600. Quem é que querem enganar?
Eu acho que os blogues de apoio "oficioso" aos candidatos arranjaram umas mascotes engraçadas. Mas o que é que o Super Mário e o Mega Cavaco acrescentam às eleições?
Estas mascotes acrescentam uma dose de boa disposição à campanha mas a mensagem é falaciosa. Digo isto porque acho que ambas as mascotes foram feitas para contrariar os pontos fracos dos candidatos. Mas a minha opinião é que os pontos fracos não desaparecem com campanhas de alteração de imagem e deviam ser assumidos em vez de tentarem passar uma imagem que não corresponde à pessoa! É que depois torna-se ridículo ver a pessoa e esta não coincidir com a imagem.
Senão veja-se:
- Alguém duvida que se o Mário desse um salto parecido ao Super desmanchava-se todo? Porque é que Soares não assume a idade e a energia (ou falta dela) que tem em vez de tentar parecer de novo jovem?
- Alguém duvida que se Cavaco fosse mandado para o espaço os extraterrestres fugiam por causa do cheiro a mofo? Porque é que Cavaco não assume que tem uma forma conservadora de ver o mundo e o Estado e deixa de tentar parecer radical e futurista?
Não sei quem são os autores destes bonequinhos com piada mas deixo na mesma um aviso! O problema da manipulação da imagem dum político é que este perde a sua autenticidade! Em vez de tentarem passar uma imagem que contrarie os defeitos inerentes do candidato deviam tentar passar mensagens com conteúdo e não deviam ter medo de mostrar os candidatos como eles são. É que no fim estamos a votar em caricaturas e não em homens!
P.S. Parece uma daquelas conversas virtuais numa sala de conversação em que a rapariga diz que tem 1m80, olhos azuis e que pesa 60 quilos. Mas quando é convidada a sair ela avisa: "Sabes, ganhei uns quilos com o tempo, perdi as minhas lentes de contacto azuis e estou mais baixa porque desci da cadeira"! Tenham dó!
3 Comments:
At 2:57 da tarde, Anónimo said…
De facto, hoje em dia, as campanhas eleitorias mais não são do que mega-operações de cosmética, onde os produtos utilizados são cada vez mais caros (até em tempo de crise). As campanhas resumem-se muitas vezes à procura dos defeios dos adversários, que resvala muitas vezes para a calúnia barata, ao disfarce dos próprios defeitos e ao discurso de circunstância sem qualquer conteúdo. O único verdadeiro problema que os candidatos querem resolver é a sua ascenção ao poder.
A isto chama-se enganar.
PS: felizmente, há excepções.
At 10:43 da manhã, Senador said…
No marketing político vale tudo. Por exemplo, na última candidatura de Guterres foram utilizadas nos cartazes fotografias suas da campanha anterior.
Estes bonecos/blogues são acima de tudo meios de promoção individual de quem os mantém, a promoção dos políticos envolvidos vem em segundo lugar.
Por outro lado quem decidir o seu voto baseado apenas numa destas caricaturas também o faz sem ter consciência do acto de votar e escolher baseado numa análise mais rigorosa dos candidatos, logo senão for influenciado por um destes bonecos será influenciado por qualquer propaganda política elementar.
Abraço
At 5:33 da tarde, a.castro said…
Concordo contigo, Ricardo. Às vezes as coisas são feitas "sem miolo" e os resultados "pretendidos" podem saír bem diferentes dos "obtidos".
Tivemos um exemplo marcante protagonizado por Santana Lopes, num estilo de campanha de origem norte-americana "que atravessou o Atlântico 30 anos depois", como na altura esclareceu Nuno Guerreiro, do Rua da Judiaria, num post dedicado ao assunto.
Abraço
a.castro
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