Filho do 25 de Abril

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sexta-feira, outubro 21, 2005

595. Candidatura de Cavaco Silva



Serei só eu que acho que é um "imperativo de consciência" fazer tudo para que Cavaco Silva não ganhe as eleições para Presidente da República? Ou será que devo votar no "pai do Monstro" só porque acho que na Presidência da República deve estar o verdadeiro Ministro das Finanças?

“Não podemos resignar-nos a esta situação. Eu não me resigno”
Cavaco Silva

Esta frase é lapidar! Revejo-me nela e não vou votar Cavaco Silva.

“Temos de restabelecer a confiança, mobilizar as energias nacionais e reencontrar o caminho do desenvolvimento equitativo. Sei que isso é possível. As capacidades dos portugueses, já demonstradas noutras ocasiões, são uma garantia de que podemos vencer, esta foi uma razão determinante da minha decisão”
Cavaco Silva

Porque é que Cavaco está agora preocupado com o desenvolvimento equitativo? Não foi ele que encheu Portugal de Betão e esqueceu-se que havia um Portugal para além do Betão? Não foi ele que desconfiou da capacidade dos portugueses ao manter uma política do escudo forte?

“Em Março do ano passado, numa entrevista na televisão afirmei que só admitia candidatar-me à Presidência da República em circunstâncias especiais ligadas ao futuro do país. Foi o que aconteceu. Sei que, na Presidência da República, posso ser um factor de confiança e credibilidade”
Cavaco Silva

É ou não é verdade que o grande desafio deste Governo é desmontar o "Estado" construído pela política de Cavaco Silva na "engorda do Monstro"? É ou não verdade que Miguel Cadilhe, ex-Ministro das Finanças de Cavaco, denunciou que as promoções automáticas instituídas no reinado Cavaco criaram o "Monstro"?

"fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que gerações mais novas, os nossos jovens, recebem, não a pesada herança que lhes dificulte a vida, mas uma janela de oportunidades de progresso”
Cavaco Silva

Será que o expoente máximo da definição de "oportunidade perdida" é o melhor candidato para potenciar o aproveitamento de oportunidades para os jovens? Quem é o verdadeiro responsável pela "pesada herança"?

"Não me candidato para satisfazer uma ambição pessoal. Candidato-me porque tenho orgulho em ser português e não me resigno pelo actual estado de coisas”
Cavaco Silva

Qual é o actual estado de coisas? Um país paralisado porque não aproveitou as oportunidades do passado? Quem será que não as aproveitou?

“Para que não restem dúvidas quanto à minha independência, pedi a suspensão da filiação no PSD” "Candidato-me como um homem livre”
Cavaco Silva

Ainda bem que Cavaco é independente! Deste modo podemos tentar esquecer o seu passado e a sua instrumentalização da RTP sem nos esquecermos do Estado laranja que criou! É por isso que, livremente, nos vamos esquecer que para ele Democracia resume-se a que não existam "forças de bloqueio" para que ele "possa trabalhar". Será que o Governo vai ser uma "força de bloqueio" para a política económica que a presidência vai querer implementar? É que não conheço mais capacidades a Cavaco que não a sua perspicácia económica (coufgh, coufgh)! Será ele o homem dos consensos e o melhor árbitro para o jogo que se avizinha?

Tenham em atenção que eu raramente tenho dúvidas e que nunca me engano! O verdadeiro tabú é perceber as qualidades que os portugueses, nas sondagens, vêem neste homem!

18 Comments:

  • At 10:25 da manhã, Blogger Bruno Gouveia Gonçalves said…

    "O verdadeiro tabú é perceber as qualidades que os portugueses, nas sondegens, vêem neste homem!"

    Ou então, as qualidades que os portugueses não vêm nos restantes candidatos...

     
  • At 10:38 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Caro Ricardo. Por uma questão de coerencia, enquanto não alterarem a "forma republicana de governo" na Constituição, jamais votarei nas Presidenciais, o que não me coíbe de falar delas.
    O problema que se põe, é que numa eleição deste tipo, não se escolhe, exclui-se!
    Repare que nas candidaturas de esquerda, passe o que eles digam sobre o assunto, o único objectivo claro e comum a todos, não é um projecto para Portugal, mas tão somente a "derrota do candidato da direita".
    Parece-me muito redutor que uma candidatura presidencial se resuma a isto.
    Por outro lado, como você já insinuou, embora com certas reservas, estou globalmente de acordo com o rumo da governação de Sócrates, que mais não é do que implementar a únca política possível para evitar um abismo que já se avista. Nesta prespectiva, Cavaco será indubitávelmente um dos maiores aliados que a actual maioria poderia arranjar.
    Cumprimentos.

