Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quarta-feira, maio 30, 2007

1173. Futebol Clube do Porto


É muito raro perder tempo a escrever sobre futebol porque prefiro apreciá-lo e não discuti-lo. Muito menos tenho vontade de escrever sobre arbitragem. Mas, como adepto dum clube, o Futebol Clube do Porto, sinto necessidade de escrever umas linhas sobre o que se passa. E o que se passa é, sobre todos os aspectos, reprovável.

Não compreendo, em primeiro lugar, porque é que o clube ou a sociedade desportiva estão tão deficitárias após algumas transferências milionárias. Também não compreendo como é que uma sociedade tão deficitária oferece prémios tão elevados aos seus dirigentes. Compreendo ainda menos porque é que o clube é cada vez mais uma base giratória para jogadores, com ou sem qualidade, que parecem durar cada vez menos tempo no clube. Também não compreendo o que impede a direcção do FCP de colocar a claque na ordem. Depois os seus dirigentes estão cada vez mais embrulhados em questões judiciais seja por suspeitas de aliciamento a árbitros (cujas gravações podem não ser suficientes para garantir uma condenação mas que elucidam uma linha de comportamento que eu reprovo) seja como suspeitos em crimes de participação económica (juntamente com o ex-Presidente da Câmara Nuno Cardoso). Neste contexto aceito muito mal a recandidatura - e reeleição - de Pinto da Costa e ainda mais a falta de coragem de alguns ao não assumirem uma alternativa.

Não estou aqui para discutir qual é o melhor clube, quem é mais favorecido pelas arbitragens e muito menos para entrar em polémicas vazias de conteúdo mas, simplesmente, para mostrar a minha indignação. As polémicas clubísticas dispenso, até porque os telhados de vidro são inúmeros. O que quero é que haja transparência e menos tolerância em relação a certas situações por parte dos sócios e dos cidadãos.

1172. Para a estatística

Eu não fiz greve.

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segunda-feira, maio 28, 2007

1171. 1400 votos garantidos



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1170. Desorientação no Governo?


O Expresso colocou em destaque, na capa do semanário, uma pretensa desorientação no Governo. Não concordo nem com um dos exemplos avançados pelo semanário para demonstrar a tese mas acompanho a percepção que algo não vai bem. Era inevitável que o desgaste provocado por algumas medidas começasse a afectar o Governo e que a Presidência da União Europeia (a visita à Rússia já é um prenúncio da pouca disponibilidade que o Primeiro Ministro vai ter para os assuntos internos) provocasse problemas de coordenação mas acho que o problema é bem mais profundo. Quer se queira quer não o momento chave para perceber esta perda de gás e coordenação no Governo foi o começo da polémica com a licenciatura de José Sócrates. De repente José Sócrates perdeu a iniciativa política, parece estar em mera gestão do que já reformou, deixa a sensação que abdicou da coordenação do executivo e até a convicção e ambição que a sua voz fazia transparecer parece ter desaparecido. O Governo entrou, precocemente, numa fase de mera gestão de danos.

Após três Governos que não saíram da rampa de lançamento era importante que este Governo fosse acima da média e, infelizmente, parece perder gás a uma grande velocidade. Não quero fazer futurologia mas a fase crucial vai ser a pós-Presidência da União Europeia em que uma nova dinâmica tem que ser criada e acredito que uma remodelação ampla já deve estar nos planos do Primeiro Ministro. Mas, infelizmente, mesmo com uma remodelação, julgo que a dinâmica reformadora vai desacelerar e que, a partir da Presidência da UE, as regras dos ciclos eleitorais vão começar a influenciar todas as decisões do executivo.

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1169. Paul Newman


É com nostalgia que leio esta notícia. Mas dou valor a quem sabe "sair de cena" na hora certa. Da minha parte um muito obrigado a Paul Newman pelos momentos inesquecíveis que me fez passar numa sala de cinema.

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domingo, maio 27, 2007

1168. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (27): O sacrifício de Ripley







Alien 3 (1992 - David Fincher) é um regresso às origens, ao tipo de filmes que Ridley Scott idealizou (até Giger voltou a participar na concepção do Alien). É o mais negro dos três filmes mas problemas na produção impediram que o filme rivalize com o de Ridley Scott. Destaco a cena final do filme pelo seu simbolismo. Ellen Ripley (Sigourney Weaver), com uma rainha dentro de si, recusa a promessa de salvação por parte da "companhia" e sacrifica-se para tentar acabar com a espécie que a atormenta (Ripley chega a dizer ao Alien: "You've been in my life so long, I can't remember anything else"). Durante a queda em direcção à fornalha o Alien sai com violência do seu peito e, num gesto quase maternal, Ripley aconchega o recém-nascido e mantém-no junto a si rumo ao inevitável destino final. A forma gentil mas segura como Ripley trata o responsável pela sua morte nos momentos que antecedem a morte de ambos, numa cena de enorme duplicidade que mistura sentimentos de ódio e instintos maternais, é memorável.


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

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sábado, maio 26, 2007

1167. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (26): Ripley armada até aos dentes



Newt: My mommy always said there were no monsters - no real ones - but there are, aren't there?
Ripley: Yes, there are.
Newt: Why do they tell little kids that?
Ripley: Most of the time it's true.

Aliens (1986 - James Cameron) pouco herda de Alien (1979 - Ridley Scott). Se o filme de Ridley Scott é um filme de terror e suspense este, o de James Cameron, é um filme de acção, menos cerebral e complexo. As emoções são simples e as personagens menos ambíguas. Mas não deixa de ser um excelente filme de acção.

Destaco a cena em que Ripley (Sigourney Weaver), reinventada como heroína de acção numa antecâmara do que Cameron faria com Linda Hamilton em T2, arrisca tudo para salvar a menina (Newt - Carrie Henn) que a tinha adoptado como mãe. Armada até aos dentes Ripley entra no covil da Rainha (outra invenção de Cameron, desta vez sem o toque de Giger na construção do aspecto do Alien) e, com uma crueldade que só uma mulher consegue ter com outra mulher, resgata da influência da Rainha Newt, deixando um rastro de destruição imparável. A certa altura Ripley dispara "Get away from her, you bitch!".


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1166. Faz hoje 30 anos que este penteado foi introduzido ao mundo


Afinal foi ontem. Espero que me perdoem pelos Parabéns atrasados.

