691. Sequestros sem consequências
Khaled El-Masri (vendedor de automóveis) é um alemão de origem libanesa que está a provocar um sério embaraço à administração norte americana (entre outros casos já públicos). Este alemão foi raptado pela CIA enquanto estava de férias na Macedónia com a família e foi levado para uma prisão no Afeganistão onde esteve por 5 meses. Após este período em que nem sequer foi formalmente acusado a CIA apercebeu-se que a detenção foi feita de "forma equivocada" e resolveu, pasmem-se, abandoná-lo numa rua no meio de nenhures na... Albânia.
Na recente visita à Europa Condoleezza Rice negou qualquer transporte de prisioneiros com o objectivo de aproveitar o sistema legal doutros países para efeitos de tortura! Mas Angela Merkel revelou que, numa conversa privada, Condoleezza Rice admitiu o sequestro do cidadão alemão e o equívoco da sua detenção.
Devemos desdramatizar estes casos? Não consigo! Parece que estou a assistir a um lento desmantelamento do que demorou décadas a conquistar, ou seja, a aceitação universal dos direitos humanos e do direito internacional.
7 Comments:
At 5:23 da tarde, Unknown said…
Ricardo,
Pois é, a criação da União Europeia, aliada objectiva dos Estados Unidos, ao basear-se na manipulação e na mentira para distrair os povos e assim atingir os seus fins tem como subproduto o fim do sistema democrático.
Folgo que te comeces a aperceber deste facto.
Um abraço
At 9:01 da tarde, Ricardo said…
Raio,
Confesso que não tinha reparado que somos aliados dos EUA no que toca ao Iraque. Mas essa é uma questão menor.
Independentemente do país ou países que estão a pactuar com esta situação o que importa é evitar que estas situações continuem a acontecer e fazer com que as situações do passado recente não fiquem sem consequências.
Abraço,
At 5:31 da tarde, Inês said…
claro que não devemos desdramatizar estes casos! estes que se conhecem e os muitos outros que vão permanecendo na obscuridade.
é de facto extraordinário que um país que se auto-proclama democratizador do mundo... enfim... palavras para quê? para quando os actos? quando é que são presentes ao tribunal de guerra todos os criminosos?
o mundo olha apático, tadinho. até quando?
At 10:19 da tarde, H. Sousa said…
Eu até chego a admitir que alguma dose de razão... Não, tudo menos ter razão, tudo menos ceder ao humanitarismo. Estou lúcido? Estão loucos? Merda, estão loucos!
At 11:19 da tarde, Anónimo said…
Não temos a mesma posição ideológica, mas neste ponto estamos de acordo. É preciso respeitar escrupulosamente os direitos humanos no combate ao terrorismo, até para frisar que é isso precisamente que nos separa dos terroristas.
raio, mais uma vez acho que isto nada tem a ver com a UE - até porque a existência de uma política externa europeia é uma ficção.
At 11:27 da tarde, Unknown said…
Caro Ricardo,
A maior parte dos países da União europeia apoia os Estados Unidos no Iraque. E os que se opõem à guerra no Iraque apoiam a do Afganistão.
E, olhando para trás, a UE no seu todo foi aliada dos Estados Unidos numa data de guerras ou de crises.
A guerra causada pela invasão do Kwait, as guerras da Juguslávia, a crise da Ucrânia, a guerrinha que se faz à Bielo-Russia, etc., etc.
O que foi curioso no caso do Iraque foi que alguns dos países mais importantes da UE não apoiaram a invasão. A meu ver foi simplesmente por razões comerciais. Saddam dava uma data de dinheiro a ganhar a franceses e alemães e o Bush esqueceu-se de lhes prometer uma divisão equitativa do bolo quando o Saddam caísse.
Não tivesse ele querido tudo para ele e outro galo cantaria...
Um abraço
At 1:18 da manhã, Ricardo said…
Raio,
Concordo com um ponto, ou seja, parte da Europa não apoiou os EUA na guerra do Iraque por razões comerciais.
Mas, felizmente, ainda há diferenças importantes a realçar. O desmantelamento dos direitos civis e das liberdades individuais está a ser feito a um ritmo muito maior nos EUA e espero que a UE resista a essa tentação. Era a vitória daqueles que usam o terrorismo como táctica. E, também felizmente, tem sido a UE que tem feito uma enorme pressão para que estes raptos e voos ilegais sejam expostos. Se há ou não, a Leste, prisões ilegais é outra questão preocupante mas, mesmo aí, a UE já avisou que haverá severas repreensões aos países que instalaram prisões à margem dos direitos humanos.
Neste assunto convém não proteger nem atacar nenhum país ou conjunto de países mas sim tomar uma posição clara de condenação ao que se está a passar!
Abraço,
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