Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quinta-feira, junho 30, 2005

476. A Idade da Reforma


Pelo aspecto da carne espero que seja para animais! Será uma profissão de desgaste rápido?

Lá vou eu ser acusado novamente de ser capitalista e liberal! Mas vou correr esse risco...

As greves e protestos acumulam-se pelas mais variadas razões! Surgem várias perguntas: O Governo está a beliscar direitos adquiridos? E é justo que o faça? Acredito sinceramente que "sim" é a resposta às duas questões! O que não consigo perceber é porque é que há tanta contestação por tão pouco. Manter um Estado Social bastante acima da nossa produtividade é um ciclo vicioso insustentável que cada vez liberta menos recursos para o investimento. Daqui a pouco, se nada fôr feito do lado das despesas, íamos ter défices de 15% com o IVA a 30%!

Uma das formas que o Governo arranjou para sustentar o Estado Social foi aumentar a idade da reforma em algumas profissões, ou melhor, foi equilibrar as várias profissões com a idade de reforma praticada no sector privado. Podemos criticar o Governo por não ter incentivado o contrário, isto é, que os privados passassem a reformar-se mais cedo. Mas seria isso viável? O que não percebo é o porquê de tanto frenesim à volta dum conceito de elementar justiça: equiparar a função pública à privada!

Podemos discutir a idade de reforma ideal que sustente o sistema mas não acho correcto contestar a equiparação. Ou então podíamos optar por uma solução diferente. Era feito um estudo de viabilidade da Segurança Social conforme cada idade de reforma. Depois dávamos a escolher entre as várias idades de reforma. Cada funcionário teria uma percentagem diferente do salário em reforma conforme a idade que escolhesse reformar-se. Não foi esse o caminho mas não discordo da medida de fundo...

Agora todas as profissões escudam-se nas especificidades das profissões. Os enfermeiros não conseguem carregar doentes a partir de certa idade, os professores não têm capacidade mental para os alunos, os polícias já não conseguem perseguir os ladrões com a mesma energia, os informáticos já não se conseguem adaptar às novas tecnologias e têm dores crónicas de esforços repetitivos...

Mas que profissão não é desgastante? Duma forma ou doutra? E porque é que a mesma profissão no sector privado deixa de ser desgastante?

O que o Governo ainda tem que explicar é como vai tornar estas pessoas úteis numa idade em que já não podem desempenhar as mesmas funções do passado. É claro que os professores vão ter que fazer trabalho de secretariado em substituição duma carga tão grande de aulas, é claro que os polícias não vão andar a patrulhar mas a coordenar, e por aí fora. É preciso acautelar esta nova realidade! Não podemos é entrar na demagogia que a situação actual é sustentável!

Eu acho que as greves devem ser feitas para demonstrar que os trabalhadores não vão aceitar qualquer medida sem fundamento nem critério mas espero que todos nós tenhamos consciência que estas medidas são a ponta do icebergue e são de elementar justiça. Não é justo esta geração estar a suportar regalias que vão ser insustentáveis no futuro para eles próprios. É puro egoísmo exigir que algumas regalias não acabem!

38 Comments:

  • At 8:06 da tarde, Blogger Unknown said…

    Ricardo,

    Discordo da maior parte dos argumentos dos sindicatos de que não se pode trabalhar para lá de uma certa idade.
    Mas isso não significa que concorde com o governo, estou mesmo em completo desacordo.
    E entristece-me que tu, nitidamente uma pessoa inteligente vás na campanha demagógica que está a ser feita.
    Por exemplo, as reformas do sector privado e do secto~r público. É uma completa injustiça equipara-las pois as regras são muito diferentes.
    O tempo de desconto médio de cada reformado da Caixa Nacional de Pensões é de 32 anos, sabias?
    Um familiar meu, com 57 anos e funcionário público esteve outro dia num almoço dos antigos colegas da Faculdade.
    Quase um terço eram funcionários públicos, o restante tinha trabalhado em empresas privadas.
    Pois todos os funcionários públicos estavam ainda no activo e quase todos os outros já estavam reformados, ainda por cima com reformas superiores aos dos colegas funcionários públicos!
    Claro que também quase todos os reformados tinham arranjado outra actividade, remunerada claro.
    Resultado, a diferença de rendimentos entre uns e outros era abissal.
    É a isto que chamas justiça?

    Um abraço,

     
  • At 8:38 da tarde, Blogger Frederico Lucas said…

    Sempre que ligo o rádio, (porque não tenho tv), penso no movimento de contestação que está a atingir os varios sectores da administração pública.
    Também não sei, e referindo-me ao comentário anterior, qual a profissão do tio do raio...
    Mas, queiramos ou não, Portugal não tem condições para assumir o compromisso de reformas por 30 anos de homens que trabalharam 30 anos.
    Parece-me óbvio.
    O direito à greve é constitucional e está a ser legitimamente utilizado. Mas, na minha opinião, a geração dos pais de Abril que tenha calma porque os filhos de Abril não os vão sustentar da forma que eles idealizaram.
    E são os pais de Abril que mais se insurgem com o actual estado da economia portuguesa, cuja responsabilidade é factualmente deles.