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1165. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (25): O Alien a sair do peito de Kane







Considero o primeiro Alien (1979 - Ridley Scott) o melhor filme de terror alguma vez feito. É um filme com uma atmosfera bem conseguida e assustadora, com personagens com densidade e ambiguidade e com um argumento criativo e cerebral. Há uma cena que quero destacar e que, da primeira vez que vi, achei arrepiante. Kane (John Hurt), após estar em coma com um Alien na sua primeira fase de gestação colado à face, acorda sem sinal do Alien. Bem disposto reúne-se com os companheiros do cargueiro Nostromo e, com apetite, devora a comida como se comesse por dois. De repente engasga-se e numa espiral de dor contorce-se até que o peito explode e o seu corpo cede repentinamente. Segue-se um silêncio que mostra a consternação na face de todos e, de dentro do seu peito, sai o Alien que contempla o seu mundo novo como se de um bebé se tratasse.

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sexta-feira, maio 25, 2007

1164. Fernando Negrão e Carmona Rodrigues


Quando Marques Mendes retirou a confiança política a Carmona Rodrigues utilizou como critérios: i) a regra de demissão do autarca-arguido; ii) a ingovernabilidade da autarquia, mas nunca colocou em causa, muito pelo contrário, o homem e a prestação do autarca. Depois Carmona Rodrigues fez um finca-pé para sair e agora resolveu ser candidato. Parece que essa atitude mudou a percepção de alguns políticos do PSD sobre o homem e sobre o seu trabalho à frente da autarquia. Fernando Negrão foi mais longe e, em declarações que considero surpreendentes, acusou o ex-autarca de ter ''deixado a autarquia sem liderança durante dois anos'', de ser ''a face'' da ''desgraça do que foi a gestão camarária'' e acrescentou que ''os lisboetas saberão fazer a diferença entre o que aconteceu e o que ser quer que aconteça para a frente''. Eu, por mim, fico atónito com as cambalhotas no discurso político que se sucedem a um ritmo semanal. Pelo menos fiquei a saber que o candidato do PSD acha que o anterior Presidente da Câmara eleito pelo PSD foi uma "desgraça".

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quarta-feira, maio 23, 2007

1163. José Sá Fernandes e a Lei das Finanças Locais


José Sá Fernandes, em entrevista à TVI, considera que António Costa, na sua nova qualidade de candidato a Presidente da Câmara de Lisboa, tem que ser contra a Lei das Finanças Locais. Onde é que eu já ouvi isto?

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1162. Vítor Baía


Não me sentiria bem se deixasse passar em branco o momento em que Vítor Baía, o jogador com mais troféus do mundo, "pendura as luvas". Na condição de adepto do FCP mas também na qualidade de apreciador de (bom) futebol, obrigado.

1161. Bloco versus Liberalismo


Bloco de esquerda
Liberalismo
Casamento O casamento pode ser entre um homem, uma mulher e o estado, entre dois homens e o estado, entre duas mulhesres e o estado ... Mesmo aqueles que não desejam casar-se e vivem juntos estão casados com o estado.
Casamento é um contrato privado. Qualquer entidade da sociedade civil deve poder celebrar os casamentos que entender. A Igreja Católica deverá estar em concorrência com a Opus Gay. A marca de casamento tradicional deve ser reconhecida pela lei.



Divórcio
O Bloco defende alterações a contratos em vigor que violam as expectativas de quem optou por eles de boa fé. Defende que o divórcio unilateral e sem custos para quem o pede deve ser obrigatório para todos os contratos de casamento, medida que os tornaria inconsistentes.
Divórcio unilateral opcional. A escolha deve ser feita no momento da união legal e nunca a meio do casamento. A marca casamento só pode ser utilizada pelos contratos que usem regras de divórcio semelhantes às tradicionais. Uma vez aceites, as regras de divórcio só podem ser mudadas por acordo entre as partes e nunca pelo legislador.





Bloco de esquerda
Liberalismo
Subsídio e privilégios sociais dos casados /unidos

A favor.


Contra
União de facto
Para o Bloco trata-se de mais uma forma de casamento entre duas pessoas que não se querem casar e o estado. Pessoas em união de facto têm uma série de deveres e uma série de direitos que nunca pediram.
Sem valor legal, excepto se puder ser considerada um contrato informal.
Drogas
Para o Bloco, o estado deve impedir o tráfico, é responsável pelas decisões de cada um tomar drogas e está obrigado a construir salas de chuto.
À liberdade de tomar drogas corresponde a responsabilidade pelas consequências.
Adopção
É um direito do adoptante. Tem que ser respeitada a igualdade entre adoptantes.
Os direitos da criança prevalecem sobre o direito à igualdade entre adoptantes. A selecção de adoptantes tem que ser obrigatoriamente discriminatória.
Religião
Os militantes do Bloco de Esquerda gostariam de escolher o Papa e não reconhecem o direito da Igreja Católica se organizar de acordo com os seus próprios valores. São pela igualdade entre homens e mulheres no seio da ICAR.
A liberdade religiosa implica que as organizações religiosaas se possam organizar de acordo com os seus valores. A ICAR tem todo o direito de discriminar de acordo com o sexo naquilo que diz respeito à sua organização interna.
Liberdade de Expressão
Organizações neo-nazis não têm o direito de se manifestar.
O direito à liberdade de expressão é igual para todos.
Aborto
A favor porque a mulher é dona do seu corpo. Ou a favor por razões puramente instrumentais.
Há um conflito de interesses entre a mulher e o feto.
Poligamia
Ainda não é um assunto fracturante, mas podemos prever a posição do bloco: a quinta mulher de um polígamo também deve ter direito à pensão de viuvez.
Problema privado.


No Blasfémias [via Inominável], no seguimento da obsessão dos blogues liberais com o Bloco de Esquerda, surge esta (acrescento que muito bem conseguida) colectânea de posições. Apesar de eu não ser nem liberal nem "bloquista" no entendimento da economia confesso que, nestas questões "sociais", sou próximo de algumas das ideias aqui expostas mas nem todas na mesma coluna. Espero que os liberais não comecem a investigar os meus critérios, que parece que têm que ser coerentes de forma absoluta (na mesma lógica do agente racional da teoria económica), e que nem os "bloquistas" comecem a desconfiar da minha humanidade por partilhar alguns pontos de vista liberais. Por fim, e como nota de rodapé sobre estes quadros, duvido que, mesmo entre "bloquistas" e liberais, haja consenso nestas posições porque há sempre várias sensibilidades (por exemplo, os mais e menos conservadores).

