Filho do 25 de Abril

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sábado, março 18, 2006

813. Sala de Cinema: Tsotsi


Tsotsi

Realizador: Gavin Hood
Elenco: Presley Chweneyagae, Mothusi Magano, Terry Pheto, Percy Matsemela

Tsotsi significa, localmente, ou seja, na África do Sul, bandido, rufia, gangster. A personagem principal deste filme tem essa alcunha como se para defini-lo bastasse isso. Mas se há algo que este filme ensina é que cada pessoa, por mais insignificante que possa parecer, tem uma história.


Tsotsi, de Gavin Hood, com Presley Chweneyagae

O filme começa por desvalorizar a vida, ou melhor, não é bem isso, talvez seja mais correcto dizer que mostra como a vida, em certos locais do mundo, é efémera e precária. As pessoas nascem e amontoam-se em cidades de lata sem perspectiva de um futuro melhor, sem esperança nem sonhos. Mesmo ao lado, nas zonas ricas, a vida parece ameaçada – indirectamente também é precária – pelos tsotsi’s que crescem em monte naqueles limbos de pobreza. Lembro-me de, em tempos, António Guterres ter dito que se não tomamos conta dos pobres estes tomam conta de nós, ou seja, não podemos ignorar o problema porque ele – o problema - vem sempre ter connosco.

Quando os mundos colidem – entre os que ostentam conforto e os que nada têm – surge a violência desmesurada. Até que um dia o resultado de uma dessas colisões leva a que um bebé seja transportado de um mundo para outro. É aqui que o filme explora um tema deveras interessante, ou seja, ninguém escolhe as suas origens mas estas vão definir a nossa vida. A forma comovente como todos estes temas são desenvolvidos fazem deste filme um murro no estômago. O mundo é de tal forma desequilibrado que as origens definem, à partida, se vamos pertencer àquele grupo que vai, aparentemente, viver uma existência aparentemente profícua, com acesso ao melhor que a sociedade tem para oferecer ou se vamos pertencer ao grupo daqueles que tentam meramente sobreviver.

O filme, porém, tem uma mensagem importante. Ricos ou pobres, aleijados ou saudáveis, bem ou mal vestidos, cada vida tem valor e, mais importante, tem uma história. E independentemente da nossa origem o mais importante é sermos... decentes!

Síntese da Opinião: Uma perspectiva comovente do choque entre pessoas que vivem em espaços contíguos, ou seja, entre uma área pobre habitada por um milhão de pessoas a viver em casas de lata e uma área imponente constituída por edifícios financeiros e moradias de luxo em Joanesburgo. Um murro no estômago!

Memórias do Filho do 25 de Abril: Sétima Arte (todos os textos deste blogue sobre cinema)

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4 Comments:

  • At 8:06 da tarde, Blogger Alien David Sousa said…

    Não consigo ver nada. Está tudo escuro, MEU DEUS PERDI A VISÃO?!?!
    Vou tentar na segunda foto... ;)

     
  • At 8:38 da tarde, Blogger Rui Martins said…

    mais um filme que nunca chegará ao "mainstream" nem à programação das nossas televisões...

     
  • At 9:10 da tarde, Blogger gonn1000 said…

    Estou com alguma expectativa em relação a este filme, espero vê-lo em breve...

     
  • At 11:36 da tarde, Blogger pindérico said…

    Hoje voltei aqui com mais tempo e fui parar a um gostoso texto teu sobre um tal "major" Valentim de 22Abr2004. Gostei muito! E se calhar vem a propósito!
    Este País terá mesmo futuro????

     

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