     
  • At 3:55 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Caro Velho,

    Eu sou Republicano e, por vezes, discuto a Monarquia e não me sinto constrangido em o fazer da mesma forma que não tem lógica se isso acontecesse consigo.

    Na minha óptica não é na Presidência que surgem os projectos para Portugal poruqe vivemos num regime semi parlamentar em que as grandes opções estratégicas são comunicadas ao Presidente e não o contrário. Mas o Presidente, por ter tanta legitimidade democrática como a Assembleia da República, tem o dever de arbitrar conflitos, usar a sua influência e projectar Portugal no exterior. É à face destes pressupostos que considero que Cavaco não tem perfil para o cargo.

    Estarei satisfeito com as escolhas da esquerda? Digo sinceramente que não! Mas revejo-me na forma como Mário Soares interpretou os seus poderes, algo que já não acontece com Sampaio pois este, na minha óptica, esvaziou a influência de Belém. A idade não é um travão às candidaturas mas também confesso que Soares não tem a frescura doutros tempos.

    uma candidatura anti qualquer coisa é de facto redutora mas também não deixa de ser redutor uma candidatura alicerçada num homem tecnocrata e sem chama que, ainda por cima, por ironia defende as políticas deste governo que não são mais que uma desconstrução do Estado ineficaz que ele, em grande medida, criou!

    Este Governo tem sido corajoso e precisa de ser muito, mas muito, mais para alcançar os objectivos a que se propôs. É evidente que alguém que compreenda as dificuldades que o país enfrenta é essencial mas também vai chegar a altura em que precisamos de reequilibrar o social com o financeiro e, neste ponto, será que é Cavaco ou Soares qque melhor vão conseguir influenciar sindicatos e classes profissionais a chegarem a consensos com o Governo? O Presidente tem influência directa sobre o Primeiro Ministro mas tem que conquistar, indirectamente, essa influência junto à sociedade e não reconheço, até agora, essa capacidade em Cavaco.

    Não acho que Cavaco seja um "Monstro" igual ao outro monstro que criou em tempos (um Estado obeso e ineficaz virado para as grandes obras de betão e esquecendo que Portugal precisava era de recursos humanos, boas empresas e eficácia) porque admito que é um homem competente e sério (por exemplo já não reconheço isso em Santana Lopes). Mas será isso suficiente para encaixar no perfil de Presidente? Deixo a resposta para quem quiser responder...

    Abraço e obrigado pela visita,

     
  • At 5:49 da tarde, Blogger Senador said…

    Boa tarde,

    Estás completamente inconformado!

    Posso concordar que durante os governos de Cavaco Silva possam ter existido algumas orientações que não tenham sido benéficas ao país, principalmente ao nível da burocratização e crescimento da máquina do Estado. Mas muito desse crescimento apenas aconteceu porque o país estava a progredir a um bom ritmo e o Estado crescia tão ou mais depressa porque havia necessidades de crescimento que a isso obrigavam. Podia-se ter evitado alguns erros? Claro, mas nenhuma governação está isenta de erros.
    Falas do betão, mas ele foi necessário. Eu sou de Lisboa e por isso não me posso queixar muito mas lembro-me muito bem antes dos governos de Cavaco as grandes vias de comunicação em Portugal resumiam-se à A1 e pouco mais. Para o país se desenvolver era preciso muito mais e por isso se criaram novas AE's, IP's, etc. Na minha opinião o betão a mais em Portugal está na habitação construída para não ser habitadas, escritórios que não têm empresas entre outros, mas este betão é responsabilidade das câmaras não do governo.
    Sobre a independência de Cavaco eu não tenho muitas dúvidas porque é um daqueles políticos que apenas têm partido ou inclinação política para usufruir de uma estrutura que os apoie a chegar ao poder. Sócrates faz também parte deste grupo, as suas políticas são de acordo com aquilo que pensa ser melhor e não com aquilo que a orientação partidária supõe.
    Relativamente a consensos não creio que os outros candidatos consigam fazer muito melhor porque se dois deles estão demasiado à esquerda para o conseguir, Manuel Alegre dificilmente irá arranjar apoios (leia-se fundos e uma máquina partidária de campanha) para poder levar a sua campanha a bom porto.
    Quanto a Mário Soares não acredito que os consiga porque cada vez mais se mostra menos paciente e predisposto para o diálogo (entenda-se chegar a acordos). Soares é de certa maneira um bonacheirão que perdeu a piada com a idade.
    Se me perguntares se Cavaco é o candidato que Portugal precisa, direi que não. Mas se o nosso destino é levar com candidatos reciclados eleições após eleições prefiro de entre os que se me apresentam Cavaco, não porque acho que seja necessário termos um ministro das finanças em Belém como alguns querem, mas porque de todos os candidatos Cavaco sabe melhor o estado em que Portugal está e entende qual é o caminho mais racional (não quer dizer que seja o correcto) para que o país saia do estado de depressão em que se encontra.

