17 de Abril de 2004 (3) – Negócios
A inevitável pergunta: haverá alguma coisa inegociável? Ouço alguém responder a vida. Reajo violentamente contra essa pessoa, que ignorância... ao longo do tempo o que mais se negoceia é a vida, principalmente a dos outros mas também, ocasionalmente, a nossa. Quando o mundo dito rico manda ajudas a países do Terceiro Mundo está a escolher uns em detrimento de outros, fazendo escolhas, negociando vidas e contrapartidas. Todas as negociações de guerra e paz também negoceiam vidas. Quando fumamos estamos a negociar a nossa vida por prazer (por pequeno que seja, subjugado à tirania da nicotina). Ouço outra pessoa a dizer que seria incapaz de negociar uma parte de seu corpo. Pode até ser mas há quem negoceie um membro ou vários pela sua vida ou a dos seus familiares (como acontece na Sierra Leone). Será tudo um negócio? E será tudo negociável? Até a alma é tantas vezes vendida ao diabo e, por favor, não se refiram à consciência, tantas vezes em saldos nos dias de hoje.
Quando eu descobrir algo inegociável eu aviso! Esperem... já sei! Não, esqueçam, acabei de o negociar para comprar roupa de marca. Talvez reste o conforto que algumas coisas são inegociáveis em determinados momentos do tempo até, em momento posterior, nos lembrarmos que também são negociáveis.
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