Filho do 25 de Abril

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terça-feira, julho 25, 2006

883. Ridículo

Ridículo, como dirá Manuel Maria Carrilho. É a única palavra que me ocorre quando assisto a este frenesim por causa da reforma de Manuel Alegre. É cada vez mais típico fazer estas tempestades de inveja neste país...

Quando ouço, por exemplo, as palavras de Marques Mendes ("escândalo", "tem que ser esclarecido") parece que alguém cometeu um grave ilícito mas, sejamos claros, Manuel Alegre, por quem não nutro especial simpatia mas que respeito pelo seu passado e presente, apenas cumpriu a lei. A lei está mal? Que se mude a lei mas não se persiga o cidadão por a ter cumprido. Estará a lei mal? Não sei. Será possível ter bons quadros na política sem a garantia da suspensão dos cargos que exercem? É ou não é verdade que o cidadão em causa tem mais de 30 anos de descontos à taxa máxima? É ou não verdade que apenas está a receber 1/3 da reforma, que apenas uma parte desse 1/3 é relativo ao cargo na RDP, que abdicou da reforma referente a ter sido preso político e que não requereu a reforma (foi compulsiva)?

O que me parece é que os cidadãos têm é que estar atentos às leis que são aprovadas e que criam regimes injustos. Mas não, o desporto favorito é criticar quem cumpre a lei e não a lei em si que, aliás, já limita bastante, desde o ano passado, a acumulação de rendimentos. É a demagogia da generalização de que os políticos só assaltam os "nossos" bolsos. E, aliás, porque é que estou aqui a discutir a vida privada duma pessoa que sempre pagou impostos e que sempre descontou para a SS?

4 Comments:

  • At 12:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Meu caro Ricardo.
    Concordo que não se deve perseguir o cidadão por ele ter agido na legalidade, mas não esqueça que no famoso PREC houve milhares de cidadãos perseguidos, e altamente prejudicados, por terem cumprido a lei e isso na altura não parece ter incomodado os "democratas" de Abril.
    É que as leis são objectivas, mas não sagradas. Bagão Felix recusou a pensão do Banco de Portugal a que tinha direito, por considerá-la imoral.
    Como é costume dizer, à mulher de Cesar não lhe basta ser séria, é preciso parecê-lo.
    Um abraço.

     
  • At 1:43 da tarde, Blogger Unknown said…

    Caro Ricardo,

    Concordo 100% com o que dizes.

    Se há aqui qualquer coisa de escandaloso é ver o Dr. Marques Mendes a gritar contra legislação que ele próprio deve ter ajudado a aprovar.

    Se alguma lição podemos tirar de aqui é que o Dr. Marques Mendes não tem estofo para ser chefe da oposição!

    Um abraço

     
  • At 3:51 da tarde, Blogger Barão da Tróia II said…

    Pessoalmente não discuto ocaso em si, agora que é uma vergonha isso é, seja Alegre ou todos os outros antes dele, que aprovaram leis que legalizam este roubo descarado aos nossos bolsos, quanto ao Ganda Nóia, com esse nem perco tempo.

     
  • At 2:30 da tarde, Blogger Pedro Morgado said…

    Caro Ricardo,
    A utilização da vida pessoal de um cidadão é sempre questionável. No entanto, esta reforma por muito legal que seja está ferida de imoralidade.
    Não se refere aos descontos como deputado, porque, nesse caso, o valor seria superior. Refere-se sim aos 3 meses de trabalho na RDP.
    Estes factos, parecem despertar o país para a urgência de reformar o sistema de segurança social.
    Agora, pedir contenção ao país, pagando estas reformas aos políticos, mantenho, é imoral.

     

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