465. O São João é no Porto
Com respeito por todas as Festas de São João que se multiplicam pelo país (até do outro lado do rio) a "verdadeira" festa popular dá-se no Porto. Hoje a noite deve ser passada no Porto e em mais lado nenhum. Não por ser regionalista e muito menos por “adorar” a festa (confesso que o tempo tem diminuído a minha vontade de andar pela cidade a comer sardinhas e dar umas "marteladas” a desconhecidos) mas porque é uma festa genuinamente popular. A forma como, no ano passado, os adeptos das selecções que se encontravam no Porto para o Europeu de Futebol facilmente juntaram-se à festa mostra bem o cariz popular dos festejos.
A Festa de São João no Porto é, muito provavelmente, a festa mais difícil de explicar! Como explicar que milhares de pessoas divertem-se não só a saltar a fogueira, a ver o fogo de artifício e a comer sardinhas como também a andar às "marteladas” e a "esfregar" o alho porro por toda a cidade? Não consigo explicar! Por isso quem ainda não conhece o São João no Porto está convidado a vir...
Ris de mim por não ser novo!
Cautela, que na noitada,
Até mesmo um velho ovo
Pode dar boa gemada.
Quadra de São João!
15 Comments:
At 11:21 da manhã, Anónimo said…
Viva, Ricardo,
É uma festa com raízes muito profundas! Uma tradição que remonta aos nossos avoengos que celebravam o solstício de Verão!
Hoje em dia, é a festa de S. João (não se sabe muito bem se é o evangelhista ou o baptista), mas, tal como muitas outras datas que tinham uma particular importância para os pagãos, foi aproveitada pela igreja católica!
Somos um povo com fortes ligações ao paganismo!
Um abraço,
At 2:03 da tarde, Anónimo said…
Aqui vai á minha Martelada!
At 2:53 da tarde, mfc said…
Então um grande S. João com muitas marteladas de pequenas jeitosas.
At 3:14 da tarde, Ricardo said…
Anastácio, C. Indico e mfc,
Não vou andar a distribuir "marteladas" virtuais porque o São João só permite as "reais" sem ninguém levar a mal! E cuidado com a definição de marteladas que eu aqui só falo de martelos de plástico! Um bom São João para todos!
Abraço (s),
At 5:20 da tarde, Anónimo said…
A festa do São João Que seja batista ou evangelista é uma invenção da igreja catolica apostolica romana, invenção feita para evangelizar os pagãos (Ersas)que festejavam os dois solisticios. No porto continua a se chamar S. João mas en Lisboa o Santo Antonio (de Padua)robou a festa.
Bravo ao Porto de continuar é pena eu não estar aì, mas aqui en França também festejamos o Solisticio de verão.
Abraços de Montpellier
At 6:57 da tarde, Anónimo said…
Pois, pois, Ricardo, mas as "marteladas" são um símbolo muito sugestivo: fazem lembrar as "fogueiras de Beltrane"!
Diverte-te!
At 7:08 da tarde, armando s. sousa said…
Bom S. João.
Vou a uma sardinhada com uns amigos e logo se vai ver.
Um abraço.
At 1:41 da tarde, Ricardo said…
A discussão sobre as origens do São João no Porto está interessante. Eu apesar de ser agnóstico sou um leitor interessado de temas religiosos.
Mas nada posso acrescentar a este debate porque a minha cultura "religiosa" não é assim tão abrangente.
Confesso que a minha admiração pela festa tem a ver com o ambiente puramente "popular" que adquiriu. Hoje em dia tem muito pouco de religioso (sem discutir a sua génese). Actualmente a festa ganhou vida própria para além do seu significado primordial. É impressionante verificar o espírito popular que invade a generalidade das classes sociais nesta festa.
At 6:47 da tarde, Anónimo said…
Micróbio,
Se tivesses lido com alguma atenção o que escrevi, por certo não concluirias que eu possa fazer alguma confusão entre João o evangelista (o discípulo amado) e João o baptista (quiçá, o mestre que iniciou Jesus e, por isso, tão venerado pelos templários)!
Deve-se ter algum cuidado em não tratar os outros como ignaros e atrasados mentais, isso não é nada bonito, denota uma certa má educação!
Aconselho-te a ler «Cinco Mil Anos de Cultura a Oeste», de Moisés Espírito Santo:
O culto católico dos santos inscreve-se na continuidade do antigo politeísmo,...
Todos os locais e todos os bens das riquíssimas religiões e cultos pagãos, oficiais ou étnicos, nacionais ou regionais (...) passaram para as mãos da Igreja de Roma. (...)
As «fogueiras de S. João» precedem a existência da personagem São João.
Poderia indicar-te outras obras que versam sobre este tema, mas se estiveres interessado não terás dificuldade em encontrá-las.