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terça-feira, maio 22, 2007

1160. Baixas Fraudulentas

O número das baixas fraudulentas com que me deparei nesta notícia, referente aos primeiros quatro meses do ano, deixaram-me, confesso, atónito. Das 60 mil baixas que foram objecto de Junta Médica, foram detectadas 15 mil baixas fraudulentas só nos primeiros quatro meses do ano. Sou, assim, obrigado a concluir que a atitude cívica de muitos portugueses deixa muito a desejar e não quero lançar no limbo do esquecimento a conivência de muitos médicos para a perpetuação desta situação. Assim fica difícil criar condições para uma fiscalidade e redistribuição mais justa. Da mesma forma que exijo dos políticos um maior respeito pelos compromissos que assumem, não posso deixar de sublinhar que a atitude cívica de muitos portugueses também tem que mudar, até porque este tipo de atitude é uma clara apropriação de recursos alheios.

1159. Carmona Rodrigues


Ainda não está confirmada a candidatura de Carmona Rodrigues à Câmara Municipal de Lisboa mas essa opção está a ser equacionada. É evidente que tem excelentes hipóteses porque, inacreditavelmente, os portugueses adoram os Zés Marias, ou melhor, nada como ter a aura de vítima neste país. Se juntarmos a isso a ideia que o discurso anti-partidos é cada vez mais popular em Portugal acho que Carmona Rodrigues, pelo seu discurso dúbio neste campo, pode ter uma excelente votação. Utilizando as palavras do Fernando, considero que este tipo de independente é totalmente dispensável para o país mas o cidadão que vota é soberano. Não contem comigo para apelar às assinaturas deste candidato tão só com o propósito de enfraquecer a votação dum partido.

A confirmar-se esta candidatura prevejo, num raciocínio nada complexo, como consequências mais imediatas: i) uma descida considerável nas intenções de voto de Fernando Negrão; ii) uma dificuldade acrescida, porque Helena Roseta também concorre, para encontrar soluções de governabilidade no pós-eleições; iii) as eleições transformadas num referendo ao contributo dos partidos na Democracia. Sobre este terceiro ponto, dada a performance dos principais partidos na última década, não me espanta se ainda muita tinta correr à custa da descredibilização dos partidos em Portugal.

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segunda-feira, maio 21, 2007

1158. Doação de Sangue por Homossexuais (2)

Ainda sobre esta discussão surreal que foquei aqui quero reproduzir este comentário que foi transcrito pelo Max e que mostra bem o nível a que esta discussão já chegou: "Como alguém dizia no Blasfémias, se o homossexual for virgem, não há problema.". Não há outra palavra para definir esta discussão que não a palavra surreal.

1157. O que nunca farei...

... nunca hei-de assinar ou apelar às assinaturas para uma candidatura que não tenho a mínima intenção de apoiar com o voto expresso tão só para ajudar que um partido com que não me revejo fique em dificuldade.

... nunca hei-de assinar ou apelar às assinaturas para que, por exemplo, Carmona Rodrigues consiga candidatar-se à Câmara Municipal de Lisboa tão só com o objectivo de fragmentar os votos da direita.

O que faço, e vou fazer, é apelar ao voto em Helena Roseta, apesar de não votar em Lisboa, porque considero que é a melhor candidata para Lisboa e para o país, neste contexto específico.

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1156. Campeão 2006/ 2007




Como é costume apelidar campeonatos ganhos desta forma como um "passeio pelo parque" (coufgh, coufgh) então cá está mais um campeonato ganho como se fosse um "passeio pelo parque" (novo ataque de tosse, coufgh, coufgh). Parabéns, carago!

sábado, maio 19, 2007

1155. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (24): O derradeiro sacrifício


Não é fácil escolher uma cena desta trilogia - a do Senhor dos Anéis - que já ficou, de forma merecida, para a história do cinema. Escolhi o prelúdio do fim (Return of the King (2003) - Peter Jackson) quando Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin), exaustos, escalam o "Mount Doom", em direcção à fornalha que criou e podia destruir o anel. O diálogo e a imagem dizem tudo sobre este derradeiro sacrifício.

Sam: Do you remember the Shire, Mr. Frodo? It'll be spring soon. And the orchards will be in blossom. And the birds will be nesting in the hazel thicket. And they'll be sowing the summer barley in the lower fields... and eating the first of the strawberries with cream. Do you remember the taste of strawberries?

Frodo: No, Sam. I can't recall the taste of food... nor the sound of water... nor the touch of grass. I'm... naked in the dark, with nothing, no veil... between me... and the wheel of fire! I can see him... with my waking eyes!

Sam: Then let us be rid of it... once and for all! Come on, Mr. Frodo. I can't carry it for you... but I can carry you!


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

1154. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (23): O voyeurismo do público ou O cineasta que espia as suas criações



Um dos meus filmes favoritos, é ‘Janela Indiscreta’ de Hitchcock com os protagonistas James Stewart e Grace Kelly.

É uma história simples em que o protagonista está imobilizado depois de um acidente e resolve passar o tempo a espreitar a vida dos vizinhos da janela do seu apartamento.

Apesar de ser um filme antigo, é um filme de eleição, o espectador tem o mesmo ângulo de visão do protagonista.

O escritor e biógrafo do cineasta, Bruno Villien, vai mais longe e afirma: “O voyeurismo do público faz eco ao do criador. É, em princípio, o cineasta que espia as suas criações, faz com que estas sofram, filma-as para deleite dos espectadores.”

[Sugestão e texto de Amélia Ribeiro]


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sexta-feira, maio 18, 2007

1153. Quem é menos democrata?


És tu; Não, és tu; Nem penses, és tu.



Agora imaginem se esta dupla estivesse presente: Não, somos nós.

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quinta-feira, maio 17, 2007

1152. Doação de Sangue por Homossexuais

A discussão sobre a exclusão/ inclusão dos homossexuais na doação de sangue (por exemplo aqui) é surreal. Uma vez abandonada, há mais de uma década, a teoria dos grupos de risco e adoptada a de comportamentos de risco, agora, esta noção é reinventada. Segundo o autor há comportamentos de risco que são comuns a alguns grupos. Brilhante, voltamos à definição original. E a posição, segundo o mesmo autor, é ideológica, o que é mais uma conclusão importante já que assim concluí-se que a esquerda deve estar cega e não vê que aqueles e aquelas são uns promíscuos e a direita, felizmente, não é hipócrita e diz logo: aqueles e aquelas não se sabem comportar. Ou será o contrário? Isto das ideologias...