     
  • At 10:16 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Olhe, meu caro! O povo não é cego e não está disposto a fazer sacrifícios para manter a actual situação. Toda a gente sabe que os apartamentos e carros luxuosos se vendem bem e os apartamentos e carros modestos se vendem mal. Há uma classe a viver muito bem à custa da miséria dos outros. Não se pode pedir sacrifícios só a alguns, por sinal, aos mais pobres: jovens porque não arranjam emprego e velhos porque não podem reformar-se. Mas são esses velhos que dividem o que ganham com os seus filhos desempregados, pelo que a miséria da classe sacrificada é a dobrar. Se os governantes não se apercebem do que se passa é porque vivem bem. Aí, não há nada a fazer. Quando a revolução estalar, não se queixem. Abril, Abril.

     
  • At 12:13 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    Em democracia, tal como a conhecemos, usa-se de uma hipocrisia tal que, em tudo, faz crer que os legítimos representantes do povo exercem o poder que lhes é delegado para defender os autênticos interesses desse povo.

    No entanto, a realidade é bem diferente: o povo continua a ser oprimido e tiranizado depois de se alienar do poder que entrega aos seus algozes; sustenta, à custa do seu suor, um número infindável de parasitas e incompetentes que, ao invés de trabalharem para promover a justiça, a segurança e o bem-estar desse povo – que lhes paga (comparativamente) elevadas remunerações com tal finalidade –, aproveitam o facto de exercerem semelhantes funções para tornarem as suas próprias vidas e as dos que lhes são próximos o mais aprazíveis possível.

    Afinal, no exercício de tão importantes funções, tudo quanto fazem é implementar e aplicar leis que favorecem o grande capital e trazem a miséria e a agonia a um número crescente de pessoas que lhes conferem o poder para que lhes destruam as suas vidas.

    Perante um cenário de tanta hipocrisia, de corrupção, de incompetência e parasitismo associados à ignorância, afigura-se muito possível que os avanços científicos e as novas tecnologias que se lhes seguem, aliados à cada vez maior influência da informação, possam conduzir-nos a uma opressão e manipulação totais.

    O ressurgimento de um Estado declaradamente totalitário não é um acontecimento improvável de vir a ocorrer, pois não há qualquer impedimento suficientemente forte para o evitar; pelo contrário, tem uma elevada probabilidade de suceder, atendendo ao crescimento do desemprego, da injustiça e da insegurança que constituem uma séria ameaça para que tal fenómeno possa sobrevir.

    O povo tem que pedir contas aos seus legítimos representantes e saber de que modo têm esbanjado o seu (dele) dinheiro!

    Cada um deve arcar com as respectivas responsabilidades e os governantes devem responder pelas péssimas políticas económicas que têm prosseguido.

    Ao Homem compete lutar pela liberdade e não pelo esclavagismo!

     
  • At 1:29 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    É triste realmente assistir ao enxovalho dos únicos empregados que nem vêem o imposto...
    Lamento que ninguém exija que os padrões de competência e de produtividade reclamados para o sector público também sejam aplicados aos gestores públicos e restantes boys&girls colocados em cada mudança de governo.
    Quando os pastores não prestam quem pode condenar as ovelhas por se tresmalharem ?
    Saudações democráticas a quem tem inteligência para as aceitar

     
  • At 2:26 da manhã, Blogger Unknown said…

    frederico lucas,

    "Mas, na minha opinião, a geração dos pais de Abril que tenha calma porque os filhos de Abril não os vão sustentar da forma que eles idealizaram."

    Este raciocínio é chocante. Desde que Bismark criou o sistema de reformas que cada geração passou a sustentar a dos seus flhos e a dos seus pais.
    Os trabalhadores no activo pagam (directamente ou por impostos ou descontos) as despesas dos seus filhos e as reformas dos seus pais.
    O que o frederico lucas (que diz ter 32 anos) suponho está a dizer é que depois de ter sido educado à conta da geração dos seus pais esta-se nas tintas para estes e recusa-se a pagar a parte que lhe competeria pagar.

    Mas, o que diz a seguir,

    "E são os pais de Abril que mais se insurgem com o actual estado da economia portuguesa, cuja responsabilidade é factualmente deles."

    Já está correcto.
    Sim, foi a geração que fez o 25 de Abril que conduziu o país à situação trágica em que está ao metê-lo na então CEE (actual União Europeia).
    Sim, é correcto. E, esta geração, enterrada até aos cabelos no disparate que fez recusa-se a admiti-lo.
    Compete à geração do frederico lucas que, neste campo tem as mãos limpas, de desfazer o disparate e de impôr o país à União Europeia, renegociar tratados ou mesmo, se for caso disso mandar Bruxelas à fava.

    Um abraço

     
  • At 4:12 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Raio,

    Repito! Se há injustiças entre o sector privado e público que sejam resolvidas! Não vejo lógica nas excepções e regimes especiais e muito menos na definição de desgaste rápido!

