Filho do 25 de Abril

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domingo, maio 09, 2004

09 de Maio de 2004 (35) – Grão de Areia no Universo: Ayrton Senna

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Bem sei que não foi hoje que fez 10 anos sobre a morte do Brasileiro mas para falar sobre Ayrton Senna qualquer dia do ano é bom. Quando as pessoas morrem não são elas que sobrevivem na mente das pessoas. O que sobrevive é a lenda, o ícone, o que representava, enfim!, nada mais do que uma caricatura.

Aqui vai a minha caricatura, a minha opinião do ícone, da lenda. Eu vibrei incontáveis fins de semana com Ayrton Senna, eu via todos os seus treinos, corridas, entrevistas, curiosidades. A minha caricatura é, portanto, em primeira mão, não uma versão filtrada por outra(s) pessoa(s).

O que é que eu gostava no Senna? Nem sei bem se a audácia, a ambição, o talento, sinceramente não sei! Senna era magnético, atraía o público porque era cativante dentro e fora das pistas. Na pista todo o momento era um bom momento para desafiar os limites, fora da pista tinha aquela personalidade de “menino rebelde”. Era obcecado pelo risco, desafiava os limites da física!

Representou tudo o que eu gostava de ver na Fórmula 1, quando morreu, levou toda a beleza da modalidade com ele. Alain Prost era o reverso da moeda, frio, calculista, táctico. Os seus combates são lendários, a emoção era intensa, desafiavam-se mutuamente e cresceram com isso. Quanto a mim Senna era melhor que Prost, a sua velocidade batia a eficácia europeia de Prost. Se tivesse vivido mais concerteza teria sido o piloto com melhor palmarés da história da competição. Apesar de tudo, Senna nem sempre escolhia tão bem os construtores de carros como Prost mas, mesmo assim, só deixava de lutar quando vencia, porque quando perdia só estava a adiar a vitória.

Ficaria para toda a eternidade a falar de Senna, mas para quê? Para toda a eternidade já está no meu pensamento, por tudo aquilo que representava. A Fórmula 1 perdeu chama, perdeu a magia Sul-Americana. Barrichelo é submisso, Montoya é impulsivo mas não tão completo como piloto. Já Schumacher minou a emoção com a sua frieza alemã, apesar de ser um piloto excepcional. A Idade Média da F1 dura há já demasiado tempo, Senna devia ser a inspiração para tudo voltar a mudar.

Senna, deixaste saudades, marcaste a minha vida, chocaste-me com a tua morte! Que sejas um exemplo para o Mundo mas principalmente para o teu Brasil. O teu Brasil resignou-se, assim como o Barrichelo, e precisa da tua ambição e força de vontade para conquistar de novo o Mundo. Até um dia destes, campeão!