1151. O Tricot do Tempo

"Expulsei Deus do sólio e deixei-o vago. Assim, enquanto escalo estas escarpas dilacerantes da vida, fito o púlpito que poderia ser meu. Nunca o será, sei-o, mas aquele vazio simboliza a possibilidade de emancipação absoluta. Tenho o poder de urdir o meu próprio mundo, sem alterar o dos outros. Poderia, se fosse megalómano, coroar-me como Deus de uma humanidade circunscrita a mim. Seria, digamos, Deus de mim próprio. Mas não. Sou, somente, um anárquico no limiar da loucura. Meu amigo, eu só quero esticar-me até me fragmentar." *

* Excerto do conto "O Escravo da Liberdade", do livro "O Tricot do Tempo", de Vítor Sousa

Aconselho vivamente a aquisição deste livro de contos de Vítor Sousa. A riqueza da linguagem, a criatividade e a força das ideias é arrebatadora no "O Tricot do Tempo"**.

** Apresentação no Funchal no dia 20 de Maio, às 17 Horas, no Fórum Fnac

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quarta-feira, maio 16, 2007

1150. O Legado do PSD


As eleições intercalares em Lisboa são o culminar do pior período de sempre do PSD como partido político ao serviço do país, um partido que tem um passado importante e que respeito. O legado deste partido para o país neste novo milénio é nefasto. Dois Governos da República em coligação com o PP em que o primeiro termina porque o Primeiro-Ministro aceita um cargo internacional e um segundo, totalmente diferente do primeiro, que só consigo classificar de sui generis e que nem um ano dura. Na Câmara de Lisboa são eleitos Santana Lopes e Carmona Rodrigues, o segundo vai para o Governo, depois o primeiro vai para Primeiro-Ministro, o segundo volta para a Câmara como Presidente, o primeiro volta para a Câmara, o segundo vai para vice, o segundo é o candidato do PSD, o segundo cai após dois anos e lança a capital em eleições intercalares. Está na hora do PSD reflectir sobre a melhor forma de servir o país porque, a bem da verdade, este tipo de serviço político ao país é bem dispensável, não honra o seu passado e a credibilidade conquistada ao longo de décadas.

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terça-feira, maio 15, 2007

1149. Visão Nublada


José Sócrates deve ter usado estes óculos durante toda a semana tal está nublada a sua visão. Primeiro ignora completamente Helena Roseta e deixa esta sair do Partido Socialista, depois deixa António Costa sair do Governo a meio do PRACE e em vésperas da Presidência da UE e, finalmente, coloca no Governo Rui Pereira apenas um mês após este ter sido nomeado para o Tribunal Constitucional. Surreal. Politicamente beneficia do caos que atravessa a gestão de Marques Mendes no PSD, mas substancialmente fica o PS mais pobre e o Governo com ainda menor qualidade, sem falar nas questões éticas que deviam guiar o desempenho dos políticos e o seu respeito pelos cargos que executam.

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1148. Câmara Municipal de Lisboa


Os dados estão lançados. António Costa é o candidato do PS e Fernando Negrão o do PSD. Falta o PP lançar o seu candidato, ou seja, hoje já estão lançados todos os dados relevantes para esta eleição. Simultaneamente é comovente observar o apelo de tantos blogues de direita à captação de assinaturas para a candidatura de Helena Roseta, até me vieram lágrimas aos olhos. Também faço esse apelo, por razões completamente diferentes. Que Lisboa vire, finalmente, esta página negra.

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1147. Fernando Seara


A recusa de Fernando Seara em ser o candidato do PSD para a Câmara de Lisboa é de louvar. É um hábito democrático salutar não trocar, a meio do mandato, uma câmara por outra. Não sei se foi a razão principal, mas não deixo de louvar. Esta recusa, porém, fragiliza Marques Mendes já que qualquer recusa a um apelo já ventilado na Comunicação Social provoca danos e por tentar lançar um nome que já tem compromisso com uma câmara, a de Sintra.

Segundo consta Fernando Seara estaria bem colocado nas sondagens para conquistar Lisboa. Posso estar a ser injusto com o político mas tenho que admitir que nunca percebi a empatia que este cria com os eleitores. Mas também não sou adepto do Benfica.

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segunda-feira, maio 14, 2007

1146. Delegados de Informação Médica

Hoje tive o "privilégio" de acompanhar um familiar a um consultório médico. Quando cheguei já lá estavam, sentadas na sala de espera, duas raparigas muito bem-dispostas com umas gigantescas malas e vestidas de forma formal. Delegadas de Informação Médica, claro está. A recepcionista avisa logo que as consultas estão atrasadas. Que novidade.

Chega um rapaz com um fato e gabardina com este calor e com um relógio que, pelo tamanho, parece indicar problemas de visão. Depressa reconhece as duas raparigas e junta-se a estas. Delegado de Informação Médica, claro está. O médico sai, os rostos destes iluminam-se, e avisa que vai beber um chá. Enquanto o médico não chega, demorou vinte minutos, chega mais um homem, igualmente bem vestido, que faz questão que todos notem a sua presença. Delegado de Informação Médica, claro está. Partilham umas amostras que este último tem de pastilhas elásticas e que, segundo uma das raparigas, não são como as de outro colega dele, que eram rijas. O delegado responde: "Não, estas são americanas". Oferece uma à recepcionista que mostra logo o seu sorriso mais aberto. Quando o médico chega manda entrar uma das raparigas. Quinze minutos depois chama a segunda. Os homens ficam para mais tarde.

Uma hora e meia depois da hora previamente combinada para a consulta entro no consultório e o médico diz "Isto hoje está complicado".

1145. Novas regras para o divórcio

A proposta do Bloco de Esquerda não é a defesa do "divórcio na hora", mas um entendimento do casamento que já é maioritário na população mas que simplesmente ainda não se reflecte na lei. A rejeição na Assembleia da República desta lei não é mais do que um adiamento do que vai ser inevitável. O divórcio não pode estar baseado na "culpa" ou num contrato que é imoral quebrar mas na quebra do consentimento e para isso acontecer é óbvio que basta a vontade de uma das partes. A separação do divórcio da questão da divisão de bens é, assim, dum bom senso óbvio. Já agora sugeria que mexessem na lei das uniões de facto para que quem queira rejeitar tanto os direitos como os deveres de quem se casa, o possa fazer.

