Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quinta-feira, maio 13, 2004

(43) Sobre Fátima

Não tenho comentários a fazer em questões de fé, cada um acredita no que quiser acreditar. Mas neste dia (13 de Maio) quero deixar aqui umas anotações.

Em primeiro lugar sobre o conceito de Fátima. É um assunto pouco consensual mesmo entre os católicos porque a aura ameaçadora e punitiva que rodeia Fátima faz lembrar os primórdios da Religião Católica. Parece mais próximo do Deus do Velho Testamento, punitivo e vingativo, do que do Deus do Novo Testamento, tolerante e misericordioso. Mas quanto a isto não posso nem devo alongar-me nas reflexões porque nenhum de nós possui a verdade absoluta nem pode imaginar o sofrimento e desespero alheio.

Quanto às “lendas” criadas o caso torna-se mais caricato. As aparições, tenham existido ou não, ninguém pode provar que existiram ou que não existiram (como Agnóstico, relembro, faço uma negação relativa). O que me deixa sem comentários são os famosos segredos de Fátima, feitos à medida dum só Papa e que culminam na tarefa de sua vida, o derrube do Comunismo, a origem do mal. Enquanto isso a irmã Lúcia nada acrescenta (ou talvez nem possa) porque a clausura em que vive afasta-a do contraditório.

Só mais uma nota. Acabe-se de vez com o incitamento ao medo dos atentados. Exige-se que o Estado tome medidas preventivas mas os alvos são tão aleatórios que nós, cidadãos comuns, nada podemos fazer para estarmos sempre longe de todos os locais possíveis. Apesar disso os peregrinos mantem-se confiantes, é que Nossa Senhora não deixa que haja lá atentados. É válida a forma de pensamento mas não sei se é justo da parte dela que deixe acontecer noutros locais. Lá estou eu a meter o nariz em assuntos de fé... tenho de respeitar as crenças alheias, mas que somos muito crédulos.... lá isso somos...

P.S. Passar pelas provações que Fátima exige por questões de saúde é pouco consensual mas cabe no meu modesto entendimento! Agora fazê-lo (centenas de quilómetros a andar, mais andar de joelhos até fazer sangue) para que um clube de futebol ganhe um jogo já não me parece muito “normal”. Enfim!