Filho do 25 de Abril

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terça-feira, setembro 19, 2006

908. Filosofia Barata: Grão de Areia no Universo (1)


Clouds of Carina - Hubble Heritage Team - AURA/ STSci/ NASA

Olhemos para a imagem. Quantas estrelas estão visíveis neste finito - em largura, comprimento e profundidade - olhar sobre o universo? Quantos planetas devem orbitar o conjunto destas estrelas? Quanta "vida" - existência - deve subsistir na reunião de todas estas partes que constituem um todo?

Pensar desta forma, ou seja, que é provável a existência de inúmeras formas de "vida" fora do nosso planeta faz-me olhar para a minha (nossa) existência - ou "vida" - de forma relativa. Somos insignificantes no contexto global do que nos rodeia - somos um grão de areia no universo - e não conseguimos - como espécie - lidar com a nossa própria insignificância. Criamos, por arrasto, complexos "sistemas" de regras e leis que dão consistência à possibilidade de uma "vida" - eterna, ou seja, com significado - após a morte.

Não é o meu objectivo negar a existência de um "ser superior" - afinal estamos todos, sem excepção, desprovidos de informação fiável sobre o sentido da "vida" - mas, confesso, parece-me tudo muito conveniente. Eu explico. A ideia que há um "criador" de tudo o que é "vivo" ou "inanimado", um ser que é tudo menos insignificante, e que ainda por cima criou-nos à sua imagem é, de facto, muito conveniente para o fim proposto. Deste modo é natural que eu desconfie dos deuses e ainda mais do modo como estes nos são "apresentados" pelas diversas religiões. No fundo as religiões são - já foram mais - essenciais para que o homem esteja disciplinado e, mais importante, que tenha esperança numa recompensa que premeie essa disciplina. A religião, de forma conveniente, foi a cola das nossas sociedades e, muitas vezes, dos nossos "representantes".

É importante não me dispersar mais. Como dizia, por outras palavras, defender a existência duma "alma" é a escapatória perfeita à morte, ou seja, à nossa insignificância no contexto global. Só temos uma certeza, concretizando, a morte é visível, é a extinção duma "forma de vida", ou melhor, quando esta deixa de ser viável e, sejamos frontais, a vida após a morte é mera especulação mas essa especulação, nas suas mais diversas formas, tem sido o sustentáculo de muitas sociedades ao longo da história. Até prova em contrário, continuamos a ser um grão de areia no universo...

Continua...

1 Comments:

  • At 8:47 da tarde, Blogger Nuno Guronsan said…

    Bonitas palavras, Ricardo. E com as quais concordo perfeitamente, mesmo tendo no meu "background" uma série de princípios que me foram legados por uma religião. E tenho de admitir que é um tema (a existência de algo para lá da morte) que me fascina, de modo que vou estar atento à continuação deste post. Abraço.

     

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