(426) Sala de Cinema: Der Untergang – A Queda, Hitler e o Fim do Terceiro Reich
Realizador: Olivier Hirscbiegel
Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara
Confesso que fiquei arrepiado quando Bruno Ganz entrou na sala interpretando Hitler. Acho que a melhor maneira de descrever este filme é aproveitar esta sensação inicial porque ela arrastou-se pelo filme, aquele arrepio ao observar imagens que descrevem a história com tanto realismo. E Hitler era real e pelos vistos um homem cordial e afável mas que era, ao mesmo tempo, desprovido de compaixão enquanto Fuhrer. Não há julgamentos morais neste filme. Apenas há um retrato comovente e assustador dos últimos dias do Terceiro Reich.
Não é este filme ou qualquer outro que foi feito ou será feito que me vai ajudar a compreender como o homem (leia-se homem no sentido mais geral) foi capaz de tamanhas atrocidades. Mas este filme ajuda a dismistificar a ideia de que Hitler não era humano porque ele era um homem, não uma caricatura. E é melhor encarar Hitler desta forma. Não devemos relativizar a crueldade que o homem é capaz de ter se queremos evitar que a história se repita. E como explicar que a loucura dum homem tenha arrastado uma nação de homens e mulheres normais a cometerem tamanhas barbaridades? Acho que nunca vou conhecer a resposta...
Síntese da Opinião: Contar não é perdoar. Recomendo.
12 Comments:
At 7:50 da tarde, Anónimo said…
A Alemanha estava vergada ao DIKTAD.A moeda desvalorizava todos os dias,o desemprego era generalidade, a miséria era imenssa, o Estado quase não existia, os costumes em derrapagem absoluta,quase todos medrosos,afitos, famintos,enxovalhados na sua honra mais intima, cercados pela desordem publica, arruaça partidária na rua.Aparece um tipo que berra : vou pôr ordem nisto, acabaram-se os desempregados, podem dormir de porta aberta, não há partidos para ninguém, vou fazer casas e carros para os operários,etc,etc.Quando não resultou porque era impossível, disse a culpa é dos outros, temos que extreminá-los. Quem quer perder a segurança anterior ?
Na minha freguezia há ums mil Hitlers.
At 10:56 da tarde, Pedro F. Ferreira said…
Recomendo-te "Os Carrascos Voluntários de Hitler" de Daniel Jonah Goldhagen, editado pela Editorial Notícias. E também, "Heichmann em Jerusalém - uma reportagem sobre a banalidade do mal" de Hannah Arendt, editado pela Tenacitas.
Vais ver que começas a compreender que o mal é muito, demasiado, banal e ilimitado. Abraço.
At 11:07 da tarde, Ricardo said…
C. Indico...
Apesar da analogia ser forte compreendo o que queres transmitir. É a demagogia e o populismo a pairar na política. Mas continuo a não compreender como se dá o passo seguinte que é matar milhares de pessoas a sangue frio com naturalidade.
At 11:09 da tarde, Ricardo said…
hmémnon...
Vou tentar ler as sugestões. Eu já li alguns livros com o ponto de vista dos judeus (O Pianista, Se Isto é um Homem, Trégua) mas confesso que começo a ganhar curiosidade em conhecer o outro lado e tentar compreender.
Não gosto de pensar no mal como conceito. Parece-me redutor. Mas quem sou eu para ditar isso já que nem consigo começar a compreender certas atitudes do animal homem.
At 4:57 da manhã, Anónimo said…
A História é contada pelos vencedores, dizem. O aparecimento da figura tenebrosa de Hitler foi fruto dum conjunto de circunstâncias económico-sociais, mas estará sempre associada ao extermínio dos judeus. Também gosto de ver "o outro lado" (passaram uns documentários interessantes na tv, sobre esse tema), e concordo contigo, Ricardo, quanto à perspectiva de não pensar no mal como conceito.
Mas por mais que tente compreender, continuarei a ver essa figura como uma aberração da natureza humana, uma emanação do mal, e daí não sairei.. por mais "humanas" que tenham sido algumas situações ou fases, no plano pessoal e afectivo, por exemplo.
At 9:47 da manhã, Ricardo said…
Guadalupe...
A questão não está na humanidade de algumas situações ou fases. O que importa reflectir é se o mal puro existe. A realidade é que Hitler, um conjunto alargado de oficiais e milhares de alemães cometeram actos ignóbeis. Hitler à distância e milhares a executar essas ordens. O que torna tudo confuso é que são pessoas iguais a nós, com mais ou menos traumas. Seríamos nós capazes de fazer o mesmo noutras circunstâncias. E o que leva um homem como Hitler (e muitos, mesmo muitos, outros) a sequer pensar em fazer determinadas acções?
At 11:48 da manhã, armando s. sousa said…
Gostei muito de ver este filme.
A realidade nua crua é que Hitler era um ser humano, do piorio, mas um ser humano e não qualquer marciano que apareceu pela Europa.
At 12:43 da tarde, Ricardo said…
Armando...
Exactamente! Não era um marciano. É importante aceitar isso!
At 5:36 da tarde, Anónimo said…
Algo do que disse no meu comentário anterior foram ecos do que na infãncia ouvi de colegas do meu pai, holandeses, que participaram em todo o processo.Diziam que todos sabiam o que ia acontecer, mas a França e a Inglaterra fecharam os olhos. Não houveram surpresas.Nem resistência.Isto talvez explique um pouco como foi tão longe.
Por outro lado no Oriente, Japão,China,Coreia,Timor, Filipinas, também se faziam pilhas de doentes e feridos e éram queimados vivos, campos de comcentração(penso que foi a mãe do José Afonso que esteve em um durante 3 anos),Horrores iguais aos da Europa e passam quase despercebidos.
A autor deste blog aconselho a alugar o filme cabaret com a Liza Minelli que ajuda a entender o começo do que Paulo II,disse não ser o MAL, mas a AUSÊNCIA DE DEUS.
At 6:21 da tarde, Ricardo said…
C. Indico...
São situações incríveis. Que alguns tenham ignorado a ameaça eu até compreendo, pior é compreender como é que milhares de pessoas fizeram algumas atrocidades de forma activa.
Quanto ao filme já tive oportunidade de ver apesar de há muito tempo. É excelente.
O mal acho um conceito redutor, como já tinha dito. Quanto ao resto aviso que sou agnóstico, hehe
Abraço,
At 6:22 da tarde, Ricardo said…
ah ... C. Indico ... tens blogue?
At 11:59 da manhã, Anónimo said…
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