    Abraço

     
  • At 9:13 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Senador,

    Eu estou inconformado mas não é essa a atitude que devemos ter perante a vida?

    Quero dar-te os parabéns porque foste o primeiro que resolveu escrever umas linhas sobre porque achas Cavaco o melhor candidato. Eu posso não concordar mas, pelo menos, há uma base de discussão.

    Acredito que a governação de Cavaco Silva não foi um desastre mas foi a semente para muitos dos males actuais. O Estado pode e deve engordar à medida que aumentam as suas funções mas, neste período, a politização do Estado atingiu níveis preocupantes (criando péssimos hábitos)ao ponto de criar demasiados poderes aos burocratas. O que aconteceu foi diferente, leia-se, duplicação de cargos (foi nesta fase que a classe política mais perdeu qualidade a nível geral e também nos executivos governativos), promoções automáticas, engorda e mais engorda quase ao mesmo ritmo com que aumentava a sua ineficiência. Não é por acaso que a Educação, Saúde e Justiça não foram alvo de reformas significativas pois os lobbies tomaram conta de tudo. É também pena que não se tenha aproveitado as inúmeras oportunidades que o país teve nesta época (muito à custa da estabilização do país que foi feita antes pelo Bloco Central e da entrada na CEE), apostado no país real e nas pessoas, sua educação e formação. Mas do passado não vale a pena escrever mais... Só quis deixar claro que não estamos perante alguém que geriu o país com a competência com que se fala agora de boca cheia. Aliás fala-se de Guterres pela derrapagem do défice quando Cavaco, em crise económica, ainda derrapou mais. Vamos lá analisar o futuro...

    (Nota: A Habitação também é responsabilidade do Estado Central, sendo este o principal responsável pelo lançamento de legislação e da forma como esta é fiscalizada)

    Defendes que Cavaco é o que melhor pode garantir um rumo para Portugal e que pode mais facilmente construir acordos! Entramos na pura futurologia mas nunca me passou pela cabeça que Cavaco fosse um bom candidato para assegurar acordos. Pode até ser um político que evita conflitos e defende a metodologia do "bom aluno" (que aliás foi uma péssima política externa da altura) mas isso não garante uma boa defesa dos nossos interesses no exterior. E tenho as minhas mais sérias dúvidas que consiga ser uma força dialogante com sindicatos e classes profissionais. Apenas admito, e aí talvez seja uma vantagem relativa, que pode ter mas influência no meio empresarial. A sua forma de estar apagada será, mesmo assim, a melhor para fazer diplomacia económica? Quanto ao rumo é preciso não esquecer que ele agora é o que se intitulou em tempos de "força de bloqueio" e não o "homem do leme" como, em tempos, já foi naquela embarcação que andava perdida no meio do oceano!

    Apesar de concordar com a tua tese dos candidatos reciclados (sem excepção) não percebo porque excluís Cavaco da lista? Será ele alguém que não gosta do estado das coisas e pode afirmar que não é responsável nem esteve envolvido no declínio da situação financeira e económica do país e na multiplicação de políticos de competência duvidosa, isto é, no estado das coisas? Será que Cavaco já evoluíu da defesa das políticas económicas que foram populares no tempo de Tatcher e Reagan?

    Senador, o importante é que o debate comece e que não haja candidatos escondidos por detrás duma capa que não é a deles, para o bem e para o mal. E, no fim, que ganhe o candidato mais adequado ao país seja ele qual for porque impôs as suas ideias e não porque as reciclou, escondeu ou não as debateu. A única coisa que me fez e faz confusão são o porquê das sondagens quando ainda nem sabíamos que versão Cavaco ia utilizar nestas eleições. O que será que este fez em 10 anos que nos fizesse, a todos, mudar de ideias sobre as suas capacidades?

    Abraço e bom fim de semana,

     
  • At 11:10 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Não confio neste homem.É um democrata porque é obrigado a viver em democracia.Os "economistas" já se esqueceram do TABU do fim do seu mandato?
    Ontem, falou aos coitados deste país e prometeu que ia "ajudá-los" a melhorar a vida! É uma continuação ( investiguem!) dos dele.

