Filho do 25 de Abril

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quinta-feira, fevereiro 22, 2007

1014. A Paz antes da Guerra

"Vamos fechar a porta do passado. Vamos a tempos novos"

"Se o povo me der maioria absoluta, eu vou reactivar uma série de propostas em Lisboa. Não em termos de exigência. Vou dizer: vamos lá rever isto tudo outra vez. Viram que os madeirenses se sentem injustiçados. Não há interesse nenhum em manter estes conflitos, vamos lá ver como é que se resolve isto"
Alberto João Jardim

Na primeira entrevista após a demissão, o ainda Presidente do Governo Regional, resolveu mudar completamente de tom. Do tom agressivo das suas intervenções no último ano e até no discurso da demissão passou, da noite para o dia, para um discurso moderado e até afável. É de louvar. Porquê só agora?

Eu também acho que é do diálogo que nascem as melhores soluções e acredito que o Presidente do Governo Regional, e principalmente os madeirenses, só têm a ganhar com a cooperação institucional entre os Governos, o regional e o nacional. Mas nenhum diálogo funciona sem o respeito pelas obrigações das duas partes. A realidade é que Alberto João Jardim tem desrespeitado completamente as mais básicas regras de solidariedade nacional e sempre defendi que, um dia, tinha que chegar um Ministro das Finanças que tivesse a coragem de ser inflexível nas consequências que o despesismo sem rei nem roque tem. A verdade é que o Governo Regional não teve esse respeito, nem com Cavaco, nem com Guterres, nem com Durão. A regra foi sempre gastar o que temos à disposição mais o que não temos mas podemos ter mais o que não podemos pagar mas que algum Governo Nacional há-de pagar. Os consecutivos Governos ameaçaram com consequências e só Cavaco Silva, justiça lhe seja feita, foi claro ao afirmar que nem mais um tostão do Orçamento de Estado para o perdão das dívidas regionais.

Para haver diálogo tem que haver respeito pelo país como um todo. O discurso político na Madeira tem que deixar de ser separatista e, acima de tudo, tem que deixar de criar clivagens entre portugueses. Se é essa a nova estratégia de Alberto João Jardim então estarei aqui para a louvar. Se em vez de berrar e espernear num tom de chantagem, resolver cooperar e ser solidário com os problemas do país ao nível dos recursos então será positivo. Não o absolve dos erros do passado mas lança novas soluções para o futuro da Madeira, até porque Alberto João Jardim nunca permitiu que houvesse uma verdadeira cooperação entre a região e o país.

E, no meio da crise política entre Lisboa e Madeira, fica uma certeza e uma pergunta no ar. A certeza é que a exigência de disciplina nas contas regionais já está a ter eco (o respeito é imposto pela força). E a pergunta é porque é que Jardim não teve, ao longo dos anos, esta atitude de respeito e cooperação com o Governo Nacional?

E agora surge-me uma nova pergunta: Será sincero este espírito de solidariedade nacional e por quanto tempo vai durar?

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3 Comments:

  • At 11:56 da manhã, Blogger Trilby said…

    Conheces aquela atitude que as crianças têm e a que vulgarmente chamamos "braço-de-ferro"? Experimenta, vê que consegue, continua. É, talvez, o que melhor caracteriza o comportamento do AJJ. Agora não deu resultado teve de mudar de tom.

     
  • At 7:37 da tarde, Blogger Jorge Soares Aka Shinobi said…

    Excelente blogue Ricardo, já o "linkei" no meu espaço! Discordo de algumas coisas que escreveste neste texto, mas tal fica para falarmos quando decidires sair à noite comigo e com o teu irmão, e fizermos um jantar bem regado!
    Um grande abraço,

    Jorge Soares aka Shinobi

     
  • At 1:06 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Jorge,

    Está combinado. Vou dar um salto ao teu espaço já que é capaz de ser mais consensual - ou, pelo menos, pacífico - discutir cinema.

    Abraço,

     

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