930. Sala de Cinema: Marie Antoinette
Realizador: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst, Steve Coogan, Jason Schwartzman
Marie Antoinette é o culminar duma sequência de filmes realizados por Sofia Coppola que abordam o tema da passagem à vida adulta. A realizadora, filha do mítico realizador Francis Ford Coppola, fez três filmes muito diferentes mas que, no fundo, são muito semelhantes porque, inevitavelmente, giram à volta da perda da inocência e da dificuldade que as suas protagonistas têm em compreender e embraçar o mundo que as rodeia. Assim foi na trágica história das irmãs Lisbon (The Virgin Suicides), na viagem interior de Charlotte numa cultura estranha (Lost in Translation) e, agora, de forma natural, na descrição da vida de Marie Antoinette na corte francesa.
O melhor que o filme tem para nos oferecer é o olhar nostálgico de Kirsten Dunst. Marie Antoinette também está "Lost in Translation", perdida entre a inocência da idade e a responsabilidade do cargo em que ocupa. E tudo precipita-se de forma abrupta, espelhada na magnífica cena da tenda colocada na fronteira entre os dois países. É aí que acontece a metamorfose e a perda da inocência e, de certo modo, representa o fim da felicidade. A inabilidade desta em lidar com a responsabilidade do cargo que ocupa - fica a sensação de que nunca tem a percepção do que está a acontecer no mundo que a rodeia - tem as consequências que todos nós conhecemos. A metáfora reside aqui, ou seja, mais uma vez, há uma incapacidade latente de adaptação à vida adulta.
Não é o filme mais bem conseguido de Coppola mas também não é uma obra desinteressante. Vale sobretudo pela primeira metade do filme em que a inocência de Marie Antoinette esvai-se de forma abrupta e os seus olhos perdem lentamente o seu brilho. O resto da viagem de Marie Antoinette é inconsistente, imersa em futilidades (ela, não o filme), perdida no seu próprio reino, incapaz de compreender o mundo que a envolve e consome.
Síntese da Opinião: O culminar duma triologia sobre a passagem à vida adulta. Sem ser um filme brilhante vale pelos pormenores, pelos silêncios e, sobretudo, por Kirsten Dunst.
Memórias do Filho do 25 de Abril: Sétima Arte (todos os textos deste blogue sobre cinema)
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