(235) Desafio: Portugal
Há algum tempo sugeri um Desafio. Que enviassem um texto com o tema Portugal! Uma oportunidade de haver uma maior interactividade entre blogues. A adesão foi fraca, como esperado, e, por razões de tempo, demorei a compilar os textos. Desde já agradeço a quem aderiu a este desafio.
Do sempre “filosófico” blogue Filosofia Barata chega um interessante texto escrito com um misto de apelo e consternação. Acaba por ser também uma forma de reflexão do objectivo que move o blogue. O melhor é mesmo ler...
"O tema sugerido… Portugal… poderá ser o começo para longas listas de reclamações e denúncias!!!
É fácil apontar defeitos, comentar opiniões e despejar argumentos sem sentido e por vezes sem quaisquer razões! Temos quem saiba criticar… gosto de ler certos blogs por isso mesmo… sendo assim, deixo isso para quem faz melhor que eu!!!
Não sou ligado a grandes ideologias e fanatismos… não tenho raiva de ninguém… acho que o meio-termo deve ser a solução!!! Acredito numa máxima que criei para o meu blog – “cada qual tem a sua própria filosofia barata… e a sua é tão boa quanto a minha” por isso, e se o que acreditar não influenciar negativamente todos a coisa vai bem.
“Portugal… Portugal… do que é que estas à espera?”
Um país de triste fado… o destino já nos condena… que pobre nação!!! Contra factos não tem argumentos, somos uns coitadinhos e a culpa não é nossa!!!
Acreditar… e fazer algo para mudar pode ser mal visto, ir contra toda uma “filosofia” de um povo não dá bom resultado… prepare-se para ser acusado de privilegiado, corrupto e vigarista!
O mérito e o louvor vão para aqueles que pouco fizeram para melhorar… a culpa é de Portugal!
Nem sempre o exemplo deve vir de cima… porque até esses vieram às vezes de baixo… somos o reflexo do que somos, não do que fizeram de nós!!! Dimensão e tamanho não é tudo “senão a girafa era o rei da selva”… não é o Governo… não é falta de recursos naturais… mas falta mesmo alguma coisa…
… falta um povo… um orgulho nacional!!!"
O sempre regular visitante deste blogue, o Polittikus, também participou centrando o texto nos debates parlamentares. Uma análise mais "macro" dos nossos problemas. O tom é novamente um misto de desapontamento e revolta.
"Colocas-te o desafio de escrever um post´s para o teu blog acerca de política, é com imenso prazer que o envio.
Parlamento?!
No nosso país, o confronto político mudou-se das bancadas do parlamento para as páginas dos jornais e ecrãs de televisão. Assim os debates parlamentares tornaram-se inutéis por três razões:
Primeiro, porque quando têm lugar já se conhecem, através dos "media" os argumentos dos diferentes quadrantes políticos.
Segundo, porque não levam ninguém a mudar a opinião que já têm acerca do assunto. Todos continuam com as suas ideias e não dão o braço a torcer, mesmo sem terem razão.
Terceiro, porque os deputados que se querem fazer ouvir recorrem aos jornais e Tv's, faltamdo sistematicamente ás discussões parlamentares.
O resultado de tudo isto é que os debates tornam-se chatos, moles e hipócritas, o que leva ao dessinteresse por parte dos cidadões. Cada um tem o que merece. Será que Portugal merece este sistema de debate?"
Mas nada como o contributo da BlueShell que em poucas palavras fez a sua reflexão.
"Pronto...já terminei...até estou cansada, canecos..."
Já a Didas, do blogue Farinha Amparo, foi espirituosa como sempre e escreveu este maravilhoso texto sobre este país...
"Portugal?! Ah já percebi! Queres comédia!
:-)"
Depois de tantos posts sérios faltava o contributo do Raio, do blogue Cabalas, para aligeirar a discussão. O Raio faz um ensaio com pressupostos credíveis e dá o seu particular ponto de vista sobre o futuro de Portugal. Nada muito pesado, claro...
"Portugal, o que nos espera?
Vamos fazer um pequeno ensaio do que poderá ser o nosso futuro. Para
este ensaio assumo dois pressupostos, de que a Constituição Europeia
entrará em vigor e de que o estado espanhol não implodirá.
Note-se que este segundo pressuposto é um pouco arriscado. As
probabilidades do estado espanhol implodir e desfazer-se em várias
entidades políticas tem uma probabilidade elevada embora, com a
vitória de Zapatero, esta probabilidade ter diminuído. Se o PP
espanhol tivesse tido maioria absoluta provavelmente a Espanha, tal
como a conhecemos, não duraria muito.
Mas voltemos a Portugal.
Várias opções tomadas recentemente irão ter reflexos duradouros no
futuro do país:
a) A alteração da Constituição portuguesa para dar primazia à
legislação europeia sobre a portuguesa.
Esta alteração faz diminuir de uma forma dramatica a importância (e
necessidade) de um governo e de um parlamento para Portugal.
Portugal já cedeu muita (demasiada) soberania a Bruxelas (veja-se o
Euro). Com esta alteração cede muito do que restava. É que a
diminuição da importância do governo nem lhe deixa margem para
negociar. Sim negociar o quê? Para negociar é preciso ter algum
poder...
b) A decisão, tomada por Durão Barroso, de um super TGV em que se dá
prioridade às ligações com Espanha e se deixa a Ligação Lisboa-Porto e
Lisboa-Faro para o fim.
Esta decisão terá como efeito partir o país em três, colocando o Norte
na órbita da Galiza (o que é reforçado por aquela história do Eixo
Atlântico actualmente presidido pelo básico do Rui Rio), o Algarve na
órbita da Andaluzia e o Alentejo que ficará provavelmente sem estação
do TGV (não vão fazer uma em Elvas e outra em Badajoz), dividido entre
o Algarve (Andaluzia) e a Extremadura espanhola (capital Badajoz).
