(245) Portugal agoniza à espera de competência
"Também os acho pouco asseados: todos sujam as suas águas para as fazer parecer profundas"
Nietzsche
Não tive oportunidade de assistir em directo a este animado fim de semana político! Mas não posso dizer que tenha ficado surpreendido! Já tive oportunidade de escrever aqui que o Governo de Santana Lopes é um nado morto, não chegou sequer à incubadora. O que eu não esperava era um desastre destas dimensões. Estava à espera de pouca estratégia e muita imagem, mas confesso que não estava à espera que, aliado a isso, fosse assistir a uma tão rápida degradação da coesão interna e a uma inabilidade política tão gritante.
"Se o autismo não fosse uma coisa séria, dir-se-ia que o bebé se caracteriza pelas imensas estaladas que dá a si próprio, e pela vontade persistente de arrancar os tubos da incubadora. Aliás sempre me irritou a palavra bebé, em particular para designar uma coisa como um governo, porque Bebé era um anão francês , de nome Nicholas Ferry, bobo do Rei Estanislau da Polónia e de que os franceses, com uma crueldade imensa, passaram a usar a alcunha para traumatizar as crianças."
Pacheco Pereira
Pior que a demissão do obscuro ministro Henrique Chaves é a tentação que Santana tem em responder a tudo e a todos, independentemente do local onde está. A imagem é mais importante, a necessidade de explicações é sempre prioritária para Santana. O discurso da incubadora num acto oficial, leia-se comício, chega a ser deprimente! À falta de competência para liderar o país e tirá-lo deste deprimente atraso alia-se uma falta de pose de Estado que faz com que ninguém, de economistas a comentadores, de jornalistas a militantes do próprio partido, tenham o mínimo respeito pelo Primeiro Ministro. Sampaio já percebeu que o país está ingovernável, terá agora a coragem de fazer o que tem que ser feito? O pior é que nem o PS está interessado em antecipar as eleições com medo que a vitimização de Santana resulte ou que o PSD mude de líder antes das autárquicas. Mas basta, o país não pode esperar mais e Sampaio e Sócrates (mesmo antes dos Estados Gerais) têm que perceber, o quanto antes, que Portugal merece melhor!
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