Sobre este tema, cujo título evoca a problemática carregada de ironia que o filme "A Guerra das Rosas" tão bem colocou, aconselho a leitura de, óbvio, A Guerra das Rosas, no Arrastão.

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1144. Reforma da Segurança Social (2)

Para uma visão diferente da minha aconselho a leitura de "As escolhas políticas", no Foice dos dedos.

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domingo, maio 13, 2007

1143. Guerra de Perspectivas na Área da Saúde

A área da saúde é por excelência controversa quando analisada numa perspectiva económica. Ainda por cima há, no laboratório da vida, duas abordagens económicas e políticas sobre como esta deve ser gerida e encarada substancialmente diferentes e refiro-me, obviamente, à abordagem europeia (com todas as suas nuances) e à abordagem nos EUA. Acredito que o futuro não vai declarar um "vencedor", vão-se aproveitar várias componentes das duas abordagens, mas acredito que a abordagem americana é que mais se vai aproximar da europeia, e não é por acaso que é cada vez mais recorrente na classe política dos EUA a promessa de mudanças radicais nesse sentido. Os números demonstram que o sistema americano de saúde é mais caro que o europeu em proporção e que é cada vez menos universal mas, sejamos justos, também é o principal motor da inovação na área e tem uma maior qualidade de serviço e tratamento para aqueles que o conseguem pagar.

Sei que para o Hugo Mendes, do blogue Véu da Ignorância, este é um dos seus temas de eleição e, como não podia deixar de ser, mais uma vez aborda este tema. Sinto uma enorme empatia com os seus pontos de vista sobre a saúde. Desta vez, mais uma vez armado de números e estatísticas, o Hugo chama à atenção para o peso cada vez maior que o sector tem em % do PIB nos EUA assim como a diminuição da sua cobertura (não cobre 16% da população), a sua cobertura ser por vezes muito limitada e por esta ter descontinuidades temporais. A questão chave, e é apontada pelo Hugo, e muitas vezes também defendida aqui por mim, é que a saúde não pode nem deve ser encarada da mesma forma que qualquer outra área em que o mercado encontra facilmente um equilíbrio aceitável. A área da saúde é tão específica que o mercado, numa acepção mais liberal, cria distorções que tornam inviável a obtenção de resultados aceitáveis, ainda para mais se defendermos a universalidade e a distribuição de riscos de saúde. Eis uma "guerra de perspectivas" que ainda está para durar.

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sábado, maio 12, 2007

1142. Reforma da Segurança Social


A análise do Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, sobre o impacto da Reforma da Segurança Social nas contas públicas mereceu muitas críticas por parte dos que consideram inaceitável dar prioridade aos números sobre as pessoas e um silêncio assinalável daqueles que defendem uma Segurança Social (SS) mais liberal. É evidente que ninguém quer aplaudir, é compreensível, uma reforma que, aparentemente, é uma contra-reforma social. É também evidente que mesmo aqueles que desejam uma maior sustentabilidade da SS não olham com agrado uma reforma que não abre o sistema ao sector privado. As reacções são a espuma da reforma mas são bastante elucidativas.

O que os primeiros, os que têm uma visão de esquerda mais tradicional, estão a esquecer é que tudo tem custos e manter a SS tal como estava tinha um efeito inevitável, ou dito de outra forma, considerando que antes da reforma Portugal tinha que ter uma variação do valor do saldo orçamental primário permanente até 2050 para garantir uma dívida pública de 60% de 2,5% (em percentagem do PIB), então quem não defende esta reforma tem que defender uma diminuição dos custos ou aumento da receita nesta percentagem de forma permanente. Isso implica uma subida permanente dos impostos ou uma redução, também permanente, dos serviços públicos e da mão de obra do Estado até 2050. Não podemos defender simplesmente que a Reforma é injusta e, ao mesmo tempo, ignorar que se não fosse feita provocava outros efeitos sociais talvez ainda mais notórios.

Os segundos, os que defendem uma maior abertura da SS aos privados, também não podem gostar duma reforma que torna sustentável, a longo prazo, a SS pública porque perdem exactamente esse argumento, ou seja, o da não sustentabilidade do sistema público. Antes da reforma, dado o envelhecimento da população, previa-se que a variação da despesa com pensões em percentagem do PIB era de 8,9% e que agora, depois da reforma, fica abaixo da média europeia, passando para 2%. Não é a salvação do sistema público mas indica que este continua a ser perfeitamente defensável, sendo que é necessário, como é óbvio, ser flexível na adaptação ao contexto.

Há uma análise de fundo que fica por fazer e que necessita de ser esclarecida, concretizando, qual é o enquadramento que deve ser dado às políticas sociais, ou melhor, se deve ser a produtividade que tem que andar atrás destas ou se são as políticas sociais que se têm de adaptar à produtividade. Na minha opinião nem uma coisa nem outra, ou seja, as duas questões têm que andar de mãos dadas, ou melhor, é impossível obter mais produtividade sem políticas sociais porque não podemos ignorar os custos sociais (não os custos do financiamento das políticas sociais mas os custos que a ausência de políticas sociais provocam na economia) na economia nem as políticas sociais podem ignorar a produtividade porque esta é, desculpem o pleonasmo, o sustentáculo da sua sustentabilidade. Não podemos ser ingénuos, a SS tal como foi idealizada na década de 80 não era sustentável e criou, isso já não se pode apagar, injustiças geracionais graves com a agravante de termos incluído todos no bolo, os que contribuíram e os que não o fizeram, dando um peso excessivo aos últimos anos de trabalho, permitindo a compra de anos de trabalho e a generalização de reformas antecipadas com penalizações baixas e, por pouco, não demos a prova que a SS não podia ser gerida pelo Estado. Este recuo, excessivo e injusto para esta geração porque também visa corrigir os excessos não sustentados da anterior geração, é a adaptação do sistema para os novos tempos e, por fim, afasta um dos argumentos mais fortes para o fim do sistema público de SS.

