Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

domingo, abril 18, 2004

18 de Abril de 2004 (4) – Quando a Terra não era redonda


Como todos estamos fartos de saber houve tempos (não me recordo deles mas que existiram não tenho dúvidas... e raramente me engano) em que a Terra não era redonda. Segundo me contam eram bons tempos, mais simples. Não havia o incómodo da gravidade (pelo menos como a conhecemos hoje onde a complexidade de nos manter com os pés no chão num mundo redondo era enorme), éramos o centro do Universo! Depois tudo complicou-se, sem misericórdia!

O longo do tempo, homens poderosos foram mudando as leis da física. Em 1473 nasce Nicolau Copérnico que podia ter sido um excelente médico, filósofo, ou até carpinteiro (quem sabe...), mas não!, resolveu inventar, do nada é preciso referir, o sistema heliocêntrico. Este polaco resolveu colocar o Sol no centro do Universo... quem diria que alguém ia ter ideia tão malévola e perturbadora. A verdade é que subjugamo-nos ao Sol quando podíamos pô-lo a andar à nossa volta... que estupidez! Já estou a ver a maravilha que era na campanha para as eleições americanas os candidatos prometerem dar diferentes ordens ao Sol (sim, porque já fomos, em tempos longíquos, o centro do Universo), transformando o dia em noite e a noite em dia. Seriam tempos memoráveis mas Copérnico estragou tudo, o sacana!

O pior, porém, estava para vir. Galileu Galilei nasce em Itália em 1564. Descobriu (novamente do nada e tal como um ditador militar impôs a sua descoberta ao mundo sem ter, pelo menos, pedido a aopinião do mundo sobre queria ou não mudar) a balança hidrostática que originou (também do nada concerteza) o relógio do pêndulo. Não sei qual a novidade, balanças e relógios já existiam mas este deu-lhes novas funções (como se já não estivessem sobrecarregados). Galileu construiu o seu telescópio sem nunca ter visto um sendo uma nova prova que mudou tudo à sua imagem. Insistiu que a Terra andava à volta do Sol mas acabou por negar tudo em tribunal. Mas o mal estava feito! A Terra mudou, perdeu relevo, ganhou espessura filosófica senão, vejamos, tivemos de rever toda a história da criação da vida até então tão bem documentada.

Que trabalho inglório, descobrir o sentido da vida para alguém, porque lhe apetece, muda tudo! Aí chegamos aos dias de hoje onde temos dificuldade em perceber qual o sentido da vida porque alguém mudou tudo e, apesar de ter negado tudo posteriormente, manteve tudo inalterado. Hoje em dia, deixo um conselho, quando descobrirem o sentido da vida ignorem quando a Terra muda, é um velhaco à procura do seu. Tudo complicou-se, ninguém sabe donde veio e para onde vai. Tenho de abordar, num destes dias, a teoria da sobrevivência da espécie, essa sim, dá um sentido maravilhoso à vida. É lógico afirmar, à luz desta teoria, foder sempre que der jeito para salvar a vida... da espécie. Porque não?

Ao ouvir o veredicto Galileu deixou uma profecia, “eppur si muove”! E, no entanto, ela se move!