    A conclusão cruel é que o sistema é insustentável em Portugal. Não podemos ter o grau de protecção social que desejávamos porque não criamos riqueza para isso.

    Quanto ao sector privado é necessário excluir o Estado do pagamento em casos de reformas antecipadas. Fora isso não sou contra, na função pública e privada, que haja a opção de reforma antecipada com penalização correspondente.

    O que é a pré-reforma?
    A pré-reforma é um benefício concedido pela entidade patronal, ao abrigo do regime legal da pré-reforma (D.L. 261/91, de 25 de Julho). A partir dos 55 anos de idade, o trabalhador poderá passar à pré-reforma, mediante a assinatura de um contrato particular com a entidade patronal onde são estabelecidas as remunerações devidas. Neste regime da pré-reforma mantêm-se as contribuições para a Segurança Social, tanto por parte do trabalhador como da entidade patronal, embora a taxas reduzidas.

    O que é a reforma antecipada?
    A reforma antecipada é atribuída antes da idade normal de reforma, ou seja, antes dos 65 anos de idade, que poderá ser acompanhada, ou não, da antecipação da pensão da Segurança Social.
    A antecipação da pensão da Segurança Social é efectuada ao abrigo do D.L. 9/99, de 8 de Janeiro, e poderá ser atribuída a partir dos 55 anos de idade, desde que com esta idade o trabalhador tenha completado no mínimo 30 anos civis de registo de remunerações para efeito de cálculo da pensão. De salientar, ainda, que a antecipação da idade da reforma tem como consequência uma penalização que se traduz na aplicação de um factor de redução ao valor da pensão da Segurança Social, calculada nos termos gerais. O factor de redução é de 4,5% por cada ano de antecipação.
    Contrariamente à situação de pré-reforma, a passagem à reforma antecipada acarreta a rescisão do contrato de trabalho e a interrupção dos descontos para a Segurança Social.

    É esta lei que pode ter necessidade de ser retocada! No essencial é necessário acabar com os dois regimes de descontos e com os regimes especiais que criam diferenças (no pior e no melhor) claramente injustos!

    Quanto à diferença de rendimentos depende dos descontos que efectuaram e do risco que correm no mercado de trabalho. Também concordo que é necessário basear os salários na função pública conforme a produtividade e sem tabús nos limites de ordenado!

    Abraço,

     
  • At 4:23 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Frederico,

    Por curiosidade, porque decidiste não ter TV? esta pergunta não é uma forma de pressão social, é apenas uma curiosidade!

    Sendo óbvio que Portugal não tem condições para manter os compromissos nas reformas e não só, é preciso mudar algo! E é aqui que surgem as decisões difíceis porque é sempre impossível distribuir a crise de forma igual e justa! A realidade é que estamos todos a fazer sacrifícios enormes e temos a noção que, mesmo assim, é impossível nós termos as mesmas regalias na reforma quando chegar a altura. E isso revolta! Por isso só deve haver reformas e regalias que sejam sustentáveis para que a factura não fique para as gerações seguintes. Como claramente chegamos a uma situação insustentável então...

    Abraço,

     
  • At 4:29 da manhã, Blogger Ricardo said…

    TNT,

    Concordo e acrescento que provavelmente quem provoca esta crise não a sofre! E acredita que não há nada mais revoltante que uma classe empresarial (e política) acomodada! Mas temos que trabalhar com a realidade que temos e por isso quem são os culpados pouco interessa! Os impostos já são proporcionais conforme o rendimento e por isso não há lógica penalizar duplamente quem ganha mais. Mas há um trabalho titânico pela frente: o combate à evasão fiscal! Por aqui já se resolviam algumas injustiças.

    Abraço,

     
  • At 4:35 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Anastácia,

    George Orwell não diria melhor:

    “Animais de Inglaterra, animais da Irlanda
    Animais de todas as terras e climas,
    Escutai as minhas alegres notícias
    Do tempo futuro, que será dourado.

    Cedo ou tarde virá o dia,
    O Homem tirano será destronado,
    E os férteis campos da Inglaterra
    Serão percorridos só por animais.

    As argolas desaparecerão dos nossos focinhos
    E os arreios das nossas costas,
    Freio e espora enferrujarão para sempre,
    Os chicotes cruéis não mais estalarão.

    Mais ricos que o imaginável,
    Trigo e cevada, aveia e feno,
    Trevo, feijão e beterraba,
    Tudo será nosso nesse dia.

    Vivamente brilharão os campos da Inglaterra,
    Mais límpidas serão as suas águas,
    As suas brisas soprarão mais doces,
    No dia em que formos livres.

    Por esse dia devemos todos trabalhar,
    Mesmo morrendo antes que desponte;
    Vacas e cavalos, gansos e perus,
    Todos têm de lutar pela liberdade.

    Animais de Inglaterra, animais da Irlanda
    Animais de todas as terras e climas,
    Escutai as minhas alegres notícias
    Do tempo futuro, que será dourado.”

    E ainda acrescentava:

    “Os animais que estavam lá fora olhavam dos porcos para os homens, dos homens para os porcos e novamente dos porcos para os homens; mas já não era possível dizer quem era quem.”

