Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, novembro 24, 2004

(242) Filosofia da Regressão


The Eye, 1945, Salvador Dali


Dona Zulmira, vidente de profissão, aprendeu outra mui nobre arte, a da regressão! Eu, ingénuo por natureza, aceitei descobrir por onde a minha alma andou alojada. Esta mui nobre experiência trouxe clarividência à vida deste agnóstico convicto pois Zulmira, tratada por Dona por razões de estilo profissional, garantiu-me, por apenas 50€ sem recibo, que a minha alma já viajou pelo Universo. Sim, não pensem que só reencarnamos em seres nascidos e criados no planeta Terra, o Universo é imenso e não está desocupado de almas.

Lá recuei várias reencarnações até um planeta onde os seres, por definição pensavam logo existiam, não tinham como objectivo o dinheiro mas a procura do sentido da vida. Esta peculiar civilização foi em tempos liderada por mim, ou melhor pela minha viajada alma, e como não gosto de liderar sem uma marca deixar, parti em busca do sentido de todos os sentidos, o sentido da vida. Decretei que durante uma rotação do planeta todos entraríam em pura introspecção da alma. Eu, claro, como líder eleito e escolhido ficaria em vigília, leia-se, vi Televisão durante toda a introspecção. Meus fieis seguidores, após cuidada introspecção, depararam-se com a imensidão do Cosmos, chegando à conclusão que eram um Grão de Areia no Universo, que não tinham nem significado nem faziam qualquer diferença no grande quadro da vida. Uma civilização inteira decretou o seu próprio fim, suicidando-se em massa após deixarem os anti-depressivos. Eu, desolado por tamanha tragédia, refugiei-me na Televisão (só apanhava a RTP Universo que dava novelas mexicanas dobradas em português do Brasil, numa altura que a minha alma ainda não havia aprendido esta mui nobre língua) por mais vinte rotações até a minha alma abandonar o que, para simplificar a vossa limitada compreensão da luz que Dona Zulmira trouxe ao meu cérebro, vou chamar de corpo.

O senhor das almas, conhecido por muitos nomes, chocado com tal utiilização da vida que concedeu e concebeu, mandou a minha alma (marcada pelo seu passado, sim, porque todas as almas carregam o seu passado) para os confins do Universo conhecido (sim, até Ele não conhece a totalidade do Cosmos). Um planeta árido onde o conhecimento não tinha chegado e os danos seriam limitados. Lá encarnei num animal que, para que o leitor possa compreender, chamarei de burro. No meio de tão distinta raça de animais, que vagueava pelo deserto (não, não eram camelos), senti-me perdido. A vida só tinha sentido se eu lhe desse um sentido. Reuni os anciões, semelhantes a burros velhos mas de outras origens, e disse, “Somos burros mas à vida temos que dar um sentido”. Os burros, atónitos por tal reflexão, pensaram no assunto e preferiram ignorar tão importante ensinamento, porque para fazer da vida o que queremos, não lhe podemos dar sentido. Viveram felizes deambulando pelo deserto sem direcção nem sentido, burros de nascença e carneiros por opção. Eu, invadido por tais dúvidas, sentei-me à procura dum sentido. Nunca mais saí do sítio!

Dona Zulmira acorda-me do transe e cobra-me mais 50€ porque de psicólogo vai precisar. Pergunta-me, arrepiada até aos cabelos, “A história da tua alma tem sentido?”. Respondo, sem querer assustar a velha, “Isso não interessa para nada, porque se sentido houvesse, não estaríamos à procura de um!”. Foi aí que a velha colapsou! Para recuperar de tão intensa regressão vou a Madrid por uns dias, o blogue regressa na Segunda!

3 Comments:

  • At 9:40 da manhã, Blogger BlueShell said…

    LOLOOOL....Voltarei...estou com um pouco de pressa! jinhos...

     
  • At 10:01 da tarde, Blogger Politikus said…

    boa estadia por terras de Castela e não te esqueças de trazer uns caramelos... hehehehehe

     
  • At 10:28 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Desculpa lá, mas não consigo comentar nada de nada, nadinha de nadinha, a puta da ponta de um corno, a putinha da pontinha de um corno, a putazinha da pontazinha de um corninho...

    AMIGO. DEIXA O CAVALO PASTAR. NÃO TE METAS COM ELE OU AINDA ACABAS EM MINISTRO, COM A MULA DA ZULMIRA COMO SECRETÁRIA ADJUNTA DO SECRETÁRIO ADJUNTO DO TEU CHEFE DE GABINETE.

    Genoveva, traz mais erva que eu estou a regredir.

    Desculpa lá, mas tenho que acabar de jantar.
    Espero que tenhas gostado de Madrid e que tenhas visitado essas mariquices todas, a Torre Eiffel, o Hermitage, o Moulin Rouge, onde as gajas são melhores que esta puta da Genoveva que só toma banho de imersão no bidé.

    Ó minha cabra, já queres cama ? Queres...

    ADEUS AMIGO. JÁ NOS CONHECEMOS ?!
    EH! ISSO NÃO INTERESSA NADA!

    Brigitte, isso é o caraças do extintor. Já te disse que está no meu quarto, na gaveta da tua irmã.
    Puta da minha VIDA!

    Mais uma vez, um grande abraço. Já nos conhecemos ?! Ah! Sim, pois, isso não interessa... Hei-de voltar ao teu BRELOQUE. É FIXE MEU.

    Brigitte, partes a tromba do elefante e eu faço-te engolir a sanita.
    Gaita para estas gajas!

    BYE BYE FRIEND. Já nos conhecemos ?! Sim, claro, isso não interessa para nada.
    Gramei o teu BLOTE. É CURTIDO NAS HORAS. ME HEI-DE VOLVER.


    SANTIAGO DA BANDA DE AQUÉM E ALÉM
    ( É o meu mome )

     

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