922. Urgências
É tudo menos inocente a divulgação que, supostamente, 40% das idas às urgências não se justificam. E só não aparecem estatísticas sobre a quantidade de internamentos injustificados porque isso seria por demais burlesco. Desta forma pode o Ministro da Saúde, através de declarações ou dum cuidado silêncio, escudado por estes números, dizer que, afinal, o que se justifica no meio de tudo isto é o aumento das taxas moderadoras. Puro engano!
Em primeiro lugar, e isso é claro, estas estatísticas não justificam a existência de taxas de internamento já que estas nunca poderão ser defendidas através da moderação por parte do doente (não é este que escolhe ser internado). Depois quem vai às urgências não é médico e não sabe, à partida, avaliar a gravidade do seu estado de saúde em múltiplas ocasiões (a quem já não aconteceu ser criticado por uma ida desnecessária à urgência e a quem já não aconteceu ser criticado por não ter ido lá mais cedo?). E, finalmente, se o utente/ doente vai sistematica e desnecessariamente às urgências é porque obtém lá algo que ou não lhe devia ser dado (justificações, atestados, medicamentos) e aí a responsabilidade é também do profissional de saúde ou porque não existem "barreiras" intermédias entre, desculpem o pleonasmo, a urgência duma urgência e a morosidade duma consulta.
É necessário combater as idas desnecessárias às urgências mas não através da dupla oneração (e dupla discriminação) do SNS, via impostos e via taxas, e da multiplicação da burocracia. E, mais importante, não é sério tentar encontrar justificações para uma medida que visa, de forma pura e simples, e unicamente, financiar o SNS. As medidas devem ser outras, porventura menos fáceis, e não é através de estatísticas lançadas convenientemente para a Comunicação Social que a minha opinião vai mudar. Há um cheiro de demagogia no ar o que não é uma surpresa porque isso geralmente acontence quanto se tenta defender o indefensável, camuflado por uma "nobre" tentativa do Estado em educar/ moderar o "povo".
7 Comments:
At 10:44 da tarde, pindérico said…
Caro Ricardo
Porque o silêncio também cansa, aqui estou de novo.
Também eu comecei por defender este governo e elogiar a coragem que revelava. Só que já cansei -- como diria o brasileiro!!
As justificações são sempre do mesmo tipo, com o seu qb de aparentes preocupações de equidade, mas sempre acaba no mesmo:-- medidas avulsas nos mais diversas áreas sem outra ambição que não a de ir buscar mais uns trocados a quem quer que seja e deixar de os dar mesmo a quem se não deveriam recusar!
Honestamente, penso que começa a justificar-se fazer uma campanha a favor do aumento de impostos. Melhor dizendo, pela revisão do código do IRS, a bem da solidariedade nacional e como úníca forma consequente de evitar o aumento da conflitualidade social que inexoravelmente nos vai afligir a médio prazo.
At 11:07 da tarde, Ruvasa said…
Viva, Ricardo!
Estou contigo, não por ser adverso deste governo ( e de outros, cada vez mais ), mas porque entendo que estás com a razão toda.
Abraço
Ruben
At 3:28 da manhã, Joao Serpa said…
É realmente muito mais fácil taxar o cidadão, seja através deste expediente ou de outro qualquer, do que atacar o problema na sua raiz: o despesismo do SNS.
Se este governo é dos melhores que temos tido, como afirmas (e estou de acordo em absoluto), falta-lhe no entanto a coragem de tomar medidas verdadeiramente profundas que alterem de vez a ineficácia da Administração Pública no seu todo. Será para garantir a 2ª maioria absoluta?
At 1:25 da tarde, Rui Martins said…
É verdade... Bem observado... Sim... Andam por aí "notícias fabricadas"... A tal "agência de informação do Governo" que Santanaz tanto queria criar e que afinal... o seu alter-ego "socialista" fundou com muito mais discrição e... eficácia.
At 3:36 da tarde, Barão da Tróia II said…
Moderar o quê? Mas alguém vai a um sítio desses por gosto? Duvido.
At 12:55 da tarde, O Micróbio II said…
As urgências agora estão noutro campo...
At 10:28 da tarde, Paulo said…
Um blogue de paragem obrigatória!!
Abraço
Paulo
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