21 de Abril de 2004 (10) – Entrevistas com Mofo
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Há entrevistas que, apesar de terem sido feitas há muito tempo, são actuais! Ou porque os entrevistados estavam atentos ao mundo ou, simplesmente, porque lhes apeteceu dizer qualquer coisa bonita para impressionar alguém e, por acaso, até acertaram. Como sempre é você (ou és tu, se te conheço de algum lado) que tem de ser o juiz. Este excerto da entrevista remonta não sei a que ano, foi publicada em 1997 no livro Soares, O Presidente de Maria João Avillez. Discute-se nesta fase o post comunismo, o post Queda do Muro de Berlim, que muito entusiasmou o Mário. Entre ( ... ) estão os meus brilhantes contributos para a actualidade da entrevista.
“Maria João Avillez: Disse-me que entrou numa grande euforia democrática (o que será isso, quero experimentar também!) com a queda do Muro de Berlim e com o fim dos regimes comunistas. Com que instrumentos se armou (que raio quer ela insinuar!) para o que aí vinha? Que reflexão fez?
Mário So(ares): Comecei por admitir que era possível uma evolução democrática muito mais rápida, universal e, sobretudo, muito mais consequente do que efectivamente ocorreu. Por outro lado, com o afundamento da União Soviética (e acrescento eu, de alguns dos seus submarinos), terminou a luta entre superpotências (boa, Mário, não diria melhor). Dos escombros do comunismo (afundou-se ou não?), emergiu uma superpotência única (lógico, se haviam duas, menos uma...), com acentuadas aspirações hegemónicas (tenho de lembrar-me de consultar a entidade, a Porto Editora) a uma liderança mundial, o que desequilibrou o Mundo (desequilibrou-se mas parece que não caíu) e o tornou bastante perigoso. Parecia que, do mesmo passo (???), haviam vencido a economia de mercado, a democracia pluralista, os direitos do homem (que ingénuo, Mário). Mas, simultaneamente, começou a insinuar-se uma dúvida pertinaz (pertinaz? A entidade vai ajudar-me ...): terá sido assim? O fosso crescente entre países pobres e ricos mostra-nos que a economia de mercado é, em si mesma, geradora de desigualdades crescentes (voltaste a tirar o Socialismo da gaveta, Mário?), que a Democracia é um sistema que pressupõe um certo nível mínimo de desenvolvimento e de educação (não sei como floresceu em Portugal então), o que o torna mais dificilmente exportável do que se julgava e, finalmente (ufffaaa...), que os direitos humanos, tal como têm sido concebidos pela potência hegemónica, são facilmente ajustáveis a uma avaliação que comporta dois pesos e duas medidas (cheira-me a aldrabice), segundo as conveniências e os interesses... A Guerra do Golfo soou como um espécie de toque de finados da minha euforia. Comecei a perceber que o Mundo tinha deixado de ter parâmetros seguros e estava mais desregulado- e, de certo modo, mais perigoso – do que antes (claro, já não mandas nada, porque senão).”
O que isto quer dizer, banalidades dum reality show que é o planeta Terra. Conclusões, tire-as você. Deixo-vos com uma frase que o António disse-nos antes de abandonar o Governo, “temos de tomar conta dos pobres antes que eles tomem conta de nós”. António, estavas no bom caminho, porque nos abandonaste? Mas como falar é sempre mais fácil do que fazer, porque não fazemos todos o que ele disse? Porque queremos, concerteza, que alguém tome conta de nós...
P.S. Já sei, António, também é mais fácil criticar que fazer... mas eu sou assim! Deixa estar, eu depois deixo lá um votinho para seres Presidente...
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