Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sábado, abril 17, 2004

17 de Abril de 2004 (3) – Negócios


A inevitável pergunta: haverá alguma coisa inegociável? Ouço alguém responder a vida. Reajo violentamente contra essa pessoa, que ignorância... ao longo do tempo o que mais se negoceia é a vida, principalmente a dos outros mas também, ocasionalmente, a nossa. Quando o mundo dito rico manda ajudas a países do Terceiro Mundo está a escolher uns em detrimento de outros, fazendo escolhas, negociando vidas e contrapartidas. Todas as negociações de guerra e paz também negoceiam vidas. Quando fumamos estamos a negociar a nossa vida por prazer (por pequeno que seja, subjugado à tirania da nicotina). Ouço outra pessoa a dizer que seria incapaz de negociar uma parte de seu corpo. Pode até ser mas há quem negoceie um membro ou vários pela sua vida ou a dos seus familiares (como acontece na Sierra Leone). Será tudo um negócio? E será tudo negociável? Até a alma é tantas vezes vendida ao diabo e, por favor, não se refiram à consciência, tantas vezes em saldos nos dias de hoje.

Quando eu descobrir algo inegociável eu aviso! Esperem... já sei! Não, esqueçam, acabei de o negociar para comprar roupa de marca. Talvez reste o conforto que algumas coisas são inegociáveis em determinados momentos do tempo até, em momento posterior, nos lembrarmos que também são negociáveis.