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sexta-feira, maio 11, 2007

1141. José Sá Fernandes


José Sá Fernandes não é um político puro. É uma espécie de fiscal à classe política e aos negócios que envolvem o erário público. Nem todos os políticos podiam ser iguais a este nem, ao mesmo tempo, considero que este tipo de político possa ser apelidado de força de bloqueio. Provavelmente não é um político que reconheça uma visão apelativa para liderar uma câmara mas é um político que acho importante estar presente.

Há um pormenor que, no entanto, é muito importante. Um político destes é fundamental mas não podemos continuar a encarar a legitimidade do exercício de cargos públicos a partir de presunções, concretizando, mesmo que o papel fiscalizador seja essencial e, mais importante, a sua canalização para a área judicial, repito, não se pode colocar, como se tem feito, a legitimidade política e de exercício dum cargo público enquanto não estiver afastada a presunção da inocência. A culpa da judicialização da política não é dele, apesar de a cada passo pedir uma demissão, mas o seu papel não é, nem pode ser, a de um justiceiro. Posto isto espero que seja reeleito.

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1140. António Costa


A confirmar-se a candidatura de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa surge uma questão que não posso relativizar. Com o PRACE tão atrasado e com o desafio titânico de o fazer avançar durante a Presidência Portuguesa da União Europeia não consigo compreender esta provável candidatura daquele que é um dos principais coordenadores do programa. Compreendo as motivações pessoais de António Costa - e a pressão do aparelho do PS - mas porque é que começa a ser hábito, nos políticos portugueses, abandonar os respectivos cargos em alturas cruciais da sua actividade política? A confirmar-se a candidatura fica aqui a minha nota de indignação, se não se confirmar fica aqui uma nota de reconhecimento político.

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quinta-feira, maio 10, 2007

1139. O verdadeiro Primeiro-Ministro?

É um sinal dos tempos ser o Ministro das Finanças quem realmente decide sobre todas as opções do Estado. O Primeiro Ministro, cada vez mais, é um mero garante político do Ministro, o que protege as suas decisões e que, quando este - o Ministro - atinge o limiar de desgaste político, arranja um novo "comandante" do Estado. Eis o Primeiro Ministro transformado no Presidente da República que faz cair governos sempre que substitui os seus arquitectos-mor, concretizando, os Ministros das Finanças e estes últimos transformados em Primeiros-Ministros, os verdadeiros timoneiros do Estado, enquanto que o "verdadeiro" Presidente da República é apenas uma peça decorativa, um conselheiro. O país ser governado a partir das Finanças diz muito sobre os novos ventos da política.

Isto a propósito desta notícia, Governo aumenta cativações em bens e serviços de 5% para 15%, o que, na prática, a juntar a toda a influência que o Ministério das Finanças já tem, acrescenta o poder de parte das verbas em bens e serviços já atribuídas pelo Orçamento aos ministérios só possam ser utilizadas com a autorização directa do Ministro das Finanças. Com esta modificação, se a dotação orçamental dum ministério for de 100 euros, este só tem autonomia para gastar 85 sendo que os outros 15 têm que ser aprovados pelo Ministro das Finanças. Se pensarmos que este Governo já aprovou a figura de "controller" das Finanças nos Ministérios e que a maior parte do orçamento dos ministérios em bens e serviços é pouco flexível, então começamos a perceber que o Ministro das Finanças é, actualmente, o verdadeiro Primeiro-Ministro.

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1138. Helena Roseta


Desde já congratulo Helena Roseta pela sua decisão de concorrer à Câmara Municipal de Lisboa. Apesar disso é com pena que a vejo abandonar o Partido Socialista (PS). O PS sempre soube viver com diferentes facções dentro do próprio partido e não é novidade para ninguém que há uma esquerda dentro do PS que tem um entendimento das funções do Estado mais tradicional e outra que, sem deixar de ser esquerda na sua essência, quer retirar da sua influência directa algumas funções que podem ser exercidas pelo sector privado sem prejuízo de objectivos sociais, como o sector empresarial do Estado. Sem prejuízo de me rever mais nesta segunda linha de pensamento acho que o PS pode conviver de forma saudável com estas duas visões da sociedade já que são complementares e, dependendo do contexto, podem ser defensáveis soluções diferentes para problemas iguais. Nem os militantes do PS devem encravar as mudanças ideológicas que a direcção do PS sufragou na sua moção nem a direcção do PS pode excluir as várias sensibilidades do constante debate de ideias que torna um partido forte e útil para a sociedade.

Posto isto, repito, é com pena que vejo sair Helena Roseta do PS e considero que este fica mais pobre. É com ainda mais pena que vejo alguns sinais precoces do que foi a pior face do Cavaquismo para o PSD (e para o país) no PS, um autismo em relação às várias sensibilidades ideológicas, um culto ao líder exagerado e pouco espaço para a discussão interna. Que esta saída sirva de sinal e, mais importante, que Helena Roseta continue a estar disponível para o combate político e para a defesa duma esquerda tolerante e aberta à discussão de ideias.

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quarta-feira, maio 09, 2007

1137. Citações com actualidade




"Any society that would give up a little liberty to gain a little security will deserve neither and lose both"
, Benjamin Franklin

1136. A quebra de patente



A decisão do executivo de Lula da Silva de licenciar compulsivamente um medicamento da última geração de tratamento da Sida é, no mínimo, polémica. Relembro que o medicamento em questão é o Efavirenz, produzido e patenteado pelo laboratório norte-americano Merck Sharp & Dohme, e que, após longas negociações entre o Governo Brasileiro e o laboratório, não houve acordo quanto ao preço. Falhadas as negociações o executivo brasileiro resolveu licenciar o medicamento e o "Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), iniciará, até o final deste ano, a produção de 30 milhões de unidades do medicamento Efavirenz".

As perspectivas sobre as negociações entre o Governo e o laboratório são díspares e não me cabe julgar quem tem razão. O problema é complexo, ou seja, como conciliar o direito à patente com um acesso universal ao medicamento por questões de saúde pública? Eu não tenho resposta a esta questão mas definitivamente a área da saúde não pode ser encarada da mesma forma que outras áreas em que o sistema de mercado é mais linear. Por um lado há que proteger a inovação para que esta seja atractiva e, por outro, é preciso perceber que o resultado dessa inovação não pode ser tratado, no mercado, da mesma forma que outro qualquer produto inovador. Numa situação que envolva um país do chamado primeiro mundo com a vontade do laboratório em estar no mercado com preços que garantam o mínimo de rentabilidade não teria problema em defender a posição do laboratório mas num país de terceiro mundo (sem ser necessariamente o Brasil) com um laboratório (não necessariamente o citado) que não quer distribuir nesse país ou que para o fazer só o faz a preços de mercado então, neste caso, a minha posição já não é clara. Esta decisão pode alterar significativamente o mercado farmacêutico mundial.

