678. Diário das Presidenciais 2006 (10)
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"Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países. Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações"
"Tem de ser um acompanhamento com algum pormenor que deveria ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa"
"a primeira tarefa que gostaria de realizar [caso seja eleito Presidente] era uma conversa longa com o primeiro-ministro"
Cavaco Silva
Eu não quero cair no exagero - que Soares caíu - de esvaziar completamente os poderes presidenciais só para provar que este tipo de discurso - o acima transcrito - não é o tipo de discurso que um Presidente da República - ou um candidato ao cargo - deva ter! Mas julgo não ser exagerado da minha parte sublinhar que esta crescente tendência de Cavaco em imiscuir-se nos assuntos executivos do Governo - e agora na sua própria orgânica - não é de todo saudável!
Não vou fazer o mesmo que Cavaco Silva faz com regularidade e anunciar desgraças para o país caso este ou aquele candidato seja eleito - ou no caso dele que não seja eleito ("pensem nos vossos filhos"; "Como vamos assegurar o pagamento de pensões?") - mas digo com veemência que este tipo de discurso em nada ajuda o país e a sua estabilidade institucional. Imaginem que o Primeiro Ministro resolve não aceitar a sugestão e, nesse cenário, escusado será dizer que alguém fica descredibilizado. Mesmo se aceitar a sugestão não me parece saudável ter uma Secretaria de Estado onde - independentemente dos seus resultados - haja um constrangimento em extinguir a própria de modo a não causar problemas institucionais.
Cada vez fico mais confuso em constatar que há tantos cidadãos a achar que Cavaco tem o perfil e a abordagem correcta para o cargo de Presidente da República!
5 Comments:
At 8:42 da tarde,
H. Sousa said…
Pode não ter poderes, mas tem direitos de sobra. Tem o direito de viajar mais, de acumular o vencimento com as reformas, etc..
At 9:31 da tarde,
Ricardo said…
Luísa,
"Nós" optamos por um regime semi presidencial com preponderância parlamentar. Pessoalmente não quero modificações porque, duma forma ou de outra, o regime tem conseguido equilibrar-se. O Presidente da República tem a importância que tem, conforme os poderes constitucionais e o perfil do homem por detrás do cargo, que eu considero que estão equilibrados porque não causam instabilidade desnecessária e há capacidade para intervir quando as instituições não funcionam.
Um beijo e obrigado pela visita,
At 9:32 da tarde,
Ricardo said…
TNT,
Qualquer um dos candidatos - pelo menos os três principais - vão concerteza perder rendimentos ao ganharem a eleição. E não considero exagerados - até pelo contrário - as remunerações e direitos do Presidente da República.
Abraço,
At 9:46 da tarde,
Anónimo said…
Cuidado com a Lebre já quer nomear lugares tenentes)
At 10:39 da tarde,
Fernando said…
Convém que homem fale. Ele não tem ideias e as que tem não servem para nada. Por aí não vem ao mundo. E assim fica-se a conhecer bem o homem que está por trás daquela figura sinistra. Se os 3 candidatos "principais" inclui o Alegre, gostava de saber que rendimentos perde com o lugar. Os de deputado? Essa deu-me vontade de rir, desculpa-me.
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