     
  • At 11:57 da manhã, Blogger Frederico Lucas said…

    Em teoria, desejo para a Presidência da República um homem forte em relações internacionais e com capacidades indiscutiveis de criação de consensos e equilibrios.
    Não vislumbro em Cavaco estas qualidades. Mas também não vislumbro solução para este país sem uma forte determinação em torno do equilibrio económico/financeiro.
    Quero dizer com isso que não estou convicto que Cavaco não nos faça falta neste momento.

     
  • At 6:55 da tarde, Blogger mfc said…

    É aborrecido uma pessoa definir-se pela negativa, mas neste caso, não vejo outra solução... tudo menos o Boliqueime!!

     
  • At 8:31 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Há já mt tempo que por aqui não passava e gostei muito de cá voltar :-)

    Acerca deste post, convido-o a passar por «lá», no post:

    «Repetir os erros do passado...»
    de Quinta-feira, Outubro 20, 2005.

    Até breve!
    http://sulista.blogspot.com

     
  • At 5:03 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Convém não esquecer que Cavaco é de aquele tipo de pessoas que é "democrata" simplesmente vive em democracia.

     
  • At 2:13 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Zarolho,

    Aqui não há unanimismos nem ódios, apenas opiniões. Independentemente da área política todas as opiniões são válidas desde que não sejam insultuosas.

    O 25 de Abril deu-nos a liberdade de termos opinião e a podermos escrever livremente dentro dos limites do Estado de Direito! Eu fundamento o que digo, bem ou mal, e não tenho a arrogância de pensar que tenho sempre razão.

    Aqui não há defesa a Cuba e é pena que uses as generalizações e os lugares comuns sem conheceres o espaço. E aqui não há "vencedores" e "perdedores" porque não é um jogo de futebol em que todos usam camisolas porque o que interessa é que o país ganhe. E se achas que o país ganha com a eleição de Cavaco eu posso discordar mas respeito.

    Abraço,

     
  • At 3:05 da tarde, Blogger Senador said…

    Ricardo,

    Cavaco Silva é também um candidato reciclado, aliás, esta é a 5ª vez que vai a votos! Deve ser quase um recorde... mas à excepção de Alegre os outros candidatos são candidatos do contra. Louçã e Jerónimo de Sousa são opções únicas para os seus partidos e têm apenas como objectivo marcar presença e posição. A candidatura de Soares é umm disputa pessoal, um último acto de uma vida política. Soares depois de ser o pai da democraciam, quer agora ser o avô.
    Nestes 10 anos Cavaco melhor do que ninguém soube reservar-se. Às vezes fica melhor o calado do que o fala por falar. A gestão do silêncio feita por Cavaco foi uma das melhores campanhas de promoção de imagem feitas por um político. Só se aparece quando é preciso, só se escreve sobre o que se sabe, só se demonstra interesse se realmente o merecer, foi o que Cavaco fez.
    O tempo faz esquecer muitas coisas e se muita gente só se lembra das más coisas dos governos de Cavaco, muitas mais se lembram das boas coisas e principalmente de que naquele tempo a palavra crise raramente era invocada, e é isso que as pessoas associam a Cavaco.

    Abraço

     
  • At 11:17 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Senador,

    Temos opiniões divergentes sobre o passado! Eu considero que Cavaco foi o Primeiro Ministro das oportunidades perdidas e que mais minou o Estado do futuro e tu não concordas! Mas isso é natural e democrático.

    Mas a memória não pode ser assim tão curta. Na altura de Cavaco raramente se ouviu falar em crise? O seu terceiro mandato foi totalmente dominado pela crise não só económica como social. O tão proclamado défice - que todos ficaram perplexos quando subiu de 3% para 4,3% no último ano de Guterres - subiu, num só ano, de 4 para 8% (as décimas não posso precisar). Haja memória!

    Mas o que interessa agora é o futuro e todos os candidatos parecem não ser mais que reedições do passado. E isso é preocupante!

    Abraço,

     
  • At 1:45 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Caro Ricardo,
    em primeiro lugar dou-te os meus parabens pela excelente exposição dos teus pontos de vista, concorde-se ou não com eles. Estendo os parabens ao Senador pelos seus comentários.
    Na minha opinião e apesar de me considerar como alguém com tendências de esquerda, terei de votar no Cavaco por exclusão de partes. Ou isso ou voto em branco, aliás não seria a primeira vez.
    Mário Soares poderia ter saído da vida política de forma airosa depois de ter sido Presidente mas preferiu envolver-se nas eleições europeias e agora mais esta. Para quê? Manuel Alegre afigurava-se como o candidato cujo PS decidira apoiar (embora penso que tal situação nunca tivesse sido realmente aceite), quando se deu o volte-face que todos conhecemos. Como muitos outros, sou de opinião que Mário Soares nunca deveria ter aceite a candidatura, nem que mais não fosse por uma questão de lealdade para com o amigo. Concorreu por se considerar imprescindível ao país...não me façam rir. Manuel Alegre não tem em minha opinião perfil para ser presidente. Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa concorrem apenas para dar visibilidade aos respectivos partidos, como alguém já disse.
    Assim:
    Mário Soares: nunca (não é leal)
    Manuel Alegre: não (não tem perfil)
    Jerónimo: não (como bom comunista, consegue tudo menos reunir consensos ou estabelecer diálogos)
    Francisco Louçã: não (só ele é que sabe)
    ...
    Resta Cavaco: será o ideal? Talvez não, mas comparado com os outros, é o melhor.

