Filho do 25 de Abril

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terça-feira, junho 21, 2005

463. O Portugal que está a falhar...


Onde é que eu vou sair?

Confesso que o laxismo na execução das obras públicas em Portugal faz-me muita confusão. O Túnel de Ceuta é o mais recente exemplo! Já não me interessa de quem é a culpa mas sim saber como é possível começar obras sem ter todas as licenças e o trajecto definido. Se a culpa é de Fernando Gomes, de Nuno Cardoso, de Rui Rio, desta Ministra da Cultura ou da anterior, do IPPAR ou de Salazar já não me interessa, quero saber é como é possivel as obras chegarem a este ponto. O Porto anda, progressivamente, a ficar o campeão das obras mais surrealistas de Portugal.


Custei um milhão de contos! Para que é que eu sirvo? Se ao menos eu ainda fosse bonito...

Já tínhamos o Edifício Transparente que ninguém sabe para que é que serve, a Casa da Música que descarrilou por todo o lado, o Parque de Estacionamento do Castelo do Queijo que metia água (entretanto reaberto alguns anos depois da conclusão da obra inicial após “correcção de anomalias”), os Carris dos Eléctricos que instalaram por toda a cidade e que nunca vão ser utilizados, só para dar alguns exemplos. Porque de obras inacabadas e/ou de execução deficiente há dezenas de exemplos só no Porto. Agora florescem novos problemas seja no trajecto do Metro, nas obras prévias do Metro (para futuras linhas que nunca vão ser aprovadas), nas contas correntes (confusas) entre o Metro e as autarquias, nas obras simultâneas à frente das duas urgências dos hospitais da cidade e no famoso Túnel de Ceuta que, como já admitiu Rui Rio, vai abrir mas com este trajecto pouca utilidade vai ter para os automobilistas.

Só falo no Porto porque é a cidade que conheço melhor e não porque seja exemplo único. Porque os Terreiros do Paço, os Centros Culturais de Belém, as rotundas e avenidas sem utilidade e todas as obras que ultrapassam largamente o limite máximo de derrapagem que o Tribunal de Contas permite “nascem” por todo o país (e nas ilhas a humidade parece favorecer ainda mais o seu crescimento).

Estaremos numa República das Bananas? Será que não há no Porto e no resto do país o mínimo de consciência que é o nosso dinheiro que é utilizado ao desbarato? Alguém é capaz de me explicar como tudo isto é sequer possível acontecer? Não estou à procura de culpados, só de explicações...

25 Comments:

  • At 4:25 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Abstract:It´s easy, my dear Watson ,Money talks.
    -Por 3 motivos muito simples, que são sempre complicalizados(*):
    a)O cidadão pensa que o dinheiro do Estado é de origem cósmica;
    b)Os Homens do Poder, nestas coisas, tratam-se po Tu;
    c) O Estado, Os Empreiteiros, os Partidos e os Bancos são o nosso imenso Cambão.
    Nota: Há aproxim. 5 anos um Arrastão do fisco holandês a 400 empresas fez baixar o preço das Obras Publicas em 30%.
    (*)Desta vez arrogo-me o direito de ser eu a criar um neologismo.
    Nota: Há uns 5/6 anos um Arrastão do fisco holandês a 300/400 empresas, em análise de Concursos publicos, fez baixar o preço das O.P. em 30%

     
  • At 7:21 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Há uns anos atrás a diferença entre Portugal e uma lata de merda, era a lata.
    Agora e sem espanto não há diferença nenhuma.
    Somos mesmo uma lata de merda!
    Estamos de PARABÉNS! CONSEGUIMOS IGUALAR A AMÉRICA LATRINA...
    QUE ORGULHO...QUE PERFUME...

     
  • At 9:11 da tarde, Blogger Unknown said…

    acho que estamos a beira do abismo...agora só falta dar-mos o passo em frente

     
  • At 10:36 da tarde, Blogger Ruvasa said…

    Viva, Ricardo!

    Só um pequeno apontamento.
    Sabes que não vou à bola com o homem de Boliqueime.

    Mas, por favor, não metas o Centro Cultural de Belém no mesmo saco, que serás injusto.

    Se o CCB não tivesse sido construído, teríamos armado barraca quando das duas vezes que tivemos a presidência da UE.

