(424) António Guterres – 10º Alto Comissário da ONU para os Refugiados
Fico satisfeito por António Guterres ser o novo Alto Comissário da ONU para os Refugiados. Mas este estado de satisfação não tem nada a ver com a ideia de que é uma grande conquista nacional ter portugueses em altos cargos e que isso pode trazer vantagens ao país. Não tem cabimento e revela uma mentalidade provinciana. Um desses exemplos é Durão Barroso que obviamente (e bem!) é neutro em relação em Portugal e está a desempenhar o cargo com enormes dificuldades porque não tem o perfil adequado, na minha opinião, para a função que foi nomeado (em breve vamos ver se é assim ou não). Como acredito nas potencialidades de organizações como a ONU e a UE não me importo com a nacionalidade dos seus membros integrantes mas sim com a sua capacidade para desempenharem a função.
Eu estou satisfeito porque acho que Guterres tem o perfil ideal para este cargo porque é de carácter maioritariamente humanitário e diplomático. A acção diplomática de Guterres em Timor Leste (em parceria com Jaime Gama), a sua vocação humanitária e a sua experiência como Presidente da Internacional Socialista deixaram-me uma impressão extremamente positiva superando a imagem com que fiquei dele como Primeiro Ministro. A grande dúvida que continua a pairar no ar é que futuro vai ter a ONU e de que forma esta vai ser reformada. Aguardo com grande expectativa o desenvolvimento da reforma desta instituição.
Com a eleição de Guterres o caminho presidencial fica mais desimpedido para Cavaco. Mas continuo com a forte percepção que, na esquerda e na direita, há indivíduos com perfil mais adequado para Presidente da República. Volto a perguntar que características pessoais este político tecnocrata e pouco talhado para mediar tem para o cargo? Consigo imaginar Cavaco no Banco de Portugal, no FMI, no BCE mas como Presidente confesso que não. Mas parece que a Imprensa já tomou a decisão. E vou continuar a exigir que na sociedade portuguesa surjam pessoas com coragem para desmontar os homens providenciais e combater os profetas da desgraça deste país.
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