    Agora tu perguntas:

    "O povo tem que pedir contas aos seus legítimos representantes e saber de que modo têm esbanjado o seu (dele) dinheiro!"

    É verdade! Mas mesmo que as contas sejam pedidas isso não altera a situação em que nos encontramos em que o Estado Social não é sustentável tal como está! Mas concordo que temos que arranjar formas mais eficazes de controlo da governação dos nossos representantes, antes que deixemos de ter sequer voz no assunto!

    Um beijo,

     
  • At 4:48 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Contribuinte,

    "Lamento que ninguém exija que os padrões de competência e de produtividade reclamados para o sector público também sejam aplicados aos gestores públicos e restantes boys&girls colocados em cada mudança de governo."

    São duas questões distintas! Se as duas estão mal não podemos deixar de resolver uma só porque não resolvemos a outra! Mas é óbvio que a verdadeira imoralidade está no clientelismo incompetente que floresce neste país! Não confundir com a necessária confiança política mas a esta tem que ser aliada a competência e o rigor profissional!

    "Quando os pastores não prestam quem pode condenar as ovelhas por se tresmalharem ?"

    A culpa é um exercício algo inútil neste caso! Se um, ou vários empresários, são incompetentes e lançam milhares para o desemprego e não criam riqueza é óbvio que todos têm que perder. Os pastores não prestam e é inevitável que as ovelhas paguem! O mesmo se passa com o Estado! Pode até ser incompetente mas a imputação da culpa não resolve o problema que já foi criado, isto é, independentemente da culpa a riqueza gerada não é suficiente e as ovelhas vão ter que se adaptar. O mundo não é justo nem vale a pena pensar que vai ser! Temos que ser pragmáticos mas também aprender com os erros. E se não podemos corrigir o passado podemos pelo menos ser mais exigentes no futuro!

    Abraço contribuinte insular,

     
  • At 4:56 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Raio,

    "O que o frederico lucas (que diz ter 32 anos) suponho está a dizer é que depois de ter sido educado à conta da geração dos seus pais esta-se nas tintas para estes e recusa-se a pagar a parte que lhe competeria pagar."

    Não posso falar pelo Frederico mas digo que não se trata de recusar a pagar o que nos compete. Hoje paga-se mais do que é possível pagar para o trabalho final que produzimos. Não é sustentável!

    Se nada for feito vai sobrecarregar ainda mais as responsabilidades da próxima geração de trabalhadores no activo. E vai chegar a um ponto que a população no activo não vai ter condições para pagar seja o que for!

    Não ver isto é que é chocante!

    Abraço,

     
  • At 2:03 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    A nova era dourada, anunciada por uns tantos indivíduos, pode (e quero acreditar que venha a acontecer a breve trecho) surgir quando mais algumas grandes espécies forem extintas, justamente as que podem fazer perigar a continuidade da vida no planeta.

    Entre outros, também Padre António Vieira comparava a sociedade dos homens com a dos animais.
    E, no Sermão aos peixes, alertava para o facto do homem ter uma forte predisposição para a antropofagia: «... mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. Olhai como estranha isto Santo Agostinho: (...): “Os homens com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros.” Tão alheia cousa é, não só da razão, mas da mesma natureza, que sendo todos criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer! (...) e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais nos homens».

    Meu caro Ricardo, a humanidade chegou a uma encruzilhada, se não se impedir que os grandes continuem a comer os pequenos, os mais jovens não terão que se preocupar com as reformas dos mais velhos, pois não terão emprego para fazer descontos do que quer que seja.

    Se não houver uma profunda alteração de mentalidades, é dispensável qualquer preocupaçãp com o futuro que, simplesmente, não será...

    Um beijo,

     
  • At 3:38 da tarde, Blogger pindérico said…

    Claro que tendo cada português pelo menos um familiar muito próximo ou um grande amigo que é atingido por estas medidas do governo, é preciso grande espírito de isenção e profunda convicção para assumir a tua posição.
    Honestamente não esperava outra coisa, pelo simples motivo de que é evidente que sabes pensar com a tua cabeça.
    A pior cegueira é, de facto, a de quem não quer ver!
    Eu também não gosto nada destas medidas e, isoladamente, contesta-las-ia a todas, mas o diabo é que, sem mexer radicalmente nas vantagens(?) do estado social, ainda ninguém foi capaz de apresentar alternativa para debate!

     
  • At 4:06 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Alternativa para debate: não investir no TGV.

     
  • At 4:45 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Pindérico,

    Alternativas para debate?

    - Combater a corrupção e as grandes obras de fachada que dão "luvas" aos vigaristas de colarinho branco...

    - Combater o clientelismo e os "tachos" dos "boys and girls"...

    - Exigir uma legislação que combata a má repartição da riqueza criada por quem trabalha; riqueza que é açambarcada pelos ladrões (in)devidamente legitimados para o fazerem. Estes ameaçam (e fazem) que põem o produto do seu roubo nas "off-shores" e quejandos, mas a sua avidez vai substituindo trabalho vivo por trabalho morto e, um dia, a miséria chegará à mesma...

