Filho do 25 de Abril

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terça-feira, maio 11, 2004

(40) Religião (4)

Já comecei há algum tempo esta viagem espiritual à procura dos rótulos que devo dar às minhas convicções religiosas. Já cheguei a algumas conclusões nesta viagem que não tem fim a não ser o próprio fim.

Serei Laico? Uma vez que concluí que não sou Judeu, nem Cristão, nem Budista, nem Muçulmano devo ser Laico. Laico, segundo a entidade reguladora do conhecimento colectivo deste rectângulo e ilhas do planeta Terra, é alguém que não é religioso, que é leigo. Como sempre o esclarecimento é profundo mas, infelizmente, a minha mente não consegue processar e assimilar uma descrição tão pormenorizada. Uma coisa, porém, posso afirmar. Defendo um Estado Laico! Laico também no respeito à diferença, não Laico na expulsão desta diferença. Não confundir com a interpretação actual do Estado Francês que remete o laicismo à proibição da diferença religiosa. Ser um Estado Laico é tratar todas as religiões com igualdade, é deixar exprimir a diferença de convicções, é dar liberdade religiosa. Não é, definitivamente, proibir as manifestações de fé.

E Ateu? A Porto Editora, entidade que armazena todo o saber oficial, diz de sua justiça. É o indivíduo que nega a existência de qualquer divindade, incrédulo, céptico. Já Agnóstico é aquele que é partidário do Agnosticismo, “sistema filosófico segundo o qual o espírito humano ainda se encontra impossibilitado de alcançar, sobre certos fenómenos (por ex., a origem da vida), um conhecimento absoluto”. Não é inocente a sobreposição destes conceitos pois são de díficil distinção.

Ser-se Ateu é não acreditar na existência de um ser superior, num “deus”, num ser omnipotente, omnisciente, omnipresente, criador do universo e do ser humano. Um Ateu apenas acredita na sua (homem) existência, não na existência de um “deus”. principalmente com estas características.

A partir daqui o conceito adensa-se porque há duas formas de negação. A relativa, em que nega por falta de provas, porque, com base na observação, nunca demonstraram a existência da divindade. A absoluta, em que afirma a inexistência de um “deus” refutando os argumentos da sua existência e demonstrando pelo raciocínio a impossibilidade da sua existência. Há, nesta última negação, uma atitude activa, há um empenhamento em negar a existência de um “deus” enquanto que na primeira há um esperar de provas. Daqui vem uma distinção importante. A negação relativa pode chamar-se de Agnosticismo (é-se Agnóstico), a negação absoluta é-se Ateu (militante ou praticante).

A concluir, mas não concluído, mentecapto! É claro que continua...