478. Sala de Cinema: Batman Begins
Batman Begins
Realizador: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Liam Neeson, Katie Holmes, Michael Caine, Morgan Freeman, Rutger Hauer
Pensei que este projecto recuava à origem do cavaleiro das trevas mas que fazia ponte com os antigos filmes da saga. Mas a única ponte que há com os anteriores quatro filmes é o nome do herói de serviço. E se não era preciso muita coragem para quebrar com o estilo de Joel Schumacher o mesmo não posso dizer de fazer o mesmo com a marca que Tim Burton deixou nesta saga. Mas Christopher Nolan também é um autor e não um simples tarefeiro e soube trazer a sua marca pessoal para o filme demonstrando não ter medo das comparações. Em vez de fazer uma imitação de segunda de Burton, reinventou completamente o ponto de vista cinéfilo do Batman. Enterrou a continuidade mas só assim era possível revitalizar esta personagem.
Batman: Year One, de Frank Miller e David Mazzucchelli (Clique na imagem para ampliar)
E eu digo que revitalizou o ponto de vista cinéfilo e não geral do Batman porque este filme “bebe” a sua inspiração dum álbum de Banda Desenhada bastante popular: Batman, Year One, de Frank Miller (sim, é o mesmo de Sin City). Neste álbum Batman não vive numa sociedade surrealista e gótica como a que Tim Burton idealizou (apesar do gótico estar presente pontualmente) mas sim numa sociedade realista e decadente. E é esta a visão que Nolan idealiza para este filme.
O início do filme assusta no mau sentido! Demoramos a perceber que se trata dum filme do Batman e durante algum tempo parece que o espírito da personagem não está presente. Mas ao chegarmos a Gotham tudo faz sentido. Apesar de haver algumas concessões comerciais e visuais (o Batman a planar, a relação com Katie Holmes) o filme é intrinsecamente anti comercial e duvido que vá obter um resultado de bilheteira muito elevado. Mas o importante é que foi feito um bom filme onde Batman não é um herói de acção mas alguém que assusta e incita o medo aos criminosos de Batman. A escuridão esconde o cavaleiro das trevas, versão Frank Miller e Christopher Nolan!
Síntese da Opinião: A minha opinião é suspeita porque adoro BD. Mas apesar de ter ido ver o filme vacinado contra as más adaptações, a injecção era desnecessária!
4 Comments:
At 7:03 da tarde, Ferrão said…
Ainda não vi o filme, mas a quantidade de boas críticas, incluindo esta, que li estão me a deixar com muita pena de ainda não ter podido ir ao cinema. Gosto muito de Ano Um de Miller e estou curioso de ver até que ponto o filme se inspira na BD.
At 8:03 da tarde, Ricardo said…
Viva Ferrão,
Fico grato pela visita até porque gosto bastante do blogue que escreves! O filme é fiel ao espírito do Batman: Yera One do Miller mas não à história. Fiquei agradavelmente surpreendido com esta adaptação e, apesar de bastante diferente da visão de Burton, é uma das melhores adaptações de BD dos últimos tempos...
Abraço,
At 11:59 da manhã, Anónimo said…
Realmente estamos em sintonia Ricardo. É de facto uma abordagem extremamente interessante do universo do Batman, feita pelo Nolan. Quando falei do Whedon foi porque ele esteve escalado para realizar o X-Men e agora está a preparar o Wonder Woman, e usava um exemplo do passado recente, o Raimi, e um exemplo do que está para vir, em tons de alerta. Se calhar exprimi-me mal. Ah, e gosto bastante do novo visual. Continua.
um abraço
Miguel
At 12:20 da tarde, Ricardo said…
Miguel,
O Joss Whedon é capaz do melhor (Firefly) e do pior (Angel) por isso nunca sei o que esperar do seu trabalho.
Já Sam Raimi foi capaz de transformar o Homem Aranha num herói de sucesso no cinema e é preciso respeitar isso. Mas nunca gostei muito do Homem Aranha na BD nem gostei da sua transposição para o cinema.
Quanto ao Batman compreendo a má recepção da crítica e a recepão fria do público mas, individualmente, gostei desta versão do Batman.
Abraço,
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