Atento a este fenómeno a Fundação Clinton acaba de promover um acordo entre laboratórios e países do Terceiro Mundo "para reduzir o preço dos antiretrovirais de nova geração no combate à Sida, em países em desenvolvimento".

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terça-feira, maio 08, 2007

1135. Finalmente, o CDS/ PP pacificado

O CDS/ PP vive, finalmente, dias de calma interna. Esta notícia comprova isso. A razão fundamental para o regresso de Paulo Portas fica assim em causa e, admito, é com um sorriso nos lábios que observo fazerem a esta direcção do PP, recém-eleita, o mesmo que Paulo Portas fez à direcção anterior com talvez ainda mais competência.

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1134. Atitude de "independente"

São atitudes destas que dão razão a Carmona Rodrigues ao defender que os independentes fazem falta na política. E está visto que este "independente" é um exemplo de ruptura em relação aos hábitos mais reprováveis dos políticos filiados em partidos.

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1133. Em defesa da Lei das Finanças Regionais

Em traços globais a Lei das Finanças Regionais (LFR) difere das anteriores porque: i) penaliza o incumprimento dos limites de endividamento com retenção de transferências; ii) proíbe o Estado de assumir dívidas das regiões; iii) utiliza o critério de nível de riqueza para a distribuição das transferências, tendo em conta a solidariedade nacional.

Em qualquer lugar do mundo esta lei, que visa a responsabilização, seria analisada como um passo positivo na transparência das transferências e na justiça entre regiões. Em vez disso foi utilizada como um bode expiatório para a situação financeira da Região Autónoma da Madeira cuja situação, antes sequer da publicação da mesma, já ultrapassava os seus limites de endividamento. O próprio PSD/ Nacional votou contra esta lei sem nunca explicar se as regras anteriores eram preferíveis e porquê. Parece defender, pelo menos no seu estatuto como oposição (acredito que muitos notáveis do PSD concordam com esta lei), que o Governo da República continue a perdoar ciclicamente as dívidas regionais e que continue a aumentar o limite de endividamento da região.

Relembro que o Governo de António Guterres perdoou a dívida regional da região que já ascendia a 110 milhões de contos (mais 12 para a dívida do serviço regional de saúde) e que avisou que o futuro, por razões de solidariedade nacional, teria que ser mais rigoroso. Já o Governo de Durão Barroso avisou que seria a última vez que fazia transferências extraordinárias para a região e avisou da possibilidade da retenção de futuras transferências, no caso de novas violações do limite de endividamento. Será que alguém, seriamente, quer que este cenário ano após ano?

A LFR não é uma lei regional nem é referendável numa região, é uma lei da competência da Assembleia da República.

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segunda-feira, maio 07, 2007

1132. Eleições Regionais Medira 2007: Rescaldo, a oposição na Madeira


Uns dizem que a oposição é fraca, outros que ser oposição na Madeira é o emprego mais ingrato do mundo. Talvez uns e outros tenham razão e que um é consequência do outro. Qual deles é a causa e qual deles é o efeito deixo ao julgamento de cada um.

Não é fácil ser oposição na Madeira porque: i) o discurso oficioso é que estão a fazer oposição, não na Madeira, mas à Madeira; ii) porque não há condições democráticas para ser oposição de forma séria e em igualdade de condições; iii) porque quem não opta pelo discurso do "inimigo externo" tem dificuldades em obter votos; iv) porque não há possibilidade de provar o seu valor através dum cargo político/ público.

Sobre este último ponto há um exemplo que considero deveras revelador. Porque é que, actualmente, não há um único Presidente de Câmara da oposição na região? Já houve (Machico, Porto Santo) mas já não há. Sempre que houve, relembro, o investimento regional afastou-se do local e a câmara sofreu um estrangulamento financeiro. No dia seguinte, ou seja, mal a câmara foi recuperada pelo "partido do poder", a população foi recompensada com um investimento regional avassalador. Nenhum eleitor, nestas condições, está disposto a comprometer o futuro do local onde habita. Sobre o assunto Alberto João Jardim foi claro ao avisar, publicamente, que Câmaras da oposição não iam ter dinheiro (em plena campanha eleitoral) e acrescentou que no dinheiro do Governo Regional manda ele. Assim é difícil, muito difícil, ser oposição na Madeira.

Posto isto, defendo que Jacinto Serrão devia demitir-se. E passo a explicar. Independentemente das nuances democráticas a que está sujeito não pode, ao mesmo tempo, chamá-las à atenção e, no seguinte, perante uma descida considerável da sua votação, não dar um exemplo democrático. Ou seja, dito de outra forma, não deve ser mais um exemplo de nuance democrática numa região que já está cravejada de nuances. Com certeza que Jacinto Serrão sente-se injustiçado, até pelos seus camaradas nacionais, mas não pode defender, ao mesmo tempo, que este não foi um referendo a uma lei nacional, que foram umas eleições regionais, e não tirar consequências dos resultados e da sua quota parte de responsabilidade. A democracia agradece e o vencido não sai de cabeça baixa.

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domingo, maio 06, 2007

1131. Eleições Regionais Madeira 2007: Noite Eleitoral (em actualização)

17. (21:10) As posições já estão claras. Alberto João Jardim sabe que o próximo mandato vai ser o mais difícil de todos, vai governar com restrições orçamentais. Jacinto Serrão não se demite apesar do resultado catastrófico. O PS/Nacional vai apostar em desvalorizar completamente as consequências desta eleição e, verdade seja dita, não tem cabimento que a LFR seja referendada na região. Eu sei para que estas eleições serviram, ou seja, só serviram, única e exclusivamente, para que Alberto João Jardim arranjasse um bode expiatório para a situação financeira da região e, assim, apesar do futuro da região ser muito difícil, a "culpa" vai ser sempre da América, desculpem, de Lisboa. Obrigado a todos os que acompanharam, neste blogue, esta campanha eleitoral;

