Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, dezembro 01, 2004

(248) O Dilema de Sócrates

Porque é que Sócrates não queria eleições antecipadas? A resposta é simples! Sócrates estava a ter uma postura muito reservada num período muito conturbado da nossa vida política e económica. Vou tentar analisar o porquê desta postura:

Cenário 1 – Santana Lopes cumpria a legislatura

É o cenário que politicamente mais interessava a Sócrates. O PPD/PP continuava descoordenado e sem rumo deixando o PS bem colocado para ganhar as Autárquicas e as Legislativas e deixava o PSD sem candidato presidencial. Adicionalmente, dava tempo ao PS para organizar o seu programa eleitoral nos novos Estados Gerais dando visibilidade a uma alternativa credível para o país (a escolha de Vitorino para coordenar o programa eleitoral não é inocente). Proporcionava igualmente tempo a Sócrates para tornar-se mais conhecido no Portugal profundo. Por fim, deixava para trás as impopulares medidas da lei das rendas e do fim das SCUTS. Era o cenário mais reconfortante para Sócrates mas o mais nefasto para o país.

Cenário 2 – O Governo cai antes do fim da legislatura

Este cenário assustava Sócrates e tornou-o pouco interventivo. Havia o cuidado de não subestimar a capacidade de vitimização que Santana tem. O PS não podia dar a entender que a dissolução acontecia em resultado da pressão da oposição. Havia ainda o perigo, apesar de reduzido, de Santana não se recandidatar e o PSD arranjar um candidato mais forte como Marcelo, que está nas graças dos portugueses por também ter sido uma vítima que tem mais visibilidade no Portugal profundo. As autárquicas e as presidenciais também serão agora mais difíceis de ganhar.

A escolha de Sócrates não era fácil porque o PS não está nem preparado nem interessado em governar já. Sampaio também sabia que o PS teria um programa mais útil para o país daqui a dois anos. O problema é que o país não podia esperar mais porque necessita de credilidade e competência para resolver o seu problema estrutural de desenvolvimento. Mesmo que fosse para (re)eleger Santana com outra legitimidade política. E agora, Sócrates?

3 Comments:

  • At 1:36 da manhã, Blogger rafapaim said…

    Resta agora esperar... pior não fica... mas de novo um recuar na economia portuguesa!!! Já nem sei se não era melhor esta ilusão que nos tentaram vender ao sentimento de crise generalizado!
    Foram tempos de brincadeira.... andaram certos tipos a brincar aos ministrios, agora chegou o pai... e acabou a palhaçada... os pas são sempre os últimos a ver!

     
  • At 11:59 da manhã, Blogger Didas said…

    Eu diria antes E Agora Nós?

    Porque eu não sei em quem votar, sinceramente.

     
  • At 9:07 da tarde, Blogger Quico said…

    Boa reflexão.
    Sócrates está ao nivel de Santana. A primeira vantagem é que não tem o maquiavélico Portas por trás.
    Por outro lado, e diga o que se disser, António Vitorino é um grande estadista. Será concerteza o pilar do próximo governo. Atrevo-me a dizer, tal como no caso de Jorge Coelho, que quando o António Vitorino se demitir o governo estará por dias.

     

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