    - Reivindicar a nossa soberania e estabelecer acordos bilaterais (e justos) com outros povos...

    - Honrar a nossa história que espelha a nossa idiossincrasia e é um dos atributos que nos torna uma Nação, ao invés de pôr bandeiras nas janelas para festejar o Euro 2004, 2005, 2006,...

    - Tornarmo-nos um povo livre, criativo e criador, ao invés de seguirmos as passadas de outros povos que têm a sua própria idiossincrasia...

    - Dizer basta ao totalitarismo da informação que está ao serviço do grande capital que nos explora até ao tutano antes que...

    - Algum povo, pela força do seu inconsciente colectivo, faça tudo isto ir pelos ares...

    - Sejamos, mais uma vez, o povo que dá novos mundos ao mundo, mas...

    - Para haver respeito mútuo e um desenvolvimento sustentável e enriquecedor em que cada um participe com as suas diferentes características e se enriqueça a humanidade...

    -Imitemos a Natureza cuja exuberância e riqueza advém da sua diversidade...

    - TODOS DIFERENTES, MAS UMA SÓ HUMANIDADE!!!

     
  • At 4:52 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Anastácia,

    Estou pronto para lutar por um mundo melhor, estou pronto para enfrentar os interesses instalados mas, vou cometer uma inconfidência, a única arma que manejo é a caneta. E já nem isso é real, mas sim virtual.

    E enquanto não formos milhões de canetas preparados para mudar o mundo mais vale cairmos na dura realidade. E essa dura realidade pode não ser tão má se lutarmos por uma sociedade mais justa e realista.

    Eu concordo e admiro tudo o que escreves e tenho sonhos que voam tão alto como os teus mas há alturas em que o óptimo é o maior inimigo do bom. E neste momento, envergonhado, defendo na minha cobardia o bom...

    Um beijo,

     
  • At 4:56 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Pindérico,

    As alternativas são escassas e ainda não vi nenhuma que não implique de forma séria uma adequação das despesas à riqueza gerada. Há muitas versões de como revitalizar a economia e sou adepto de várias (não as vejo a serem defendidas no Governo) mas a questão de fundo não se altera.

    O crescimento é o mais importante, ou melhor, o desenvolvimento. Mas com o Estado e as empresas a funcionarem como estão actualmente não me parece muito viável atingirmos esse objectivo.

    Abraço,

     
  • At 5:05 da tarde, Blogger Frederico Lucas said…

    Sobre a TV: Tive a oportunidade de assistir no passado à discussão dos conteúdos para um programa de informação. Tratava-se ironicamente do único que ainda via. Importava na altura aumentar a percentagem dos conteúdos sobre crimes de sangue e fazer uma peça sobre um grupo de individuos que estavam num "cativeiro do sec. XXI"
    Pergunto: São estes conteúdos que pretendo promover junto dos meus filhos, num periodo em que ainda não sabem distinguir o que é um doente mental de um ser humano integro? Que influência é que eu deverei permitir sobre os meus filhos em relação à actual cultura televisiva de "vigilância doentia" sobre terceiros?
    Para além disso, os programas que admirava passavam a horas tardias. Como eu preciso de dormir 9 horas para estar bem comigo e levanto-me às 7:00, tornava-se inutil ter tv.
    Esta actualmente no quarto dos putos para verem vídeos que eu aprovo previamente.
    Quando alguns amigos não entendem a minha atitude, eu esclareço: Despotismo esclarecido.

     
  • At 5:05 da tarde, Blogger Ricardo said…

    TNT,

    Há muitas alternativas para o debate! Uma delas é essa!

    Mas dou desde já a minha opinião: o investimento público desde que feito de forma profissional (projecto inicial e construção) é extremamente útil. Ainda mais quando se trata de infraestruturas de transporte. Por isso é do interesse geral que estes investimentos se façam.

    É preciso é ter em atenção que projectos de qualidade duvidosa, cedências que vão contra o espírito da obra, obras mal executadas e derrapagens orçamentais subvertem a utilidade das obras. Gostava que o exemplo fosse o Viaduto Millau (França) onde a obra teve prazos e orçamento respeitados e é de utilidade indiscutível e não exemplos como a Casa da Música ou o CCB em prazos e custos (a utilidade já é mais discutível).

    Abraço,

     
  • At 5:07 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Anastácia,

    Concordo com todos esses tópicos (em difentes graus) e até acrescento uns. Mas mesmo após aplicar isso tudo continuava a defender o que defendi neste post!

    Outros tópicos ligados á economia e não às finanças vou desenvolver em breve em novo post ligado ao nosso problema económico (não civilizacional) central: a produtividade.

    Um beijo,

     
  • At 5:17 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Frederico,

    Não quero nem vou dar palpites sobre a educação de filhos porque ninguém tem a fórmula correcta. Longe de mim sequer aflorar esse tema até porque milhares de gerações sobreviveram sem televisão e, até prova ao contrário, ninguém sabe se esta sobrevive.

