Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

domingo, março 03, 2013

1178. Manifestação de 02 de Março

Faço um ponto prévio. Considero que com justiça podemos estar todos de acordo, indepententemente da contabilidade da manifestação, é impossivel não associar a manifestação de ontem a uma enorme frustação nacional que se vive. Enquanto o Governo segue convicto que está a ter sucesso no que julga ser a sua missão, é preciso observar que factualmente desde a tomada de posse deste Governo: a carga fiscal agravou-se ainda mais (para níveis cujo retorno já é dúbio), que os salários desceram (a redução dos rendimentos nada tem de diferente no curto prazo do que o efeito do aumento da taxa de um imposto directo) e que os benefícios que a sociedade nos oferece de forma ampla regrediram de forma substancial.

É certo que a tendência já vinha de pelo menos uma década atrás, e que a herança foi pesada e castradora, mas sinceramente não é possivel ver neste mandato do Governo nada particularmente aproveitável. Mesmo que esta estratégia resultasse em melhoria do défice e dívida pública (que não consigo ver de forma cabal), nunca a poderia apoiar porque, no fundo, nada está a resolver, nada está a melhorar.

Particularmente chocam-me dois sinais: a forma como começamos a aceitar com naturalidade que há certos tratamentos e medicamentos que vamos ter acesso de forma limitada e conforme a disponibilidade financeira e a cobardia como tratamos quem já não pode reagir, como os reformados.

Posto isto, admito que há a percepção por parte do Executivo de uma fase II, a tal fase da redução real dos custos do Estado em 4 mil milhões. Não sou ideologicamente contra esse rumo, temos Estado a mais em muitas áreas (e bem a menos noutras) mas a grande questão é que o Estado seja eficiente nas suas funções, quer económicas quer sociais, e nesse aspecto não vejo razões para olhar para a frente com confiança. Interessa-me um Estado bem dimensionado capaz de executar as suas tarefas essenciais, e continuamos a ter e a antever um Estado mal distribuído, com tarefas que não são suas e incapaz de providenciar o que é de facto essencial. E é aqui que este Governo verdadeiramente falha (e que esta oposição também vai falhar), porque nem superficialmente vê-se capacidade técnica, visão e vontade de realmente tornar o Estado num factor de diferenciação positiva, só vejo a mais pura vontade de cortar onde se consegue, não onde se deve.

1 Comments:

  • At 3:06 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Pois é, passado cinco anos estamos mais pobres, sem algum deslumbre de retrocesso. Qual vai ser o limite para o empobrecimento?
    És o filho do 25 de abril, mas estamos a voltar ao antes, em que só os ricos podem ir para a faculdade, ter boa assistência médica e acesso aos melhores empregos
    Bem-vindo à escrita!

     

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