Filho do 25 de Abril

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terça-feira, fevereiro 22, 2005

(335) Martin Scorsese (2 de 6)


Mean Streets



A primeira longa metragem de Martin Scorsese foi Who's That Knocking at My Door? (1968) onde já era possível observar algumas das características que marcam a sua carreira. Neste filme com Harvey Keitel (que colaborou com o realizador em vários filmes) já é possível observar a sua obsessão pela inovação visual do cinema, com uma estética muito personalizada. A moral e a religião são sempre a base da vida em constante confronto com os sentimentos e a natureza dos homens.

Só em 1973 Scorsese faria um filme com distribuição comercial.
Mean Streets foi a primeira colaboração com Robert DeNiro que durante muitos anos foi o seu actor fetiche. Note-se que Robert DeNiro fez os seus melhores filmes ao comando de Scorsese já que o resto da sua carreira foi bem mais irregular e pobre. Este actor foi a personificação perfeita das características do anti herói que Scorsese queria retratar nos seus filmes. E sejamos sinceros, o anti herói é sempre uma personagem bem mais interessante que o herói. Foi também neste filme que os "gangsters" começaram a ser retratados com uma moral sempre ligada à religião católica (que Coppola também explorou).

Tom Hanks on a rewarding cinematic experience: "To me, it's like off the scale. One of the best endings for any movie I've ever seen is at the true end of Taxi Driver where Travis Bickle is just kind of hanging out driving a cab after it's all done. I remember having rabid discussions about it in college: 'How could it end in this glorious violence?' And I said, 'It didn't end like that. The end of the movie was the guy in the third act of his existence.' That was an incredibly satisfying experience, but it's a huge, huge gamble."




Depois filmou o ainda hoje interessante filme Alice Doesn't Live Here Anymore (1974) antes de começar a trabalhar com Paul Schrader no meu filme favorito (não só da carreira dele mas também de todos os filmes que já vi), Taxi Driver. Este filme é a personificação perfeita do anti herói, o filme que fez Robert DeNiro brilhar com o papel dum taxista que não consegue a integração numa sociedade que já não está preparada para o acolher. Aqui não há concessões quando é necessário mostrar a violência urbana. A história centra-se num solitário taxista que vagueia pelas ruas de Nova Iorque à noite. Há longos planos nocturnos onde Travis Bickle enfrenta a decadência urbana de Nova Iorque ao som da composição de Bernard Herrmann. Simplesmente magnífico!






Neste filme a câmara não acompanha o actor porque, por vezes, a câmara desaparece e distrai-se com o ambiente que rodeia a personagem. Muitas vezes é o actor que tem que procurar a câmara para apoarecer e não o contrário. Isto porque o ambiente é mais uma personagem do filme, talvez a principal. A decadência do ser humano é visível e progressiva culminando na famosa cena em que Robert DeNiro já não ambiciona a redenção e com um comportamento lunático olha para o espelho e pergunta: “Are you talking to me?”. Depois surge a hipótese de redenção na polémica personagem interpretada por Jodie Foster (uma prostituta de 14 anos).

A sequência final é duma violência sem par onde Scorsese opta por ser crú e apocalíptico. Guardo a amargura da parte final do filme ter sido escurecida para esconder parte da violência e já não ser possível, segundo Scorsese, recuperar as cores originais. O filme acaba como começou, com Travis a vaguear solitariamente pela noite Nova Iorquina mas já em paz consigo mesmo. A ver e rever sempre e a qualquer hora!

1 Comments:

  • At 12:04 da manhã, Blogger pindérico said…

    Taxi Driver é um daqueles filmes que se não pode ver a comer pipocas. Nisso, Scorsese é sublime.

     

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