Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

segunda-feira, novembro 08, 2004

(228) Sala de Cinema: Noite Escura, de João Canijo


Noite Escura Posted by Hello


Evito ver cinema Português pelos vícios que este teima em manter. Há, quase sempre, um excesso de teatralidade, uma linguagem rica em palavrões para tentar ser natural de forma artificial e uma constante confusão entre ser-se cerebral e ser-se enfadonho. Este filme ainda tem grande parte destes vícios mas é um passo em frente.


Rita Blanco Posted by Hello


O filme passa-se todo numa casa de alterne. Gira à volta duma família disfuncional que vive tempos complicados, vítimas de chantagem de um chulo ucraniano. O que este filme tem de interessante é conseguir criar uma atmosfera bastante decadente e, a partir daí, relatar um dia particularmente intenso na vida desta família. Fernando Luís encarna a personagem do palhaço triste, um homem que se deixa corromper pelas suas fraquezas. Rita Blanco (magnífica como sempre, quando pode e quer) é a personificação da decadência, sempre disfarçada por plumas e distracções voluntárias. Beatriz Batarda é uma das surpresas deste filme interpretando uma personagem trágica e bem construída.

Este filme está ainda carregado de tudo o que de pior o nosso cinema tem. O pior é que há essa consciência nos nossos cineastas e estes forçam a naturalidade, como se isso fosse a solução. Mas há importantes progressos. As cores com os tons de vermelho, azul e verde dão um ambiente incrível ao bar. As conversas de fundo são duras, são os sussurros da realidade. As interpretações são sólidas. A realização é eficaz. A música, mesmo a pimba, adequa-se lindamente ao filme. Ainda melhor é a ligação entre cenas como se todos os fragmentos das frases e das emoções fossem construíndo algo maior, um filme com pés e cabeça. Uma surpresa agradável.

4 Comments:

  • At 11:24 da manhã, Blogger Didas said…

    Se calhar vou ver. Aquele com a Marisa Cruz é que não há pachorra.

     
  • At 11:52 da manhã, Blogger transeunte said…

    Confesso que fiquei curioso. Também eu tenho algumas reservas em relação ao cinema portugues as verdade seja dita. Tem melhorado bastante. Um abraço

     
  • At 3:47 da tarde, Blogger Toze said…

    Tomei nota...mas sempre com um pé atrás, realmente o Cinema Português é do mais fraco da Europa, não se entende ! Abraço

    Finurias

     
  • At 12:23 da tarde, Blogger CC said…

    Eu achei o filme o filme excelente. Um dos melhores filmes portugueses de sempre. Concordo com a tua apreciação positiva, mas não com as críticas depreciativas.

    A despropósito: este blog é muito bom. Parabéns.

     

Enviar um comentário

<< Home