Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, fevereiro 16, 2005

(327) O "Debate Final"

"Já percebemos que Paulo Portas foi o único ministro que criou empregos neste Governo"
José Alberto Carvalho

Fiquei ansioso quando ouvi José Alberto Carvalho e Judite de Sousa anunciarem "O Debate Final"... pensei que o actual Governador da Califórnia fosse participar no debate do "juízo final". Afinal o Debate não era "o" Final mas tão somente "o" Último...

O grande vencedor do debate, permitam-me a ironia, foi Jerónimo de Sousa. Conseguiu criar uma imagem de simpatia sem ter de apresentar as sua ideias com mofo.

A primeira parte do debate foi demolidora (no pior sentido) para Santana Lopes. Começou, de forma até hilariante, a rebater a ideia de que o Governo dele foi o pior desde 1944 porque afinal, segundo ele, só foi o terceiro pior (fica mesmo assim no pódio dos piores). Acossado na primeira parte por Francisco Louçã foi incapaz de formular uma única resposta coerente (a da Educação foi um rol de inutilidades e o da Segurança Social caíu na armadilha de Sócrates por não ter feito previamente nenhum estudo). Melhorou na segunda parte (com a ajuda dos assessores ao intervalo) e as respostas sobre a Saúde e Coligações foram bastante razoáveis.

José Sócrates esteve mais descontraído e criou sérios problemas aos candidatos de direita. Os ataques foram certeiros e a ironia da Sociedade Anónima (PSD não se responsabiliza por nada) versus Sociedade por Quotas (PP só quer saber da parte que fez) até tirou Paulo Portas do sério. O pior foi tentar explicar as medidas do PS, foi falar do futuro. A declaração final foi mais eficaz do que a do debate a dois.

Francisco Louçã tem a estratégia da denúncia e, até certo ponto, isso foi eficaz ao embaraçar Santana Lopes e Paulo Portas. Quando tenta estruturar as propostas é que nada de realista aciontece. Acho que foi particularmente eficaz ao expor a demagogia de algum combate à droga.

Tenho dificuldade em analisar a prestação de Paulo Portas porque é complicado acreditar na sua autenticidade. O líder do PP é um verdadeiro camaleão que até a quem costuma estar atento à política, fica com dúvidas se pertenceu ou não ao Governo. Atrapalhou-se na Sociedade por Quotas e na explicação do todo do Governo PPD/PP mas recuperou nas Educação e Saúde.

O debate no global e neste formato permitiu uma discussão viva mas sem novidades. A Europa e a Justiça continuaram fora do debate e os outros temas foram debatidos sem rigor. Sem vencedores claros (além do referido ausente) acho que quem esteve mais tempo sem rumo no debate foi Santana Lopes, chegando a dar respostas sem estar sequer a pensar no que estava a dizer tal era a deriva mental com que estava no debate. Morno e sem ser dramático... fará diferença no "final"?

4 Comments:

  • At 4:43 da tarde, Blogger transeunte said…

    Confesso que hoje ao acordar pensei logo aqui dar um salto certo que estava da existencia deste post. Não vi o debate todo e a julgar pelas tuas palavras(permite-me tratar-te por tu) parece que so vi a parte em que a direita saiu por cima, salvo seja. Uma vez que ainda não sei bem em quem vou votar este domingo, e ciente das minhas limitações em determinados assuntos do debate parece-me ainda assim que em poucos os assuntos os candidatos são claros e objectivos. Por vezes fica a ideia que preferem atacar-se uns aos outros do que realmente esclarecer os eleitores. Tenho pena que Jerónimo nao tenha feito ouvir as suas ideias, estava com alguma curiosidade de o fazer. ainda assim, analisando os outros deixo resumidamente as minhas ideias. sócrates parece um "fantoche" convencido que vai alcançar a maioria, acima de tudo crente das asneiras feitas e na insatisfação dos portugueses. Paulo Portas pouco falou mas quando o fez pareceu-me seguro, ainda que a tal faceta de camaleao que falas me possa enganar. Santana apesar de tudo pareceu-me o mais natural, na questão da reforma, correndo o risco de originar uma anarquia, parece-me importante dar a opção de escolha( o exemplo do seu pai foi uma jogada interessante). Quanto ao bloco de esquerda, cada vez me desilude mais. Exceptuando a questão do combate a droga, ainda que não tenha referido a quastão das drogas leves, pareceu-me confuso e acima de tudo ofensivo para com a direita, acentuando uma noção de descrença ja existente e por isso talvez desnecessária.
    Mas isto foi o que vi...ainda sem saber para onde ira o meu voto, parece-me que do meio de mentiras e acusações de falsidade de parte a parte não poderemos sair. Porque de muita coisa nós nunca saberemos nem a metade. Um abraço

     
  • At 5:31 da tarde, Blogger Unknown said…

    O vencedor do debate foi nitidamente Jerónimo de Sousa pois, apesar de não ter conseguido falar quase nada, foi o único que lançou para a mesa uma ideia viável (sobre o desempego no textil). Não tenho conhecimentos para perceber o que é que ele queria mas quer Sócrates quer santana até pareceram que foram apanhados e dos seus comentários ficou a noção de que ambos disseramn para os seus botões "porque é que eu não me lembrei disto?".
    Pode não ser verdade mas foi a ideia que deu.
    Acho desagradável que classifiques as ideias do Jerónimo com o epitoto "mofo".
    Há qualquer coisa que cheire mais a mofo do que o capitalismo do Século XIX que nos querem vender como modernidade?
    Há alguém que cheire mais a mofo do que o Paulo Portas?
    Francamente! Tens de ter mais cuidado com o que escreves.
    Quanto ao transeunte, dizer que o Louçã foi ofensivo para a direita é forte pois a direita é altamente ofensiva para toda a esquerda.

     
  • At 6:03 da tarde, Blogger armando s. sousa said…

    Eu concordo com o Raio.
    Jerónimo de Sousa puxou para o debate, que não pode ter, o problema dos texteis, e eu acrescento do calçado, para um perigo iminente, de consequências desastrosas para centenas de milhar de pessoas. A liberalização dos texteis e calçado por parte da OMC, à China, poderá lançar num curto espaço de meses, dezenas de milhar de pessoas no desemprego.A hipotética criação de 150 000 empregos, nada valerá se forem lançadas 300 ou 400 mil pessoas para o desemprego.

     
  • At 8:35 da tarde, Blogger Politikus said…

    Quem tinha dúvidas ficou esclarecido.. não temos políticos com erfil para Primeiro Ministro.

     

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