Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, agosto 31, 2005

543. Sala de Cinema: Charlie and the Chocolate Factory




Realizador: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Freddie Highmore, Helena Bonham Carter, Christopher Lee, Deep Roy

Tim Burton está numa nova fase da sua carreira, certamente influenciada por uma nova etapa da sua vida pessoal (paternidade). Há uma abordagem diferente na escolha e execução dos projectos e uma nova perspectiva da família. Diria que os seus filmes eram muito negros com umas pinceladelas de cor. Esta nova fase é mais “colorida”, como eu a chamo, mas continua a ter elementos pouco convencionais, personagens problemáticas e cenários distorcidos. Mas esses elementos deixaram de ocupar quase todo o espaço do filme para serem uma pequena parte dum mundo mais acolhedor. Já em Big Fish a família tinha ganho o papel central de todo o filme. A família é agora vista como o último dos objectivos, leia-se, encontrar essa difícil harmonia familiar.

Em Charlie and the Chocolate Factory há um conflito entre esses dois mundos de Burton. Por um lado, uma família pobre mas em harmonia (diria que a harmonia é quase republicana mas a fazer lembrar Dickens), e por outro lado, há o infeliz mundo de Willy Wonka (Johnny Depp), que representa o antigo mundo de Tim Burton, leia-se, um mundo solitário e negro. Mas, noutros tempos, a escuridão nunca daria lugar à luz e Willy continuaria desadaptado do mundo “normal” até porque esse mundo sempre foi desprezado por Burton (veja-se o destino da personagem de Depp em Edward Scissorhands). Mas agora tudo mudou no universo de Burton...

Para pior? Não! O espírito criativo continua lá, a imagem de marca não desapareceu e o entusiasmo para criar visões diferentes do mundo também não. Por isso vale a pena ver este filme porque, acima de tudo, não é um enlatado de Hollywood nem a criatividade de Burton está formatada.

Uma nota final para Johnny Depp porque este está fenomenal (como sempre) nesta mistura de Michael Jackson com algumas das suas personagens anteriores (Edward Scissorhands, Ed Wood e até Jack Sparrow). É uma boa notícia saber que ainda há actores que arriscam! Fico a aguardar o próximo de Tim Burton ao estilo de Nightmare Before Christmas, Corpse Bride.

Síntese da Opinião: A não perder! Até porque não é todos os dias que assistimos a 2001 – A Space Odyssey, versão Tim Burton!

6 Comments:

  • At 1:02 da tarde, Blogger Ricardo said…

    At 12:53 PM, Senador said…

    Muito bom! Embora esperasse um pouco mais por ser um filme do Tim Burton tenho de dizer que vale a pena perder 5€ e ir ver este filme. A história tem uma boa moral em que nem sempre os aparentemente mais bem preparados, ambiciosos, ricos têm de ser vencedores! E os cenários são de fazer um chocolate-dependente delirar...

    (tive que mover este comentário porque foi feito enquanto movia as imagens no blogue... Ricardo)

     
  • At 5:07 da tarde, Blogger armando s. sousa said…

    Olá Ricardo,
    Fui ver este filme com toda a minha família e achei-o absolutamente excepcional.
    Como dizes, muito bom a não perder.
    Um abraço

     
  • At 6:22 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Óptimo comentário.

    F / X

     
  • At 12:58 da manhã, Blogger Pedro F. Ferreira said…

    E é tão bom quando descobrimos que ainda somos capazes de sentir um filme como quando éramos putos (mais putos). Abraço.

     
  • At 11:29 da manhã, Blogger Senador said…

    Mais uma nota para a presença de christopher Lee. O homem deve ser imortal... e nos últimos anos voltou mesmo à ribalta com a presença tb no Senhor do Anéis e em Starwars! Sou um grande admirador principalmente da voz que penso ser uma das melhores de sempre para efeitos de narração.

     
  • At 11:21 da manhã, Blogger gonn1000 said…

    É bom e bonito, dos melhores de Burton dos últimos anos, mas não é fenomenal...

     

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