889. Sala de Cinema: X-Men 3, The New World, Cars
X-Men 3: The Last Stand
Sou leitor assíduo de Banda Desenhada (BD) e, apesar de actualmente ler outros géneros de BD, cresci a acompanhar o universo dos X-Men. O tema sempre teve potencial, ou seja, há sempre minorias em qualquer sociedade e o universo de mutantes liderado pelo Professor Xavier lembra as tensões sociais que deram origem às inúmeras revoltas que as minorias empreenderam para o reconhecimento da igualdade. Mas, tanto na BD como no cinema, muito raramente este tema conseguiu ser tratado de forma minimamente séria até porque, afinal, estamos na presença de homens vestidos de cabedal, com calças justas e amarelas e com capas esvoaçantes.
Eu, como leitor de BD, ainda percebo o que estava por “detrás” de algumas cenas mal conseguidas – o que não sei se é uma vantagem – mas quem não conhece o “universo mutante” da BD – e quem vai ver o filme não tem que o conhecer – sai com a sensação que não há nenhum motivo para a “ópera dramática” que assistiu. E mesmo os leitores mais assíduos e fanáticos da BD dos X-Men percebem que a melhor abordagem para um filme deste género foi o realismo fantasioso de Bryan Singer e não a fantasia megalómana de Brett Ratner. Mesmo sem deslumbrar Singer desde cedo percebeu que a única maneira desta “soap opera” mutante funcionar era manter o fantástico próximo dum ambiente familiar de realismo e o que Ratner fez foi um filme de acção frenético com personagens sem profundidade (também eram demasiadas personagens) e, no fundo, tem o erro capital de deixar que o filme seja levado demasiado a sério quando, na realidade, o melodrama megalómano era dispensável. A gestão das pausas também é importante para dar profundidade emocional a um filme e este X-Men 3 parece ter sido feito à pressa e só com um objectivo, isto é, facturar uns dólares.
The New World
É muito difícil explicar o universo de Terrence Malick. Os seus filmes são geralmente filosóficos, intermináveis, contemplativos mas têm uma magia que não consigo descrever e muito menos transformar em palavras. Nos seus filmes é a natureza humana que está a ser explorada (e julgada), são os pormenores que revelam o que é importante e tudo o que não tenha a ver com a nossa essência mais natural e primitiva é ignorada ou até demonizada. Neste filme o "Novo Mundo" não é o que enche o coração humano de esperança mas sim o que amordaça os seus instintos. Parece que Malick quer obrigar quem assiste aos seus filmes a contemplar a vida e a perceber as suas reais necessidades antes que tudo passe sem que nada de realmente importante fique... Mas isso é subjectivo, não é?
Cars
Este filme de animação da Pixar é eficaz e pode ser visto por várias faixas etárias, aliás, fiquei com a sensação que os adultos presentes na sessão gostaram mais do filme do que as crianças (o horário e a versão - original - ajudam a explicar isso). O filme é nostálgico principalmente pela América profunda que já não existe (mais autêntica) e o choque que essa América tem com a nova América do show business é descrito pelo conflito entre uma velha geração (representada pelo carro com a voz de Paul Newman) e a nova (Owen Wilson a dar a voz a Lightning McQueen). Numa palavra, agradável...
13 Comments:
At 9:39 da tarde, Unknown said…
dos três apenas vi The New World
(ou não fosse o the Thin Red Line a minha obra favorita de toda a 7ª arte...).
concordo na perspectiva sobre o Malick.
e penso mesmo que o elo mais fraco foi o Colin "olhos-de-carneiro-mal-morto" Farrell
At 9:52 da tarde, Ricardo said…
RSD,
O The Thin Red Line é deslumbrante a nível visual. A fotografia, as paisagens, as expressões... tudo joga bem.
Malick contempla o mundo de forma deveras original e é só pena que o filme seja mais longo do que necessitava para exprimir o seu ponto de vista.
Bjs,
At 5:48 da tarde, Nuno Guronsan said…
Boas tardes, Ricardo.
E pronto, lá se foi a hipótese de ser original e dizer que o Thin Red Line é um dos meus filmes favoritos, mesmo apesar (ou também por causa) da duração do mesmo. E em cinema, com o desconforto das belas cadeiras dos cinemas de hoje em dia...