    A tua visão sobre a sociedade televisiva é dantesca e tens alguma razão no lixo que invade as nossas casa. Mas reparo que utilizas a internet e até tens um blogue que gosto de visitar. Em coerência também é um mundo cheio de "lixo". E, apesar disso, temos o bom senso e a racionalidade de saber separar o que gostamos do que não damos valor. Entendo a televisão da mesma forma. Desprezo 99% dos programas mas há 1% que é escolhido por mim onde consigo me rever e/ou entreter e/ou me informar.

    Abraço,

     
  • At 5:31 da tarde, Blogger Frederico Lucas said…

    Caro Raio,
    É muito simples.
    Os meus pais são professores do ensino superior público. Em conjunto vão auferir de reformas um valor aproximado a 5000 euros mensais.
    O meu ordenado não se aproxima sequer a metade desse valor e consequentemente os meus impostos ainda menos.
    Tal como o meu exemplo, que não serve para nada mais do que isso mesmo, existem muitos casos conhecidos de valores bastante superiores aos referidos.
    E, lamentavelmente, não vamos ter dinheiro para pagar isso. Basta dizer-lhe que no sector privado existem muitos milhares de trabalhadores a auferirem 30% menos comparativamente à decada de 90.
    Não conheço equivalência desta situação no sector público.
    E, para que não passe em branco, eu não disse que não pagarei impostos para sustentar as reformas dos meus pais. O que disse, e não vou pagar, é o aumento exacerbado das condições de reformas que foi decidido pelos pais de abril. Porque não foram minimamente responsaveis para com os seus filhos quando decidiram tal atentado.
    Foi ainda dito que os pais estão a sustentar, com as suas reformas ou ordenados, os filhos que estão no desemprego. Outro argumento perverso. Porque motivo é que o filho de um porteiro recebe menos de apoio paternal do que o filho de um administrador de empresas. Quando, a agravar a situação, o filho do porteiro pode ter sido colega do outro tendo inclusivamente melhores classificações?
    Cabe ao estado a função de dinamizar a economia e é isso que se exige. Para que todos os que pretendam participar na sociedade tenham essa oportunidade. E quanto aos outros, que vivem bem com as simpacticas mesadas que os pais lhes entregam, continuem assim. É que quando arranjam trabalho só fazem m....

     
  • At 8:46 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Frederico Lucas:

    "Foi ainda dito que os pais estão a sustentar, com as suas reformas ou ordenados, os filhos que estão no desemprego. Outro argumento perverso. Porque motivo é que o filho de um porteiro recebe menos de apoio paternal do que o filho de um administrador de empresas. Quando, a agravar a situação, o filho do porteiro pode ter sido colega do outro tendo inclusivamente melhores classificações?"

    Fui eu que disse e, infelizmente, sei do que falo. Até parece que Frederico Lucas lamenta que todos os filhos não possam ficar às custas dos papás até estes exalarem o último suspiro. Mas é isso mesmo que está a acontecer. E não é com filhos de administradores de empresas porque esses, se quiserem, metem uma cunha e o filho entra. Refiro-me a filhos de gente pobre que tem que trabalhar para sustentar filhos de trinta e quarenta anos, por vezes casados e com filhos também. Não seria mais justo que os filhos pudessem arrumar a sua vida?

     
  • At 1:36 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Frederico Lucas,

    É mais do que evidente (e normal, devido ao processo de socialização) que interiorizaste muito bem os valores dominantes!

    Deixa que concorde, em absoluto, com as tuas ideias:

    - E por que é que o porteiro há-de ganhar menos do que os teus pais? Ganhando o mesmo pode dar a mesma mensalidade aos filhos que até podem ser excelentes alunos...

    - E, se os filhos do porteiro têm as mesmas mensalidades, também devem ter as mesmas "cunhas" para arranjarem um emprego em que, aos 32 anos de idade, possam auferir a bonita quantia de cerca de 2500 Euros...

    Pensas que todos os meninos são filhos de srs. professores e quejandos e que, por osmose, se tornam doutas criaturas bem cedo na vida?

    São pessoas como tu que não querem qualquer alteração ao status quo e que se estão a borrifar para os excluídos e miséria que grassa no mundo, atribuindo a quem se encontra nessa situação toda a responsabilidade. Que soberba e falta de sensibilidade, para não dizer, que ignorância!

    Se isto estoirar (o que tem grande probabilidade de vir a acontecer - basta saber um pouco de história e de psicologia) os "bonzões" também cá estarão para assistir...

    És a "prova provada" de que os três pilares em que assenta a nova moralidade de quem obtém o famigerado e almejado sucesso são:
    egocentrismo, egoísmo e avidez!

     
  • At 8:57 da manhã, Blogger Frederico Lucas said…

    Caro TNT,
    Estamos a dizer o mesmo por diferentes palavras.

    Caro Anastácia,
    Relê o que escrevi e depois comenta. Se disse que não aufiro sequer metade pretendo dizer que oculto por motivos o meu salário e denúncio um exemplo simples de insustentabilidade.
    Sabe quantos professores primários reformados existem? Sabe quanto auferem de reforma? (evite fazer comentários antes de obter a resposta)

    Quanto aos outros comentários, que obviamente não merecem resposta por serem ofensivos (além de falsos) denunciam seu reduzido cuidado nas leituras que faz.

