Filho do 25 de Abril

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sexta-feira, setembro 15, 2006

901. Descompressão?


Depois de uma sucessão de anos em que as notícias económicas eram deprimentes eis que chega a bonança. Na minha opinião apenas para voltarmos a cometer os erros do passado - o ritmo reformista abranda, nenhuma mudança de fundo está feita, o tecido empresarial continua pobre e a empobrecer - mas, de qualquer maneira, finalmente boas notícias.

A execução orçamental, realisticamente, corre bem melhor que no passado - bendito crescimento económico que, afinal, sempre foi a chave do problema - com a receita pública a crescer 7,7 por cento e a despesa a aumentr 2,8 por cento, com um grau de execução de 65 por cento até Agosto. Fica por saber, como muito bem avisa o ministro das Finanças, se as autarquias - que agora até negoceiam a cedência de créditos futuros com a banca (é chocante!) - e as regiões autónomas estão a ter um desempenho idêntico à Administração Central.

Já estou mais conformado com a necessidade de não sobrar nada do sector empresarial nas mãos do Estado - continuo reticente em relação ao sector energético mas enfim - mas espero que as receitas provenientes das privatizações - 1560 milhões de euros este ano com a Galp, Rede Eléctrica Nacional e Portucel - não sejam utilizadas para atingir a meta orçamental mas sim para ir além do que foi definido como objectivo. Está na hora de cumprir a promessa de separar bem as águas entre o que é uma receita extraordinária e uma ordinária.

A cereja no cimo do bolo é a indicação - cautelosa para já - duma descida do IVA até ao fim da legislatura. Aproveito, mesmo assim, para relembrar que a subida do IVA de 19 para 21% não foi definitiva já que o Governo, a priori, resolveu chamar o aumento de transitório, ou seja, com data de expiração. Assim regressar aos 19% não é uma descida mas a natural evolução duma promessa do Governo mas como as promessas são como o vento, nunca se sabe para que lado sopram, é bom ouvir esta indicação.

Remato este texto com um aviso. Estamos a entrar num ciclo mais positivo para Portugal mas os problemas estruturais não desapareceram e só antevejo um futuro risonho para as gerações de portugueses que estão agora a aparecer se e só se o esforço para mudar a nossa mentalidade e ultrapassar as limitações da nossa economia for contínuo.

2 Comments:

  • At 1:40 da manhã, Blogger Unknown said…

    Caro Ricardo,

    "espero que as receitas provenientes das privatizações - 1560 milhões de euros este ano com a Galp, Rede Eléctrica Nacional e Portucel - não sejam utilizadas para atingir a meta orçamental"

    Não te preocupes pois as receitas das privatizações, segundo as regras de Bruxelas só podem servir para abater divida pública, mais nada, isto é, não podem ser consideradas receitas extraordinárias.
    Pelos vistos ainda pensas que somois um país idependente e que podemos fazer o que queremos...

    Quanto ao ritmo reformista eu até acho muito bem que abrande pois uma sociedade tem uma certa inércia e se quisermos "reformar" tudo ao mesmo tempo não reformamos nada e ainda partimos os dentes...


    Quanto á previsívfel descida do IVa o facto de ela ir acertar num período eleitoral deixa-me um pouco incomodado. Estava habituado a estas manobras desonestas da parte do PSD e não do PS.

    Um abraço

     
  • At 8:51 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Espero bem que este cenário se mantenha. As finanças públicas tornam-se muito facilmente alvo de crítica, mais por motivos políticos do que por motivos racionais. Gostei do panorama traçado, mas continuo com as minhas dúvidas relativamente aos resultados, pelo menos até ao final do ano. Um ténue sinal de crescimento não é ainda o crescimento.

     

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