Filho do 25 de Abril

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domingo, junho 26, 2005

467. Tópicos de Discussão: A Produtividade em Portugal

"A mim parece-me é q continua a haver pouco investimento no branding, em detrimento das novas tecnologias. O investimento na imagem e no conceito sólido de uma marca continua a ser visto como 1 factor de risco.
A banca deveriam apostar, sem medo, nas empresas que valorizassem esta mais valia."
Conchita

"Ninguém duvida que tivemos nos ultimos 20 anos oportunidades unicas nas mais diversas àreas de equipamento social. Remodelação dos aeroportos, duplicação da rede de metro, Barragem de Alqueva, remodelação da rede ferroviária e construção de uma nova rede rodoviária incluindo a maior ponte da europa. Com isto se conclui que os responsaveis destes projectos são homens com bastante conhecimento. Com que idade estão neste momento? 55-65 anos.
Ora, o trabalho que desenvolvi passa por um sistema de partilha metódica desse conhecimento, face à brevidade da reforma destes técnicos.
Através de rigorosos registos da actividade.
As empresas estrangeiras, com destaque para as espanholas, agarram com as duas mãos este projecto. As Portuguesas desconfiam dos danos colaterias que tais registos possam provocar. Será que assumem a sua actividade com preversidade?
É esta visão do presente sem futuro que me perturba."
Frederico Lucas

"O que acontece é muito simples. As entidades públicas, sabendo que podem assumir 30% de custos adicionais (trabalhos a mais) em cada empreitada, idealizam outras obras de baixo valor a incluir nos custos da empreitada "principal". Além disso, têm o responsável máximo do organismo a impor ao empreiteiro uma entrega financeira ao partido no poder.
Posto isto, imaginem as consequências que pode ter um bom registo da empreitada quando se verifica que até correu exactamente como planeado?
Mas sobre esse assunto a Maria José Morgado já esclareceu: É o inimigo sem rosto."
Pedro

"O problema não parece estar nos empresários.
Quanto á banca qualquer acusação é ridícula. A banca portuguesa é das mais eficientes da Europa. Conheço portugueses que emigraram para outros países da Europa e uma das coisas que sentem mais saudades é da eficiência dos nossos bancos.
O discurso do Sampaio foi ridículo.
Como referes, porque é que a banca iria arriscar se tem negócio suficiente com os empréstimos imobiliários e outros?
Assim onde estará o problema?
Só resta uma hipótese, no sistema que se instalou que permite grandes negócios em actividades seguras e rendosas como o imobiliário mas que nem são as mais úteis para o momento que a nossa economia atravessa.
E esta hipótese é a que tem de ser considerada. A estratégia de desenvolvimento caracterizada por um liberalismo demasiado e pela sujeição à União Europeia dos poderes que restam ao Estado português levou a esta situação.
É por aí que temos de agir."
Raio

"por mim culpava a mentalidade pequenina dos maiores responsáveis do sector, de parte a parte. É um meio pequeno, acabam por formar uma espécie de clube instalado não informal, mas muito poderoso. O nepotismo e o tachismo estão intrínsecos em todos os aspectos da nossa cultura."
Dinah

"O conceito de sensibilidade ao risco é extremamente engraçado e enganoso. Há uma opinião mais ou menos consensual que o empresário português é averso ao risco, opinião que pessoalmente não comungo! Ser averso à utilização do crédito (e preferencialmente preferir utilizar capitais próprios) é um factor que potencia o risco (nem que seja dos bens pessoais do empresário e em última análise há uma preferência fiscal em relação aos capitais alheios o que lhe permitiria aumentar a rentabilidade dos capitais próprios via poupança fiscal). A falta de imaginação no investimento é também um factor de propensão ao risco visto que tenta ocupar um espaço no mercado que já está ocupado e logo a rentabilidade esperada decresce significativamente em relação ao investimento inicial que está a imitar... Se juntarmos isto à aversão que as empresas portuguesas ainda têm em relação a financiamentos do tipo leasing (porque é que nenhum empresário se lembra de fazer leasing das máquinas? Se não conseguir trabalhar com elas ou se forem um fiasco, em cenário de incerteza claro, bastava-lhe devolver a máquina) e facturing (prevenindo porventura uma das situações mais críticas actualmente em Portugal, os maus pagadores) que lhe permitiriam fazer algum out-sourcing de actividades que por vezes não tão vocacionados ou que lhe são relativamente caras, chego à conclusão que aversão ao risco não têm, só lhes falta mesmo começarem a jogar no euromilhões com os capitais da empresa na esperança de lhe aumentarem a rentabilidade ;)!!!"