    Sobre Cavaco, concordo com muito daquilo que foi dito. Lembro-me perfeitamente que usou e abusou da maioria absoluta que conseguiu, tendo uma postura do quero, posso e mando. No entanto, ninguém poderá dizer que não fez coisas boas, porque de facto as fez. Também ninguém poderá dizer que não fez muita coisa errada, como já foi aqui transmitido. No entanto, passados todos estes anos, tenho a certeza que o próprio Cavaco está diferente como todos nós. Ele próprio terá consciência dos erros que cometeu e da falta de visão estratégica que demonstrou na altura. Mas esse é um mal dos portugueses, veja-se o aproveitamento que Portugal fez de tudo o que de bom soube conquistar com os Descobrimentos. O erro é sempre o mesmo: quando temos muito, esbanjamos e quando não temos, pedimos. O que fez Cavaco foi esbanjar quando tinha muito, contribuindo decisivamente para a situação actual. Porém, estou convencido de que qualquer primeiro ministro de qualquer partido teria esbanjado o mesmo ou ainda mais, se tivesse no lugar do Cavaco na altura (claro, estou a especular).
    Em resumo, Cavaco não será obviamente o poço de virtudes que agora se apregoa mas por ser com certeza um homem diferente (esperemos que para melhor) e por ser o melhor quando comparado com os outros candidatos, merece o meu apoio. Merece pelo menos uma oportunidade de mostrar o que vale, hoje em dia.

    PS: A formação do Cavaco, como economista, também me parece mais adequada nesta fase.

     
  • At 2:00 da manhã, Blogger Ricardo said…

    bem litrado,

    Antes de mais obrigado pela visita! É curiosa a tua exposição e percebo os teus argumentos. Não é o meu objectivo fazer com que mudes a forma de pensar e por isso não vou rebater o que não é factual. Mas tenho que fazer uns pequenos comentários porque assim dita a minha consciência:

    - Falar de lealdade e acusar de Soares da falta dela eu aceito mas custa-me a entender que consideres o homem que boicotou a campanha de Fernando Nogueira em vésperas de eleições posso ser apelidado de mais leal que Soares;

    - Perceber que o país vive na situação que vive muito pela forma como Cavaco organizou o Estado e considerar que ele é o melhor antídoto para isso não deixa de ser irónico;

    - Não tenho nada contra um Presidente ser economista (eu sou) mas não é por essa característica que advém a diferença. O cargo é muito específico cabendo ao Presidente cumprir a Constituição e nada mais. A política económica não pode nem deve ser alvo de interferência.

    Posto isto agradeço de novo a participação!

    Abraço,

     
  • At 5:48 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    Para mim Cavaco não é antídoto para coisa nenhuma nem qualquer outro presidente o será, infelizmente. No entanto, tenho de concordar que a minha opinião é um tanto ao quanto irónica, embora a mantenha.

    Quanto ao facto de Cavaco ser um economista, concordo que este não é um factor relevante mas poderá contribuir para uma melhor percepção dos problemas. Por outro lado, poderá ter um efeito negativo que é Cavaco querer fazer vingar as suas ideias em detrimento das apresentadas pelo Governo, gerando conflitos, nomeadamente através de eventuais comentários. Apesar de tudo, penso e espero que Cavaco saberá desempenhar a função de Presidente no estrito cumprimento das funções que a constituição atribui.

    Um abraço

     
  • At 12:23 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Caro Zarolho,

    O défice passou de 3,2% para 4,4%! Falo do défice real que foi o que comparei entre Guterres e Cavaco. O défice previsto é que era 1,1% mas aí já não posso comparar porque não me lembro da previsão de Cavaco!

    Comparei o défice real, mais nada!

    Abraço,

     
  • At 12:27 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Zarolho,

    Posso garantir-te que, com ou sem jeitinho, não vou votar Cavaco! ;-)

    Abraço,

     

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