Hasta!
At 7:35 da tarde, Ricardo said…
Nuno,
Quando vi o Thin Red Line no cinema (sessão da meia noite) tinha duas pessoas a dormir encostadas a cada um dos meus ombros ... isso é que é desconforto ;), hehe
Abraço,
At 9:13 da tarde, Nuno Guronsan said…
Só me lembro de adormecer uma vez no cinema, durante o Último Imperador. De resto, nunca mais. Sou um aficcionado de cinema e, felizmente, tenho amigos e amigas que sabem escolher filmes como ninguém ;)))
At 9:20 da tarde, Ricardo said…
Nuno,
A única vez que adormeci - a culpa não foi só do filme mas também do cansaço - foi enquanto visionava o Missão Impossível. Mesmo tendo perdido uma boa fatia do filme nunca senti vontade de ver as peças que faltavam no puzzle.
Abraço,
At 9:53 da tarde, Bruno Gouveia Gonçalves said…
Com três comentários tão bem escritos, quase que me sinto mal preencher este espaço com uma crítica menos positiva. Dos três filmes, só não vi o último.
E dos dois que vi, apenas vou comentar o segundo, pois foi aquele que mais me marcou, e não foi pela positiva...
Numa caractérística concordo contigo Ricardo. De facto foi um filme interminável... Lembro-me de ainda faltar cerca de 45 minutos e eu já esfregava as mãos com a música de fundo (que me parecia de final...).
Agora a sério, achei o filme muito mal conseguido. Em parte, alguma culpa deve ser minha, pois foi a primeira vez que vi um filme deste realizador e pelo que me contaram é um estilo comum neste... De qualquer das formas, a pobreza da caracterização das personagens, a falta de fio condutor na história e a inconsistência de alguns cenários e respectivo enredo, fez com que este filme tenha ficado com uma péssima opinião. Mas enfim, aquilo que não gostei provavelmente pode ser constituido uma imagem de marca do realizador. No fundo, aquilo era (demasiado?) subjectivo, não?
At 10:36 da tarde, Ricardo said…
Bruno,
Por acaso já tínhamos discutido este filme e refugio-me nas palavras que escrevi neste texto ("têm uma magia que não consigo descrever e muito menos transformar em palavras") para não enveredar pelo trabalho inglório de tentar explicar o que me atrai em Malick.
Mesmo assim faço uma pequena tentativa. Malick tem um estilo que não é convencional e não vale a pena dissecar o fio condutor do filme porque, tal como na vida, nem tudo tem que ter lógica. O cinema dele é mais reflexivo e contemplativo do que racional e linear. Continuo a achar que capta a vida e o homem de forma única e visualmente conheço poucos realizadores capazes de oferecer imagens como as que Malick transmite nos seus filmes.
Eu só veiculo uma opinião que vale o que vale ("subjectivo", não é?) e não pretendo forçar opiniões definitivas sobre nada. Adoro a diversidade e ainda mais a diversidade de gostos.
Abraço,
P.S. Espero que as tuas férias estejam a ser excelentes.
At 10:50 da manhã, gonn1000 said…
Só não vi "Carros". De "X-Men 3" gostei, embora prefira os de Singer, mas ainda assim é capaz de ser o melhor blockbuster do ano. Já "O Novo Mundo" foi uma decepção, é certo que há belos momentos mas empacotados numa narrativa sem chama nem pertinência.
At 6:20 da tarde, Ricardo said…
Gonçalo,
Os rumores apontam para que Miami Vice seja o blockbuster do ano (em qualidade)... ainda não vi mas confio em Michael Mann.
Abraço,
At 7:23 da tarde, gonn1000 said…
Já vi, é bom, mas a imparcialidade de comic book geek faz-me preferir os mutantes :P
At 8:23 da tarde, Ricardo said…
Gonçalo,
Pela forma qque defendes o universo mutante eu diria que já estás na fase da parcialidade ;)
Abraço,
At 6:30 da tarde, gonn1000 said…
My mistaque, quis dizer "parcialidade", naturalmente ;)
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