(...)"é claro que mesmo seguindo este tipo de políticas empresariais muitas fábricas vão fechar na mesma, mas o que interessa é salvar algumas... Tanto que há excesso de pequenas empresas no sector que enforcam as grandes ou as pequenas com potencial de crescimento ou de difenciação de produto, logo a saída de mercado das mesmas até pode ser uma boa notícia para o sector.

O problema da produtividade não vem só dos trabalhadores, vem também de cima. E depois queixam-se da abertura ao mercado chinês como se esse fosse o problema do sector... O problema do sector é tantos anos depois ainda estarmos a competir directamente com os produtos chineses, o que é no mínimo rídiculo!!!"
Elogio do silêncio

4 Comments:

  • At 9:01 da manhã, Blogger Kosovares said…

    Ando meio perdido... Não sei se responda neste comment ou no do post anterior. Mas como gosto de tentar ser actual vai neste...

    Só queria começar por esclarecer alguns pontos do post de ontem que podem não ter ficado claros (já era um bocado tarde quando os escrevi portanto não me admirava).

    A questão que deixei no ar acerca dos case studies duma forma um pouco irónica ("Se todas as fábricas têxteis da área do Vale do Ave, por exemplo, passarem a comercializar directamente junto ao consumidor resolvemos o problema têxtil português?") só existe no sentido de provar por via do absurdo o erro de estrutura de raciocínio dos marketeers (para mais informações ver os comments do post de ontem) porque se todos fizerem isso inundam o mercado e em vez de se estudar um case study de sucesso passam a estudar um de insucesso. Não existe teorias de simetria em economia (erro muito comum tb em economia em que agem como se o futuro fosse igual ao passado, o que é manifestamente absurdo...).

    Mas deixando estas questões mais filosóficas há tb um outro ponto que queria esclarecer. Inovar não é arriscar (é aqui que muitas vezes está o erro do banco, visto que se apostassem via crédito nas inovações que alguns empresários lhes pedem, poderiam estar a blindar alguns clientes em vez de esperar que simplesmente fechem). Arriscar é ficar parado. É esperar que o que funcionou ontem funcione para sempre. Isto é que mau empreendadorismo. Isto é que é acabar antes mesmo de começar.

    E finalmente, no que diz respeito às empresas não produtivas só queria esclarecer uma coisa... O que eu queria dizer é que quantidades absurdas de pequenas empresas em oposição a poucas grandes empresas só atrofia o sector. O fecho de algumas pequenas empresas pode ser benéfico porque permite às outras respirar e crescer com maior facilidade.

    Quanto ao tema de hoje só queria deixar uma pergunta ao Frederico Lucas porque é um tema que me entusiasma... "Ora, o trabalho que desenvolvi passa por um sistema de partilha metódica desse conhecimento, face à brevidade da reforma destes técnicos.
    Através de rigorosos registos da actividade.". Isto é no fundo um esforço de codificação do conhecimento tácito (muitas das vezes conhecimento do tipo knowledge-by-doing e knowledge-by-using). Dizes assim que é económico a codificação desse conhecimento?

     
  • At 8:35 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Elogio do Silêncio...

    Quanto aos case studies estou de acordo! A vida não é uma ciência experimental e utilizar as receitas do passado pode não ter os resultados esperados. Insisto que não percebo o suficiente de Marketing para aprofundar mais o tema!

    "Arriscar é ficar parado. É esperar que o que funcionou ontem funcione para sempre. Isto é que mau empreendadorismo. Isto é que é acabar antes mesmo de começar."

    Eu acho que esta frase define na perfeição o que se passa em muitos sectores em Portugal. De facto arriscamos quando não fazemos nada para mudar a situação! Insisto que os bancos agem de forma racional porque não necessitam de arriscar com os lucros actuais mas já não podemos dizer o mesmo das empresas já que estas t~em que reagir de formas diferentes às que têm sido utilizadas até agora.

    Obrigado pela participação,

     
  • At 8:39 da tarde, Blogger Ricardo said…

    C. Indico,

    Eu não tenho base de comparação com outros países mas o FACTO que o Estado é mau pagador em portugal é a origem de imensos males. Sobre este tema vou escrever em breve...

    O mesmo acontece no sector privado que os grupos com poder de mercado beneficiam duma justiça permissiva, ineficaz e lenta para obterem importantes ganhos financeiros. Mas isso asfixia a economia e duvido que as empresas com sede no estrangeiro tenham o mesmo tratamento! Enfim...

    Abraço,

     
  • At 10:45 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Exactamente, há uns meses um amigo meu propôs um desconto por antecipação a uma Multinacional e a resposta : nem mais um dia, nem menos um dia.Aliás a sanção disciplinar, ao Dir. Financeiro, era exctamente a mesma, fosse antes, fosse depois.

     

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