Sim, Badajoz será a futura capital do Alentejo...
A região de Lisboa ficará relativamente isolada.
c) A decisão do Ministro do Turismo de fazer campanhas de turismo
unidas do Algarve com o Sul de Espanha que reduzirão o Algarve (e
parte do Alentejo) a uma pobre região do Sul de Espanha.
d) O MIBEL, mercado único de electricidade que acabará por colocar o
controle da nossa electricidade em mãos espanholas.
E não vale a pena continuar. Estas quatro opções são suficientes.
Ao fim de alguns anos o Norte do país e o Sul estarão económicamente
integrados em Espanha mas com a população sem poder político para se
defender e com um governo de Portugal fraco e inoperante.
O Centro do país deve definar.
Quanto à região de Lisboa e Vale do Tejo, com um clima agradável e com
uma população que segundo as Nações Unidas a tornará em meados do
Século a terceira ou quarta cidade da Europa em população, com mais de
trinta quilómetros de praias, clima agradável, vida nocrurna animada e
provavelmente cheia de casinos, tornar-se-a Las Vegas da Europa, se
calhar ainda maior do que Las Vegas.
Claro que outros negócios aparecerão, casas de meninas (prostituição
legalizada), congressos, etc.
No fim, talvez a população de Lisboa seja a única que ganhe com o
assunto, a única que melhore o seu nível de vida e albergue grande
parte da população portuguesa que vai abandonando a miséria do Centro,
Norte e Sul do país, na dependência espanhola. Sim, a população de
Lisboa talvez melhore o seu nível de vida mas, para isso terá de
vender a alma.
E quanto à Madeira e aos Açores? A Madeira deve-se aguentar com uma
quase independência à custa do Turismo. Quanto aos Açores, não sei.
Com um governo fraco em Lisboa, incapaz de os defender talvez caíam na
órbita americana. Seria, talvez, o menor dos males..."
Por fim, o Miguel do blogue O Olho do Girino também abrilhantou a discussão com um post que já havia publicado no seu blogue. Está muito engraçado e é mais uma face de Portugal...
"Lagutrop
1. Lagutrop já não é um país conservador - mas alguns pretendem inseri-lo numa lata de conservas. Os políticos de profissão actuam em circos e pocilgas e gostam de homílias desde que não sejam dadas à hora do jantar, porque isso dá engasgos. As mulheres às vezes vão a Badajoz e não trazem rebuçados e as moscas morrem electrocutadas na atracção dos raios roxos - uma invenção de um lagutropiano. Nas escolas de Lagutrop há professores que não gostam de mini-saias, outros que lançam anátemas sobre a folia nocturna, e outros ainda que pregam a abstinência sexual.
2. Há algumas semanas, numa terrinha de Lagutrop, um polícia entrou numa livraria e intimidou o propietário a retirar da montra um livro que tinha na capa a palavra "foder" (em Lagutrop a moral e os bons costumes são filigrânicos e inquietam-se com pouco). O homem disse que não e pôs cinco exemplares na montra para escândalo da maquilhagem das senhoras respeitosas que passavam. Em Lagutrop, afinal, nem todos os habitantes têm um osso ressequido no lugar da espinha dorsal."
Abraço,
Miguel Cardina"
Foi uma experiência arriscada mas interessante. Interessante porque basta sugerir um tema bastante amplo e a blogosfera reage com diferentes pontos de vista e estilos. É, de qualquer forma, um ensaio sobre várias visões de Portugal e as expectativas que temos deste. Pelos textos enviados o optimismo não reina. Esta interacção entre blogues, da minha parte, acaba aqui por falta de tempo e pela fraca adesão. Mas faço votos que a blogosfera se organize e faça iniciativas de interacção que podem gerar fenómenos curiosos. E assim é Portugal... feito duma infinidade de pontos de vista!
4 Comments:
At 12:12 da manhã, rafapaim said…
Para quem não sabe... talvez os outros... eu sou o autor do "Filosofia Barata"! Gostei da iniciativa e tenho de louvar o teu esforço... um obrigado para ti pela publicação de meu texto e a todos os outros pelos seus textos...
É sempre engraçado ler outras "filosofias" e mesmo em estilo de piada ou sem nexo sempre merecem a minha atençao!
A tua escrita é interessante... do teu blog visitante... e de alguns pontos de vista simpatizante...
Um abraço Rafael!
At 9:41 da manhã, Didas said…
Eu sou sempre extremamente profunda nas minhas análises.
:-)
At 5:52 da tarde, Amita said…
Excelentes os artigos dos autores que responderam ao teu desafio. Bjos
At 7:25 da tarde, Anónimo said…
Sim senhor... gostei de alguns textos.
Eram tantos que já não me lembro de todos, mas fixei o RAIO de um em particular, chato como tudo, uma autêntica CABALA, contra o nosso PORTUGAL, que mais parecia o testamento do meu tio Frederico, que escreveu e escreveu, glorificou-se e santificou-nos, para no fim dizer que deixava tudo à outra, uma putéfia espanhola, nascida em Ceuta, naturalizada americana.
Ficamos sodidof tá claro, tal e qual o nosso PORTUGAL, mas valha-nos ao menos os nossos filósofos baratos e os nossos imeeennnnsssosss bloguistas empreendedores e criativos.
VIVA O PORTUGAL DOS CANECOS, DO FADO E DO SUICÍDIO NO CABO DA ROCA.
ANACAS PORTUGUÊS
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