Filho do 25 de Abril

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sábado, julho 02, 2005

479. Produtividade: Pessimismo (1)


Salvador Dali - Geopolitical Child Watching the Birth of the New Man - 1943

O post “A Idade da Reforma” provocou comentários apaixonados. Até a civilização esteve em discussão! Neste momento os portugueses discutem tudo, estão desconfiados e têm razão para estar. A moral está destroçada porque já não confiamos em ninguém e é desesperante ver um país sem iniciativa nem esperança. Os políticos são alvo das mais espantosas declarações que já nem os noticiários têm pudor em mostrar. No fundo já ninguém acredita neste país e ninguém sabe como colocar a sociedade ao serviço do homem.

Eu não sou um filósofo. Também não sou um político. Muito menos sou um historiador. Não posso idealizar uma sociedade nem vou encontrar a solução para os males da alma do homem mas sei que esta não foi a primeira nem será a última vez que o homem encontra-se numa encruzilhada.

O país está em debate! Parece-me óbvio que Portugal precisa de voltar a acreditar no seu futuro. Enquanto o Governo colocou em marcha um tímido plano de adequação das despesas do Estado à nossa nova realidade parece que ainda não conseguiu implementar um verdadeiro e ambicioso plano de desenvolvimento económico para Portugal. E é isso que temos que discutir. Estamos inseridos num mundo que não vai ficar à nossa espera e temos que ser capazes de reagir para mantermos a nossa identidade e a capacidade de controlar os acontecimentos.

Num país paralisado pela inércia e pelo pessimismo onde só se discute as megalomanias do nuclear ou se anuncia o fim dos baldes higiénicos nas prisões até 2007, é preciso voltar a discutir o rumo da nossa economia de forma séria. E vou iniciar aqui um conjunto de posts para discutir um dos nossos maiores males, isto é, como é que um português em Portugal pode atingir os patamares mínimos de produção e custos que seria natural esperar numa democracia estabilizada com todas as condições para ser próspera? Não vou voltar a discutir o passado e perseguir os culpados mas deixar algumas sugestões do que pode e deve ser feito ao nível da Produtividade.

(Continua...)

5 Comments:

  • At 2:58 da tarde, Blogger VFS said…

    Caro Ricardo, permita-me um reparo. Uma das mais pumgentes vulnerabilidades de Portugal, e de grande parte das democracias ocidentais, é a clivagem estabelecida entre "cidadão" e "político". Um cidadão consciente é, necessariamente, político! Sartre tinha razão ao asseverar que "tudo é política". A imagem que atavia este espaço, em que Saturno traga os seus filhos, pode ser utilizada como uma metáfora visual inflectida da "sociedade civil". Em Portugal, a sociedade civil, como corpo que rumina a "res publica", não existe porque foi tragada pela seu filho. Na verdade, o partidarismo devorou a sociedade e, hoje, açambarca a discussão política. Os blogues constituem uma esperança. Por isso, não tenha pudor em reinvindicar o rótulo de "político". Se o "homem é um animal político", sem a política é uma besta. E há tantas bestas em Portugal, que se eximem aos deveres reflexivos inerentes à cidadania, hibernando para acordar quando há eleições, ou quando brados de contestação, naquilo a que Maffesoli apoda de "orgia social", abalroam o sono dos lassos. Eu sou um cidadão em busca do incessante acrisolamento. Sou, por isso, um político. Faço política, mas não partidarismo. Para regenerar a política é necessário resgatá-la dos monopolizadores. Para isso, é imperioso abarcar consciência. Mas como, se 9 décimos dos portugueses são "cidadãos por decreto", ou bengignas e "pobres ceifeiras", inconscientes da sua inconsciência? Não por acaso o "totem" português é um rude Zé Povinho...
    Cumprimentos
    http://estrangeiros.blogspot.com

     
  • At 3:10 da tarde, Blogger VFS said…

    Em vez de "pumgentes", leia-se "pungente".

     
  • At 8:55 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Vítor,

    Obrigado pela visita!

    Concordo que todos somos "animais políticos", nem que seja porque temos opinião sobre tudo! Mesmo sobre aquilo que pouco ou nada sabemos. Temos essa tendência genética de tentar perceber tudo e resolver os problemas da sociedade através das nossas opiniões "políticas" e "politizadas".

    Mas não sou político no sentido partidário ou profissional e era só isso que queria transmitir. Eu apesar de ter as minhas posições ideológicas tento evitar ter opiniões unicamente motivadas pelo clubismo partidário mas também não sou imune a ele, apenas consciente que não podemos ser seguidistas em tudo o que nos é apresentado.

    Quanto à nossa sociedade é um ciclo vicioso. A sociedade civil foi engolida pelo Estado e critica isso. Mas também não sabe funcionar de forma autónoma desse mesmo Estado.

    E isso é válido para vários sectores da sociedade. Mesmo os mais empreendedores lamuriam-se constantemente pela falta de apoio do pai protector. E é essa mentalidade que temos que combater, nem que seja a partir dos blogues.

    Abraço,

     
  • At 12:43 da manhã, Blogger Unknown said…

    Ricardo,

    Ai, ai,... vais falar de produtividade?

    Desculpa-me o que vou dizer mas, mesmo sem ser vidente, antevejo disparate do grosso...

    Um abraço,

     
  • At 12:26 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Raio,

    Quando tu antevês "disparate do grosso" já sei que vais defender isso até ao fim, independentemente do que possa acontecer! Hehe

    Abraço,

     

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