    Custou mais do que o previsto, porque teve que ser feito à pressa, com horas extraordinárias, do princípio ao fim, pelas mesmas razões.

    Por fim, quem mais se assanhou contra a sua construção é precisamente quem mais dela tem beneficiado. De tal modo que, todos se calaram, mal acabou a primeira presidência da UE e puderam desfrutar das potencialidades do CCB.

    Por estas razões - e talvez por outras - comparar o CCB com a Casa da Música é mesmo... música. E tu não costumas dá-la, meu Amigo.

    Abraço

    Ruben

     
  • At 10:39 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Cá estou outra vez.

    Houve aqui quem tivesse chamado à América Latina, América Latrina.

    É o que faz escrever-se acerca de algo, desconhecendo-se tudo.

    Ruben

     
  • At 11:04 da tarde, Blogger Ricardo said…

    C. Indico...

    Parece-me uma excelente ideia a de colocar o fisco numa acção coordenada de investigação! Mas a questão não é só a fuga aos impostos mas também a falta de consequências quando os custos e os prazos descarrilam...

    Subscrevo todas as alíneas!

    Abraço,

     
  • At 11:06 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Anónimo...

    Portugal não é nem um caso perdido nem deve ser encarado dessa forma. Mas considero que há um verdadeiro despudor nas obras públicas.

    Há situações que temos que apontar o dedo e exigir que se faça melhor, sem deixar de acreditar em nós...

    Mas confesso que, por vezes, fico desiludido com o marasmo em que se vive!

     
  • At 11:08 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Carlos,

    Obrigado pela visita! Essa frase (famosa por ter sido proferida pelo velho capitão da minha equipa) ilustra bem a situação! Porque será que insistimos tanto em querer dar esse passo?

     
  • At 11:19 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Viva Ruben,

    Não me fiz entender! Eu não critiquei a Casa da Música e o CCB por aquilo que significam ou pela utilidade que representam (ou não!). Sobre isso não me pronunciei...

    Não sou daqueles que acha que não podemos fazer nada enquanto houver uma pessoa em lista de espera ou um desempregado. Mesmo os elefantes brancos têem a sua utilidade!

    O que eu me referia e com alguma revolta é no completo descontrolo dos custos das obras (e nalguns casos nos prazos). Quando o CCB foi aprovado já não se sabia a data de finalização da obra? Que eu saiba o custo final não foi mais 10% mas sim o valor inicial multiplicado por um número elevado (ainda recentemente ouvi 3 vezes mas posso estar errado em défice ou excesso). E depois o CCB dá mais prejuízo do que o previsto anualmente porque não houve dinheiro para terminar de equipá-lo o que ia potenciar as receitas. Custou mais algumas vezes que o valor inicial e o dinheiro não chegou? Quem fez o orçamento?

    Podia até ser a salvação da nossa economia mas nada justifica este modo (irresponsável )de se fazer as obras. E não interessa que partido fez porque todos evidenciam os mesmos tiques. Mas, repito, contra o CCB só tenho o facto de ficar ao lado do Mosteiro mas isso já é uma questão subjectiva de gosto pessoal que tem sido amenizada com o tempo!

    Deixo aqui um exemplo duma obra complexa (Viaduto Millau) que cumpriu os prazos e até custou menos que o previsto:

    http://filhodo25deabril.blogspot.com/2004/12/268-viaduto-millau.html

    Abraço,

     
  • At 11:49 da tarde, Blogger Ruvasa said…

    Viva, Ricardo!

    Agora, sim estamos de acordo.

    O que tu dizes, dizemos precisamente nós no comunicado que justificou as razões por que publicámos o anúncio cartaz em O Independente.

    Provavelmente, terei lido o teu post de viés.

    Abraço

    Ruben

     
  • At 11:49 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    Ora aí tens uma das principais causas para os famigerados défices!
    Claro que vale a pena - lá dizia o poeta, «tudo vale a pena...» -, têm contribuído para o crescimento sustentado e deram origem a um monte de novos empregos!
    Enfim, mania das grandezas própria da mentalidade terceiromundista!

    Abraço,

     
  • At 12:01 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Ruben,

    Conversando é que nos entendemos!

    Quanto à tua iniciativa é de louvar! Confesso que até ler o comunicado julguei que se tratava dum pedido de mais sacrifícios pessoais no campo dos rendimentos dos políticos. Já verifiquei que me enganei e acho a iniciativa de louvar!

