909. Filosofia Barata: Grão de Areia no Universo (2)
O Homo Sapiens (latim para homem sábio, homem racional) - sim, a "nossa" espécie - "ganhou", no processo de evolução, uma vantagem comparativa - aparente - em relação a qualquer outra das espécies que habitam este planeta. Digo aparente porque não sabemos que características serão mais importantes para que as espécies sobrevivam no longo prazo e porque dominar é subjectivo. "Nós" dizemos que é a inteligência e o conhecimento que nos dão esta primazia mas, quem sabe, há características mais importantes a prazo que estas que já são, per si, relativas.
O tal homem sábio, ou homem racional - pausa para racionalizar sobre isto - acha que a sua aparente capacidade superior de raciocínio e inteligência são de tal forma evoluídas em relação a qualquer outra espécie conhecida por ele ("nós") que tomou a liberdade - ou o luxo - de ser condescendente com todas as outras espécies. Em primeiro lugar ocupamos agressivamente todo o espaço destas espécies e temos o altruísmo de as salvar, no momento sequencial seguinte, da extinção, nem que seja para as colocar em exposição permanente mas, mais importante, retiramos a qualquer espécie o direito de ter uma "alma". Já achamos que somos a única espécie racional e, para colocarmos a cereja em cima do bolo, achamos que somos a única a ter acesso à eternidade. Nós nos elevamos, unilateralmente, à qualidade de deuses, ou melhor, criamos os deuses à nossa imagem. Um homem crente defende que o universo teve que ser criado por "alguém" e que este alguém criou "vida" mas considera que só parte dessa "vida" tem direito à eternidade (à alma). Mais uma vez um raciocínio conveniente*...
Não devíamos ser mais humildes? Vamos raciocinar, racionalizar, ou seja, usar a nossa faceta de sábios. Qual seria o impacto para o universo da extinção do homo sapiens? E melhor, se, de um momento para o outro, um qualquer insecto se tornasse na espécie dominante do nosso insignificante planeta, alguém pode garantir que o impacto dessa mudança no universo seria relevante?
Continua...
* Também aceito que este raciocínio é conveniente para a "minha" conclusão
2 Comments:
At 3:11 da manhã, Joao Serpa said…
Não. Não seria minimamente relevante. Nem o desaparecimento do Homem nem a ascenção do louva-a-deus. Nem seria, de igual modo, relevante para o Universo ou mesmo para o planetita. Às vezes é engraçado olhar para o céu, de noite, e apercebermo-nos de como somos pequenos e totalmente insignificantes. Talvez por isso queiramos tão desesperadamente que haja um qualquer deus omnipotente, omnisciente e omnipresente que nos salve. Mas, com tudo aquilo que a espécie humana tem feito ao longo da sua breve História, um deus omnisciente não nos teria já fulminado e recomeçaria tudo com o dito louva-a-deus?
At 3:45 da tarde, Barão da Tróia II said…
Concordo com o João, tanto se lhe dá como se lhe deu, até podia ser algio mais estranho como um chato ou uma enguia. Boa semana
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