16. (21:05) Vitalino Canas
(PS/Nacional) considera que as eleições foram marcadas pelo "populismo" e que foram um "exercício inútil". A Lei das Finanças Regionais não muda. José Sócrates não comenta os resultados, ou seja, a estratégia é desvalorizar os resultados e relembrar que a LFR não é referendável pela região;

15. (21:00) Alberto João Jardim
acrescenta que "a situação nacional exige bom senso, calma e ponderação". Será o mesmo homem que chamou de "fascistas" aos mesmos que agora pede "bom senso"? Após este discurso fico com a certeza que Alberto João Jardim tem discursos que se contradizem uns aos outros, tem registos emocionais completamente díspares em dias consecutivos, enfim, é imprevisível;

14. (20:54) Alberto João Jardim
interpreta esta vitória sem euforia porque avizinham-se um conjunto de problemas e dificuldades para a região. Apesar do tom conciliador - diria que finalmente - não consegue resistir a culpar o "continente" pelas dificuldades da Madeira em crescer. Pede uma autonomia muito mais alargada;

13. (20:46)
Jacinto Serrão critica a campanha eleitoral do PSD que transformou este acto num "referendo às relações financeiras" com a República. Relembra que não é fácil ser oposição na Madeira. Não perdeu a "esperança". No fundo, neste discurso, não encontrou nenhuma responsabilidade própria para a derrota;

12. (20:42) Jacinto Serrão
queixa-se da "falta de normalidade democrática" e da "utilização abusiva dos meios do Estado", e cita a CNE que, em tempos, disse "que nestas condições o voto não é totalmente livre". Sublinha a "inércia dos órgãos de soberania" para solucionar esta situação. Não se demite;

11. (20:20)
Parece unânime que o paradigma de desenvolvimento vai, obrigatoriamente, ter que mudar na região. É curioso que um tema desta importância não tenha sido alvo de qualquer discussão política na campanha eleitoral. Foi preferível, infelizmente, fazer o discurso do "inimigo externo", o bode expiatório ideal para a situação financeira na região;

10. (20:13) Marcelo Rebelo de Sousa
diz que os interesses da região e do país têm que ser convergentes. Após esta campanha eleitoral não sei, sinceramente, se foram dados passos nesse sentido;

Nota: Por problemas no blogger é impossível publicar as reacções com a velocidade que queria;

9. (19:59)
António Vitorino enaltece Jardim como grande responsável pelos desenvolvimento da Madeira, nos últimos 30 anos. Acrescenta, porém, que esta vitória - além de reforçar a sua trincheira na "guerra contra Sócrates" -, obrigará Jardim a demonstrar que possui capacidade para regenerar o paradigma de desenvolvimento. O actual, alicerçado no betão, caducou. Um dia, Jardim, no mais pobre concelho do País - Câmara de Lobos -, amarfanhou o saber, assumindo-se como o homem que dá "comer" ao povo. O povo exultou. Novo paradigma? Mesmo que Jardim queira conceder prioridade ao "saber", o povo quer mais pão e circo.

8. (19:27) António Vitorino
acertou no alvo. A LFR é uma lei da responsabilidade da República. Acrescento eu que a Madeira não pode referendar a sua própria mesada;

7. (19:24)
A reacção de Bernardo Trindade demonstra bem o desnorte do PS local. Dizer que o que esteve em causa nestas eleições foi a LFR é dar um tiro no pé e mostra bem que as tensões entre o PS local e o nacional vão ser enormes;

6. (19:17) Guilherme Silva considera que a votação prova de "que lado está a razão" em relação à Lei das Finanças Regionais. Relembro que este acto eleitoral não pode ser um referendo a uma lei nacional e, mesmo que fosse, não me parece que aqueles que recebem a mesada, num cenário de maior restrição, devessem ser os únicos a dar opinião sobre a tal mesada;

5. (19:10) A grande incógnita desta noite é a mesma que existiu no momento da demissão, ou seja, para que serve este resultado? Depende, só e exclusivamente, da importância que o Governo da República a quiser dar;

4. (19:05)
O PS, segundo as projecções, pode ter o pior resultado de sempre na região. Os intervalos indicam, no conjunto das duas projecções que vi, um resultado entre 11,2-17%;

3. (19:00)
As primeiras projecções indicam que a maioria absoluta do PSD/M é substancialmente reforçada. Em 2004 o PSD/M obteve 53,71%, e as projecções, tanto a da Católica (RTP/RDP) como a da Eurosondagem (SIC) indicam os seguintes intervalos, respectivamente, 62-67% e 67,1-70,1%;

2.
(18:37) Neste momento, a menos de meia hora das primeiras projecções, já é possível referir que: i) tudo aponta que a abstenção vai ser muito semelhante à das eleições de 2004 (logo elevada); ii) repetem-se as já habituais polémicas relacionadas com supostas irregularidades nos votos dos cidadãos acompanhados;

1. As eleições regionais na Madeira, e suas consequências, vão ser comentadas, a par e passo, neste espaço;

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sábado, maio 05, 2007

1130. A "crise" política em Lisboa

Tenho lido muitas opiniões que sublinham a fragilidade da posição de Marques Mendes após o discurso de Carmona Rodrigues. Discordo. A forma como o secretário geral do PSD lidou com esta "crise" é exemplar. A reacção do "independente" Carmona Rodrigues também é compreensível mas o próprio sabe muito bem que está perante um pântano político.

Há uma nuance no discurso de Marques Mendes que é importante. Como sabem, ou ficam a saber, não concordo que um autarca que seja arguído por causa das suas actividades como autarca seja automaticamente obrigado a demitir-se. Há, obviamente, que respeitar a presunção da inocência. Desta vez, porém, no discurso em que Marques Mendes defendeu a demissão de Carmona Rodrigues, este sublinhou que cada caso é um caso. É um claro recuo - a preparar o futuro - em relação à sua inflexível posição inicial o que só lhe fica bem.

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1129. Debate dos Candidatos Republicanos a Presidente dos EUA

Cada vez estou mais distante da perspectiva republicana em relação aos temas sociais, à segurança e à política externa. Como é possível ler no artigo de Rita Siza (Público), o debate "pareceu um concurso para encontrar o mais conservador". Neste contexto admiro a coragem de Rudy Giuliani que em questões como o aborto mostrou-se disponível para uma solução de compromisso. Reafirmo que, neste contexto, é preciso coragem o que só demonstra personalidade. O pior é o resto...

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