Filho do 25 de Abril

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quinta-feira, fevereiro 15, 2007

1001. Tributação e Ambiente

"O Governo aprovou hoje a reforma da tributação automóvel, que prevê a abolição dos impostos automóvel, municipal sobre veículos, de circulação e de camionagem, e que contempla reduções médias para os veículos menos poluentes na ordem dos dez por cento."

"João Amaral Tomaz [Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais] estima uma redução de 45 milhões de euros na receita, na sequência da baixa do imposto automóvel para os veículos menos poluentes."

Via Público, mais pormenores aqui

Numa fase em que o país precisa reduzir fortemente o seu défice orçamental e em que são pedidos tantos sacrifícios - tributários e sociais - é indefensável dar prioridade às questões ambientais. Não, não é. Independentemente de parecer surreal dar prioridade a reduções fiscais na área do ambiente em detrimento de outras questões de justiça social este tipo de medidas pagam-se a si próprias a prazo e até com valor acrescentado (até porque não é claro que haja uma redução global do imposto arrecadado a prazo). Se ignorarmos, por um momento, as questões ambientais, ou seja, os benefícios de haver menos emissão de poluentes atmosféricos na qualidade do ar, há aqui uma questão energética importante, isto é, esta medida está enquadrada numa estratégia energética fundamental para o nosso futuro. Portugal, como a maioria dos países europeus, tem uma dependência energética que mina a nossa balança comercial e torna a nossa actividade económica dependente de factores que não pode controlar. Qualquer medida - mesmo as tributárias - que incentivem a poupança energética é um assunto fulcral para qualquer país.

Apesar de achar esta medida como um passo na direcção correcta há uma ressalva a fazer, concretizando, não são suficientes as mudanças serem feitas apenas na área tributária. Há medidas concretas na área da mobilidade, no uso de energias renováveis, na construção imobiliária, na mentalidade do consumo de energia que estão por fazer ou que ainda não são suficientemente incentivadas.

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2 Comments:

  • At 3:41 da tarde, Blogger CN said…

    É claro que todas as contribuições para a preservação ambiental são bem vindas, mas perante o aumento do consumo de combustíveis fósseis na China, na Índia, nos EUA, na Rússia, não sei que ambiente iremos ter no futuro.Alterar os modos de produção, eliminar os interesses enquistados nos sistemas económicos mundiais, fazer uma nova revolução industrial, são metas urgentes de atingir, mas não vejo como isso se fará, não creio que os capitalistas estejam convencidos dessa necessidade, perante os custos dessa revolução. Como se sabe, eles só olham para os custos...

     
  • At 8:54 da tarde, Blogger Ricardo said…

    CN,

    Obviamente que não há problema mais global que o do ambiente. E também é verdade que esta medida é uma gota de água num oceano - e talvez a mais imediata - mas acho que temos a obrigação de louvar tudo o que vai na direcção correcta mesmo que não deixemos de defender o resto.

    Quanto ao problema global acredito que só vai ser resolúvel quando for possível praticar a regulação à escala global. O Presidente Chirac defendia, há uma semana, uma agência internacional para o ambiente. O problema de regular à escala global é que ainda não existem mecanismos eficientes de punição e esse vai ser o grande desafio.

    Quanto a eliminar os interesses, alterar os modos de produção e fazer uma nova revolução industrial acho que seria necessário abalar todo o sistema instalado. Há um filme, Syriana, que exemplifica como tudo está interligado para que funcione exactamente desta maneira.

    Abraço,

     

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