    Abraço,

     
  • At 12:04 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Anastácio,

    Subentendo no teu comentário que para além das críticas ás derrapagens também criticas as obras.

    Não era minha intenção julgar a validade das obras porque elas são de utilidade muito díspare. Por exemplo considero que a EXPO foi um elefante branco positivo para Portugal e que certamente o Edifício Transparente não foi! Ma so que me levou a escrever este post é o completo amadorismo como se fazem as obras públicas em Portugal. Nos estudos prévios, nos custos e nos prazos.

    A gota de água é construir um túnel que ninguém sabe onde vai sair e que como está não resolve nada...

    Haja paciência!

     
  • At 5:57 da manhã, Blogger O Homem das Ilhas said…

    Só me apetece dizer :

    É cada vez mais difícil viver em Portugal !

     
  • At 11:33 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Por favor não comparem Portugal á América Latina!. Não sabem de que estão a falar. Eu sei porque vivi lá.Nem sequer dá para rápidamente aqui fazer um esboço de comparação.
    Digo isto, pelo sentimento de "vergonha" que sinto pela miséria, desamparo,etc. Algum de vocês sabe o que é, por uma questão de decência, cultura e piedade recusar-se a pagar aqueles Salários Minimos?. E estar lá,óbviamente, para ter máximas mais valias.Sabem o que é o PRIVILÉGIO DE TER UM TELEFONE,UMA TORNEIRA;? INFORMEM-SE, p.ex., no site da CIA.Aliás, alguns paises. p.ex., o Uruguay, quando se clica em dados geog´rficos, económicos, linkan directamente para uma Universida Americana ou para a CIA!!!

     
  • At 11:45 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo, quando falei do Arrastão das Finanças não foi por causa dos impostos, foi para pôr á evidência que haviam combinações prévias aos concursos, para distribuir as obras, subir os preços, e chantagear o Estado com os prazos.

     
  • At 7:25 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    INDICO

    Quando comparei Portugal à América Lat(r)ina, foi precisamente pensando em tudo o que disseste. Na vergonha que são esses países, muitos deles riquíssimos e que deixam a população no limiar da miséria ou mesmo na miséria, enquanto, literalmente, meia dúzia de “mafiosos” controlam a economia e os seus compatriotas, como se fossem um rebanho de carneiros, juntando-se a eles os “Vaqueiros” Internacionais, em busca cega de lucro, ou melhor numa cegueira de extorsão.
    Dizes tu, se sabemos o luxo que é ter um telefone nesses países. Sei. Como também sei a banalidade que é ter um telemóvel em Portugal, mas sei também que o anel que asfixia as grandes urbes portuguesas é de uma miséria gritante: a falta das tais torneiras, telefones fixos, saneamento básico, etc. E o que dizer do interior do país, onde existem aldeias no limiar do surrealismo.
    São realidades diferentes? Talvez mas um país, Europeu, que se diz Europeu, que deu Novos Mundos ao Mundo, caminha, na melhor das hipóteses para a Latinização.
    Eu considere que infelizmente já atingimos este abjecto estado e com a constante deterioração da situação financeira da classe média, onde estão os pilares deste nosso Portugal?
    Pelo andar da carruagem, nem um pilar de betão a custar o dobro do preço que deveria vamos conseguir construir. É só esbanjar, para quê pensar?
    A salvação só se a lata de merda se transformar numa jarra de platina cheia de ouro e mesmo assim...

    Sonha Amigo, pois o sonho comanda a vida… e esquece os relatórios da CIA, pois parece que estão um pouco desactualizados e ligeiramente, muito de ligeiro facciosos.

     
  • At 10:20 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Homem das Ilhas,

    Portugal tem duas faces! É um país de brandos costumes e muito "desenrascado" onde eu gosto de viver. Mas também é um país onde o laxismo reina.

    Abraço,

     
  • At 10:33 da manhã, Blogger Ricardo said…

    C. Indico e Anónimo...

    Não vamos nem tanto ao mar nem tanto à terra. De analogias exageradas vive a ironia por isso não é preciso levar tudo à letra. Parece-me óbvio que Portugal de lat(r)ina só tem o "mau cheiro" que emana do comodismo duma população que se recusa a lutar por um país melhor!