Mais uma vez, o que fizeste foi muito deselegante. Sem que tenhas um conhecimento profundo sobre o assunto, arvoras-te numa autoridade com legitimidade para passar um atestado de ignorância a outros...
At 6:57 da tarde, Ricardo said…
Anastácio,
Continuo só a "pairar" sobre os comentários deste tema porque não é uma área que tenha conhecimento suficiente para poder oferecer um valor acrescentado ao tema.
Mas estou receptivo a aprender! E nunca tinha lido nada sobre a origem desta festa popular. Até hoje...
Abraço,
At 8:48 da tarde, Anónimo said…
Não posso deixar de elogiar o comentário do Anastácio, que revela uma cultura muito mais profunda e conhecedora que o simples "saber dizer umas bocas" para impressionar, muitas vezes patente nos comentários daqueles que "lêem umas coisitas" e julgam que já sabem muito mais que os outros. Só sei que nada sei. O que eu sei é uma gota, o que não sei é um oceano.
At 11:45 da tarde, Anónimo said…
Ricardo,
Muito embora não te conheça, creio-te uma excelente pessoa. Como diria Pascal, o coração tem razões que a própria razão desconhece!
E, para que não subsistam quaisquer mal-entendidos, o Anastácio é, na realidade, UMA Anastácia com dois filhos, um dos quais é teu homónimo!
A minha formação académica cai numa área das ciências, mas sinto-me fascinada pelas humanidades.
O Homem é um ser intrinsecamente religioso, o que tem constituído um "isco" para o poder instituído; daí que a ideia de Deus - um produto cultural - tenha acompanhado a evolução de outras ideias (sobretudo económicas e políticas - às quais serve), pois qualquer fenómeno social é total.
Quando o Micróbio diz religioso, está a referir-se à religião católica apostólica e romana, uma religião de estado que surgiu no IV século da nossa era com Constantino; a tendência geral é confundir os dois conceitos.
Quanto a leituras que conduzam ao gnosticismo, sugiro, entre outros autores (muitos), Fernando Pessoa, Carl Gustav Jung, Pascal e Giordano Bruno.
Um abraço,
At 11:59 da manhã, Ricardo said…
Anastácia,
Obrigado pelas palavras claramente exageradas. Mas obrigado na mesma.
Eu não rejeito qualquer concepção religiosa e muito menos ridicularizo a fé (ou falta dela) de terceiros desde que isso não interfira nas minhas escolhas (religiosas ou sociais). Gosto de analisar a evolução das religiões mas confesso que as minhas leituras levaram-me a outros conhecimentos. As sugestões de leitura são bastante apelativas até porque já conheço bem um dos autores, Fernando Pessoa, que tem a capacidade de descrever em palavras o que eu sinto bem lá no fundo.
Das poucas vezes que escrevi sobre religião foi no início deste blogue e foi porque queria definir melhor alguns conceitos religiosos. Recentemente, mesmo com experiências pessoais mais fortes, não consegui arranjar conforto em nenhuma religião o que só veio confirmar ser agnóstico. Se quiseres espreitar são os primeiros 6 posts:
http://memorias25abril.blogspot.com/2004/09/religio.html
Muito obrigado pelas visitas e palavras amáveis que retribuo! Um beijo e cuidado que os Ricardo(s) são uma peste, hehe
At 3:40 da tarde, Anónimo said…
Ricardo,
Fui ler o que escreveste sobre religião, muito interessante!
Admiro quem sente e reconhece que a evolução do ser humano e, por conseguinte, a das sociedades, passa pela liberdade. Como dizia Sartre, «estamos condenados a ser livres»!
Tento (reconheço que é difícil) libertar-me de dogmas e preconceitos e, para ser coerente comigo mesma, não pertenço a qualquer religião ou partido. Contudo, esforço-me por me conhecer a mim mesma, colocando-me a seguinte questão (tão óbvia, quanto significativa): «quem sou Eu»?
Os Ricardos são uns malandrecos, mas umas doçuras...
Um beijo,
At 7:24 da manhã, Ricardo said…
Anastácia,
Obrigado pelos elogios aos meus escritos pré históricos! A liberdade é um valor que muito prezo, a minha e a alheia! Espero que respeitem as minhas opções da mesma forma que respeito as opções que não condicionam as minhas. Por isso defendo um Estado laico, independentemente das minhas actuais e futuras convicções religiosas.
Quem sou eu? É melhor nem começar essa discussão pois podia ocupar nossas curtas vidas e não chegar a nenhuma conclusão!
Quanto aos Ricardos é melhor não generalizar, mesmo que seja a (des)favor duma piada fácil que introduzi!
Um beijo,
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