696. Ariel Sharon
Ariel Sharon acompanhado por Donald Rumsfeld
Ariel Sharon não está na lista de homens que eu nutro admiração! O seu passado mais longínquo é algo tenebroso e muito mal esclarecido - o seu envolvimento na guerra do Líbano lançou uma forte suspeita de envolvimento em crimes de guerra - e mesmo o seu passado mais recente não é, de todo, claro – irregularidades no financiamento do Likud envolvendo escândalos familiares! O súbito agravamento do seu estado de saúde é uma ironia da vida…
Pergunta o prezado leitor deste blogue porque é que o autor do mesmo chamou aos recentes desenvolvimentos do estado de saúde de Ariel Sharon uma ironia. É simples. Aconteceu numa fase em que Ariel Sharon parecia querer mudar a sua imagem na história. Simplesmente acontece num período em que os colonatos foram, em parte, desmantelados e num período em que Sharon dissolveu a Assembleia para demarcar-se da ala mais radical do Likud. É irónico que, nesta fase, Sharon já seja considerado um dos políticos mais moderados de Israel. A 3 meses das eleições em Israel – e acrescento que a 3 semanas das eleições na Palestina – Sharon comanda as intenções de voto através do seu recém-criado partido, Kadima.
Não vou fazer um exercício de futurologia mas parece consensual que o desaparecimento de Sharon da vida política vai causar mais incerteza – mais uma ironia da vida que um dos elementos mais radicais da política israelita seja agora uma peça chave para o processo de paz e para a retirada da Faixa de Gaza – e vai afectar a viabilidade do Kadima (o que neste momento é uma incógnita até porque políticos influentes orbitam à volta deste partido mesmo sem nenhuma adesão oficial como por exemplo Shimon Peres). Com Netanyahu num Likud mais radical e com Amir Peretz no Partido Trabalhista a recolher o segundo lugar nas intenções de voto (atrás do Kadima de Sharon) resta saber como vai ficar distribuído o eleitorado que pretendia votar Sharon daqui a 3 meses para sabermos que tipo de política Israel vai implementar. Fico a fazer votos para que ganhe a via mais moderada nos dois países e principalmente que a retirada de Sharon não provoque uma escalada de violência patrocinada pelos grupos mais radicais das duas partes.
Ironias da vida…
8 Comments:
At 2:29 da tarde, José Raposo said…
Viva :)
Pois é isso mesmo que eu queria transmitir no meu post. Mantenho a duvída sobre que papel reservará a história para este homem e para esta ironia de que falas.
Abraço
PS: o teu bloglet não está a funcionar
At 4:46 da tarde, Politikus said…
Sinceramente nunca percebi o motivo de tão grande admiração por este tipo. Tal como tu afirmas tem um passado duvidoso, agora quer-se passar por santo. xiça, penico...
At 9:05 da tarde, Fernando said…
Descobrem-se sempre virtualidades escondidas quando se morre ou se está gravemente doente. Nunca deixou de ser um homem de direita retrógada, embora ultimamente até parecia um moderado aos olhos da opinião publicada. Bom post.
At 1:12 da manhã, Ricardo said…
José,
Temos opiniões muito semelhantes neste assunto.
Eu tenho uma regra que cumpro sempre na doença ou morte de personalidades públicas, isto é, não venero nem critico gratuitamente. Tento equilibrar a minha opinião com um exercício de memória e fazer um balanço justo apesar de toldado pela minha parcialidade!
Abraço,
P.S. Penso que o bloglet já está a funcionar mas não tenho a certeza!
At 1:14 da manhã, Ricardo said…
Polittikus,
Neste momento é apelidado de moderado! É uma das ironias que destaco...
Abraço,
At 1:16 da manhã, Ricardo said…
Fernando,
Felizmente ainda existe a memória para podermos fazer uma avaliação mais rigorosa da vida política de Ariel Sharon. Não podemos estar presos, nesta vida, ao imediato!
Abraço,
At 3:52 da tarde, armando s. sousa said…
Teve um passado do piorio mas é único israelita neste momento, deixou de o ser, que tinha capacidade para levar a bom termo a politica de paz que queria implementar e provavelmente o único israelita que estava realmente disposto a dar um País aos palestinianos a troco da segurança de Israel.
Perde-se um homem com carisma e muito respeitado politícamente por seguidores e adversários.
Parece irónico, mas o desaparecimento dele vai criar muitíssimas tensões nesta parte do planeta.
Um abraço.
At 9:52 da tarde, Ricardo said…
Armando,
A ironia é mesmo essa! Um homem com um passado manchado com muitas acusações de crimes de guerra e com uma postura radical era, neste momento, o político considerado mais moderado e capaz de liderar o processo de paz!
Abraço,
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