    Como diria a minha professora da primária: Leia, leia muito.

    Um abraço

     
  • At 9:41 da manhã, Blogger Quico said…

    Quero felicitar o autor do blogue pelo excelente post que está a animar esta acesa discussão.

    Ninguém tem dúvidas que estamos a construir um sistema insustentavel e que temos que fazer algo para mudar.

    Penso inclusivamente que o estado deveria assumir que não tem condições para pagar reformas superiores a 4000 ou 5000 euros e deveria por isso devolver o dinheiro recebido em sede de Segurança Social por descontos superiores a esses rendimentos.

    Dito de outra forma: Imaginem um individuo declarou nos últimos 10 anos antes da reforma o ordenado de 2000 contos mensais. Pagou, ele e a entidade empregadora nesse periodo em moeda antiga 80 mil contos para o sistema da Seg. Social. Se ele viver 15 anos reformado, o que não é actualmente dificil até porque com essa reforma tem acesso a um elevado nivel de serviços de saúde, vai consumir ao sistema 360 mil contos de reformas.

    Com que justiça é que esse valor é exigido aos filhos de Abril?

    O que proponho é que o estado devolva com juros sensivelmente metade desse valor, 40000 acrescido de juros e que em vez dos 2000 contos mensais o retribua num escalão máximo aproximado a 1000 contos mensais e que no exemplo descrito reduziria para 232 mil contos (180+40+ 12 (juros)) o valor da retribuição.

    Além disso, e como todos sabemos, a formula dos melhores 10 dos últimos 15 é particularmente preversa porque SUPOSTAMENTE é quando se atinge o topo da remuneração.

    Resta-me condenar as palavras do/a Anastácia, que ao atacar o Frederico, que escreve sempre de forma muito pessoal e desinibida, está a conduzir a discussão de um tema sério para a ofensa gratuita.

    Como o próprio afirma, basta reler o que ele escreveu para perceber a desadequação das suas palavras.

    Um abraço a todos

     
  • At 11:22 da manhã, Blogger pindérico said…

    Anastacia,

    Tem toda a razão e provavelmente ainda será possível acrescentar muito mais a essa sua lista. Mas eu estava a pensar em medidas objectivas, obviamente!
    É que esse seu discurso muito exaltado e patriótico está atrasado 30 anos. Foi o discurso que se "servia" então, mas não deu!

     
  • At 12:35 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Coincidência! Ontem estive a ler uma lista com valores de reforma de funcionários de diversos ministérios num diário da república. Os valores estavam entre 27 € (um antigo chefe de posto em Angola) e 5000 e tal € (uma secretária da presidência do conselho). Tirando estes casos extremos havia professores universitários com 2000 a 3000 € e contínuos entre 200 e 600 €. Na propalada justiça pública-privada que se pretende alcançar, na certa encontramos empresários com 10000 € ou mais e empregados com 350 €. Os senhores da privada querem a igualdade? Óptimo.
    Nota:
    Se calhar, tal como a Anastácia, também entendi mal o texto de Frederico Lucas por não ter detectado a ironia que encerra, ao contrário da da réplica de Anastácia, onde ela é bem visível e espelha bem o rol de injustiças com que as pessoas têm que viver e... calar! Até um dia que me parece não estar já longe pelo caminho que as coisas tomam nesta demonoracia.

     
  • At 12:52 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    "demonocracia", queria ter escrito!

     
  • At 1:05 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Viva TNT, Pindérico, Pedro, Frederico, Anastácia, entre outros...

    Parece que abrimos a Caixa de Pandora! Por isso mesmo devemos viver com regimes simplificados e iguais. Os regimes serem iguais não implica que o valor das reformas também o seja, isso seria reestruturar completamente a sociedade como se fez na Coreia. E isso seria abrir outra caixa, não a de pandora porque já está aberta mas sabe-se lá qual...

    O que não vale a pena agora é fazer uma caça às bruxas mas sim exigir que os regimes (justos ou não) mas que são insustentáveis terminem!

    Abraços e beijos,

     
  • At 2:30 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Frederico Lucas,

    Apresento-te as minhas mais sinceras desculpas por não ter prestado uma maior atenção ao teu comentário. Aceito o teu conselho e, em consequência, passarei a ler, com a atenção que merecem, os comentários de todos os intervenientes.

    Também sou uma filha do 25 de Abril e, influenciada pelas aberrantes e pesadas injustiças que se cometem - que afectam a minha esfera pessoal -, julguei estares a ironizar com a lamentável situação que se está a atravessar.

    O meu pedido de desculpas é extensivo aos restantes intervenientes e, em particular, ao anfitrião deste sítio, o Ricardo.

    Beijos,

     
  • At 3:32 da tarde, Blogger Frederico Lucas said…

    O que disse, e repito, é que não podemos achar que os nossos pais merecem elevadas reformas para que nos possam ajudar.

