tem que ler a promoção gratuita e exagerada do presidente da autarquia. Eles (os turistas) devem ficar com vontade de importar (ou exportar, conforme a perspectiva) este homem de "qualidade" para as suas Câmaras (a decisão, como no túnel de Ceuta, cabe a si, ilustre portuense)...

Tenho que elogiar Rui Rio num ponto... para quem nada fez de estruturante em quatro anos pelo menos conseguiu abrilhantar uma página virtual com os seus feitos e com as suas eternas discussões com o IPPAR. É mesmo um homem "rigoroso e equilibrado", não acham?

Nota: Não voto no Porto e mesmo que o fizesse não iria votar em nenhum dos candidatos.

Nota 2: Considero, mesmo tendo uma avaliação demolidora do marasmo que foi a gestão de Rui Rio, que o actual Presidente de Câmara foi bem melhor que o seu antecessor Nuno Cardoso já que este deixou de herança um conjunto de contratos que, na minha opinião, foram danosos para a cidade.

quinta-feira, agosto 11, 2005

523. Álbum de Fotos: Viena (10)

Esta igreja (Karlskirche) foi construída por ordem do Imperador Carlos VI que prometeu construir, logo que a epidemia de peste fosse ultrapassada, uma igreja dedicada a S. Carlos Bartolomeu. Há uma mistura de estilos e inspirações nesta igreja barroca, desde a arquitectura greco-romana até à influência oriental.

Com estas duas fotografias (que podem ser ampliadas) encerro o conjunto de fotografias que vou publicar de Viena.



522. Álbum de Fotos: Viena (9)

O Público, na sua edição de ontem, publicou um texto referente a clínicas na Áustria que testavam formas de garantir a pureza da raça durante a ocupação nazi. Essas clínicas "inventavam", à nascença, causas de morte prováveis a bébes que não fossem aptos para viver ou que colocassem em perigo a pureza da raça ariana. Assim, meses após terem nascido, os bébes morriam misteriosamente na clínica ao serem tratados a uma doença inventada à nascença. "O programa de purga genética e racial destinava-se ao extermínio de crianças e adultos com sintomas de deficiências mentais, deformidades físicas ou qualquer outro vestígio que viesse contaminar a pureza da raça ariana." (Público). Até hoje fica por explicar porque é que os cidadãos austríacos aceitaram a ocupação nazi sem resistência...

Palácio e Jardins de Schonbrunn.





quarta-feira, agosto 10, 2005

521. Álbum de Fotos: Viena (8)

Fotografias da Câmara Municipal de Viena (Neues Rathaus). Para ampliar clique na(s) imagem(ns).





terça-feira, agosto 09, 2005

520. Álbum de Fotos: Viena (7)

"Viena, foi a capital de um Império, com todas as riquezas e heranças que isso acarreta, desde o Império Austro-Húngaro, aos amores e desamores de Sissi e às tragédias que conduziram a Europa à I Guerra Mundial e à ainda hoje inexplicável aceitação pacífica da integração no III REICH (?!) (Muitas sombras pairam sobre este episódio, que será digno, por ventura de uma ópera, a exibir no seu fabuloso Teatro da Ópera, que deu e dá música ao mundo.
É uma cidade deslumbrante, bem organizada e habitada por civismo.
Os austríacos, em geral, são pessoas afáveis, excluindo naturalmente os “Aristocratas Vienenses”, que de simpatia não conhecem muito (talvez a costela mais germânica da Áustria).
Os austríacos, gostam de organização, de eficiência e que aprendamos a sua língua, pois têm uma certa relutância em falarem outras línguas, embora dominem o Inglês, por exemplo.
A frieza vienense, é proporcional ao seu civismo e a alegria e vivacidade do resto da Áustria, com as suas tradições ancestrais sempre preservadas e orgulhosamente mostradas, quer em festividades, quer no próprio quotidiano, fazem deste povo, um povo evoluído e bem cultivado ( não por obrigação, mas por gosto, vem desde o berço)."

Anónimo