    Temos o Portugal que merecemos e isso é válido para todos os sectores da economia exigentes e que nos oferecem serviços de Primeiro Mundo como também é válido para todos os sectores onde o laxismo e os "serviços mínimos" imperam que promovem a falta de exigência e o sub desenvolvimento.

    A atitude "pública" perante as obras é um bom exemplo duma situação terceiro mundista onde meia dúzia de privilegiados "brincam" com o dinheiro alheio porque não usam critérios de exigência iguais aos que usam quando gastam o seu próprio dinheiro!

    Abraço,

    Abraço,

     
  • At 2:27 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,
    agradeço a tua versão concialiatória.
    Mas não posso deixar de repetir ao Anónimo que ele tem a maleita dos Fartos, que é Somos pobrezinhos e burrinhos.Excepto nós, aqui nesta mesa.Quanto á CIA, o seu factsbook é excelente, dá uma olhada quando quizeres saber algo sobre Portugal.E até em que indices de sociais estamos melhor que os EEUU!
    Anónimo, sabes o que é nascer, crescer, fazer filhos e morrer tendo como unica propriedade um plástico que cobre da chuva e do pudor, sempre num passeio de cimento, toda a vida?
    Aqui me fico.

     
  • At 2:38 da tarde, Blogger Ricardo said…

    C. Indico,

    Quanto ao CIA factsbook confirmo a sua utilidade e qualidade!

    http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/po.html

    Quanto ao resto, por aqui me fico!

    Abraço e obrigado por mais esta visita,

     
  • At 2:46 da tarde, Blogger Ricardo said…

    C. Indico...

    Mais uma nota...

    Gosto especialmente desta parte no CIA factsbook:

    "gateway country for Latin American cocaine and Southwest Asian heroin entering the European market (especially from Brazil); transshipment point for hashish from North Africa to Europe; consumer of Southwest Asian heroin"

    Se isto é verdade já percebi porque é que o Portas insistiu tanto nos submarinos, hehe

    Abraço,

     
  • At 5:50 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    1 submarino (pq 1 tem de estar sempre em manutenção) a detectar droga em bacalhoeiros, veleiros,traineiras, voadoras e private jets, dava um excelente argumento para os argumentistas do Brósio,Ambrósio.
    Já agora, e se avaria um?
    Compram-se sempre 3!
    Um abraço.

     
  • At 10:39 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    INDICO

    Não compreendes porque não queres, se calhar é desses “burrinhos” que te quererás referir, não eu. Quanto aos “Fartos”, só se te consideras como tal, eu nunca assim pensei, nada em mim é superior aos outros e o que mais prezo è a descoberta de sempre mais, trocar impressões com outros, conhecer novas culturas e as suas mentalidades.
    Olha que também sei do que falo.
    Não entres pelo caminho fácil e corriqueiro de chamar “ convencido ” aos outros, pois isso sim revela um comportamento fartamente enjoativo e denotador de fraqueza.
    “Anónimo, sabes o que é nascer, crescer, fazer filhos e morrer tendo como unica propriedade um plástico que cobre da chuva e do pudor, sempre num passeio de cimento, toda a vida?” – felizmente não, mas tenho perfeito conhecimento dessas situações. Julgo que tu também felizmente não saberás, mas as conheces como eu ou melhor.
    Quanto a alguns Índices dos E.U.A., serem inferiores aos nossos, achas que me surpreendes?
    Não amigo, os Estados Unidos, não são para mim um paradigma a seguir, principalmente em protecção social.

    E por aqui me fico, até quereres…

     
  • At 3:23 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Anónimo, para terminar por agora:
    relmente uma coisa é ter conhecimento, outra é conhecer as pessoas,as pessoas,estar lá o tempo suficiente para banalizar.É o meu caso.Olha, dá um salto a Luanda, e olha para as centenas de putos que dormem nas árvores, vai á Venezuela e pergunta pelos Correios e Hospitais, quse 40% da Saude Publica do Brasil é praticada pelas diversas Beneficiências portuguezas.Estamos na Sociedade da Informação mas 2/3 das pessoas nunca viram um Telefone.Compra um charter para o norte de brasil e em vez de ires á praia, segue para o interior,Boavista,etc.
    Um abraço sincero.

     

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