Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sexta-feira, abril 06, 2007

1073. Sala de Cinema: 300

A famosa Batalha de Termópilas onde 300 Espartanos enfrentam milhares de Persas


Realizador: Zack Snyder
Elenco: Gerard Butler, David Wenham, Rodrigo Santoro

O filme 300 é inspirado numa multi-premiada novela gráfica de Frank Miller (Daredevil, Batman) que, por sua vez, foi beber a sua inspiração numa fonte mítica, a Batalha de Termópilas. Recordo que esta batalha histórica foi essencial para atrasar os exércitos persas e foi épica porque apenas 300 soldados espartanos sob o comando do Rei Leónidas (Gerard Butler) - com a ajuda dum pequeno exército grego - fizeram frente a milhares de soldados persas (o número não é consensual) liderados pelo Rei Xerxes (Rodrigo Santoro). Quem conhece o trabalho de Frank Miller, e em especial este, já sabe que o potencial cinematográfico de qualquer das suas obras é imenso. Apesar de menos estilizado que o filme que Frank Miller co-realizou com Robert Rodriguez, Sin City, o festim visual não é de menosprezar e sinaliza como o futuro do cinema vai ser, pelo menos em relação a filmes históricos ou de acção com grande escala. O filme é uma história sobre a coragem de um povo e em especial do seu rei ao enfrentarem um exército proporcionalmente muito maior.


O Rei Xerxes (Rodrigo Santoro) numa caracterização polémica


300 tem causado muita polémica no Irão. Não contesto que há algum fundamento na crítica ao rigor histórico da película e à distorção da imagem dos Persas mas convém, desde logo, desdramatizar. Não devemos levar este filme demasiado a sério pois não pretende ser um filme histórico rigoroso mas sim uma obra de ficção inspirada num acontecimento real, ao serviço duma certa perspectiva do que é arte e entretenimento. Mas, como dizia, compreendo a irritação do regime Iraniano (já não compreendo o fundamentalismo) que deve ser equivalente à que sinto quando vejo os portugueses retratados num filme de "Hollywood". Julgo que o que mais irritou o "Irão" foi o retrato pouco fiel do Rei Xerxes (um Rodrigo Santoro sexualmente ambíguo) e a sua inferioridade moral em relação ao Rei Leónidas (um Gerard Butler másculo) já que de um lado estava a escravatura, o desperdício e o culto religioso ao líder e, do outro, estava a abnegação, a coragem e a defesa da liberdade. É claro que esta visão está muito esquematizada - e pouco factual já que os Espartanos também possuíam escravos - mas aposto que nos filmes Iranianos de ficção os ocidentais também são meras caricaturas. Os Gregos, que no fundo são a antítese dos Espartanos, também são retratados como fracos - o Rei Leónidas refere que estão muito entretidos com rapazes novos (historicamente os Espartanos também não saem incólumes neste capítulo). Em suma é uma não-polémica a menos que alguém esteja a defender que voltemos a atirar os recém-nascidos mais frágeis dum precipício, o que não me parece muito credível...

Síntese da Opinião: É um bom filme de entretenimento com a assinatura visual de Frank Miller e não é, nem pretende ser, um filme histórico com rigor factual. São as imagens, e não vice-versa, que comandam a (H)história...

Etiquetas:

1 Comments:

Enviar um comentário

<< Home