    O que pretendo é que o estado retire aos nossos pais essas insustentaveis reformas em nome da dinamização da economia, isto é, da oportunidade de emprego para todos os que queiram participar.

    Sim, porque existe desemprego (crise social) e desemprego (profissão remunerada sem contrapartidas).

     
  • At 5:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Frederico Lucas:

    Tens carradas de razão! Como candidato à reforma que sou, não me importaria que ma cortassem com justiça, desde que dessem um emprego condigno aos meus filhos, netos do 25 de Abril porque também sou filho do 25.

    Mas o que está a acontecer é que os cortes que estão a efectuar são para tudo menos para garantir emprego aos jovens, antes pelo contrário.

     
  • At 6:00 da tarde, Blogger Frederico Lucas said…

    Sem dinheiro o Estado nunca conseguirá dinamizar a economia.
    E estamos cá nós para dizer que a Ota e o TGV não resolvem os nossos problemas estruturais.

     
  • At 6:56 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Penso que uma das primeiras medidas a implementar deveria consistir na criação de mecanismos fortes e eficazes para o combate à corrupção: acabar com os vigaristas e ladrões de "colarinho branco".
    A corrupção é responsável pelas mais ignóbeis e gritantes injustiças, entre elas, uma péssima aplicação do dinheiro dos contribuintes que trava e, até, impede o desenvolvimento económico!

    O título deste "post" é a idade da reforma e, a alteração da idade da reforma, atendendo à falta de uma dinâmica e eficaz política económica, leva a antever que o problema do desemprego - essa chaga social - vai aumentar! Muitos jovens (e menos jovens que já estão a atingir os 30 e, até, mais anos) vão continuar a viver com base na solidariedade e no amor dos pais que continuam, muitas vezes, a "arrastar-se" para poderem sobreviver e não permitir que aqueles a quem deram a vida não a percam em consequência da depressão de que são, muitas vezes, vítimas).
    O desemprego está na base de outros problemas sociais muito graves, como, por exemplo, o racismo e a xenofobia...

    Um beijo,

     
  • At 9:10 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Anastácia,

    Essa é uma questão interessante: relacionar o desemprego com a idade de reforma!

    Podes ter razão que o aumento da idade de reforma vai alterar o equilíbrio no mercado de trabalho mas também tens que ter em atenção que o sistema de Segurança Social não se sustenta com idades baixas de reforma. Aí é que está o principal desafio do Governo, ou seja, conseguir tornar um conjunto de pessoas que trabalham mais tempo úteis para a sociedade e que não colidam com a necessária renovação de quadros.

    Há imensas tarefas que são negligenciadas e que podem ser entregues aos activos que já não devem estar sujeitos a uma carga horária e a um tipo de trabalho que já não têm condições para desempenhar. Falo da investigação em bibliotecas e arquivos estatais, em criação de material didáctico de apoio, em complementar o ensino leccionado nas salas de aulas com acompanhamento individual a alunos com dificuldades, em coordenar a logística, aulas de substituição, em dar apoio domiciliário a idosos e por aí fora (dependendo da profissão e das lacunas da sociedade civil).

    Podíamos, deste modo, melhorar a qualidade do produto ou serviço público sem afectar em demasia a renovação dos quadros. E não é pouco, é um desafio bastante difícil para o Governo.

    Um beijo,

     
  • At 12:58 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    A imagem que tenho dos órgãos de soberania em geral e do governo em particular é muito negativa e, por isso, penso que o sacrifício que está a ser pedido a um número significativo de pessoas (que não fazem parte da camada possidente) não reverterá a favor do bem-estar da grande maioria da população portuguesa, ou seja, não haverá o tão almejado, quão desejável, desenvolvimento.
    As grandes preocupações deste governo continuam, à imagem de outros, a centrar-se na construção de obras ciclópicas, que não terão um efeito de arrasto significativo para um crescimento económico sustentado e também não assegurarão - a longo prazo - um número significativo de postos de trabalho, e, ainda, a apontar para um reforço da componente da despesa para a defesa.

    O engodo e a hipocrisia mantêm-se, tal como o clientelismo e a corrupção. A democracia, tal como a conhecemos, é uma falácia, pois estamos perante um simples rotativismo.

    As pessoas, de uma forma geral, acreditam muito facilmente nas promessas, mesmo que o tempo lhes mostre que, na maior parte das vezes, não são cumpridas; este é um dos efeitos do condicionamento a que têm sido submetidas e esta atitude é muito favorável à nova ideologia. Promete-se que haverá melhores condições de vida para todos quando aumentar a riqueza, por isso, quase todos concordam que se deve aumentar a produtividade do trabalho para criar mais riqueza! O que realmente tem acontecido é que o aumento da produtividade do trabalho tem sido acompanhado pelo aumento do desemprego. O aumento da riqueza tem proporcionado mais benefícios para os que se encontram em melhor situação e tem agravado a situação dos mais desfavorecidos.

    Creio, e como gostaria de estar errada, que as condições de vida da esmagadora maioria da população portuguesa vão sofrer uma pioria.

    Um beijo,

     

Enviar um comentário

<< Home