Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

domingo, junho 27, 2004

(95) Terramoto Político

Barroso para Bruxelas, Santana para Belém (desculpem, para São Bento, é a força do hábito), Carmona para a Câmara de Lisboa. Ou será Manuela Ferreira Leite para São Bento e Pedro Pinto para a Câmara? Ou será Marcelo Rebelo de Sousa para São Bento? E se Santana fôr para São Bento, Cavaco para Belém? E agora pergunto eu, não tenho nada a dizer?

E se daqui a uns dias Santana candidata-se para Belém, e para Primeiro Ministro, indigita o Fernando Seara? Será possível que tudo se vai decidir nos almoços no Parque de Monsanto? E o programa eleitoral dá uma cambalhota e é atirado para o túnel do Marquês para servir de objecto de estudo arqueológico? Ninguém vê o ridículo disto tudo.

Eu sei que nem tudo anda à deriva porque a nossa Democracia é adulta e vai sobreviver com ou sem eleições. Mas parece-me uma situação ideal para convocar eleições. E passo a explicar. O nosso Primeiro Ministro sai a meio do primeiro mandato, onde ainda estava começando a implementar as suas políticas. Depois envolve não só o cargo que ocupa como possivelmente a Câmara Municipal. Depois o próprio Santana Lopes (ou qualquer outro dos nomes citados) nunca se colou ao tipo de medidas do Governo. Depois como entender que, após tantas dificuldades, o povo português acorde no dia seguinte com um novo Primeiro Ministro? Como entender, adicionalmente, que o cartão amarelo que Durão entendeu como um estímulo fique sem leitura política?

Vamos todos mostrar maturidade e respeitar a decisão do Presidente da República. Mas duma coisa tenho agora certeza mais do que nunca. O Regime semi presidencialista tem de ser retocado. O papel dos deputados é demasiado dúbio e até anti democrático. Às vezes são deputados da nação, outras são duma região. Às vezes têm liberdade, outras têm disciplina de voto (em qustões não ideológicas). Às vezes fazem comissões independentes, depois votam sempre na posição do partido. E afinal se amanhâ alguém estiver a candidatar-se para primeiro ministro e eu confiar nessa pessoa o que acontece no dia seguinte se o partido resolver apoiar outro?

Não sou defensor da regra de eleições sempre mas como o ciclo político está na sua fase inicial e foi tão polémico (metade dos ministros já contam os dias para se verem livres de tão penosa tarefa) haverá outra solução que não as eleições? Eu acho que não. Mas se houver contem comigo para colaborar e criticar porque só se constroi um país contruíndo e derrubando ao mesmo tempo.