Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, junho 02, 2004

(68) As Estrelas

Todos nós, em algum momento da nossa existência, já olhamos para as estrelas. Ao olhar para a quantidade de estrelas que irradiam qualquer tipo de luz ao alcance da nossa visão percebemos o quanto somos pequenos. Não insignificantes, mas pequenos no enquadramento global que é a nossa existência. Temos sempre alguma importância porque acredito que ao interagirmos uns com os outros modificamos tudo. Somos um grão de areia numa imensa praia.

Até o planeta que habitamos é pequeno se pensarmos na dimensão do Universo. A Terra não é o centro da nossa galáxia e com certeza também não é o foco de toda a vida, de todo o pensamento consciente. Se pensarmos bem é irracional pensarmos que, em toda a imensidão do Universo, somos a única espécie com consciência. Há vida extraterrestre de certeza, não necessariamente composta de seres verdes com antenas mas qualquer tipo de existência tem de haver nesta imensidão de espaço. Seria um desperdício imenso de espaço se não houvesse!

Vida extraterrestre, por definição, é toda aquela forma de vida que não nasceu neste planeta. Até em Marte onde existiu ou existe água deve ter havido nem que seja uma bactéria que lá se desenvolveu.

Todos estes pensamentos filosóficos levam inevitavelmente a várias questões. Destaco uma. Será a Terra demasiado pequena para as nossas ambições? Acho que não! Se nós não aproveitamos todas as potencialidades que ela nos oferece porque raio vamos exigir mais? A realidade é que vivemos pouco tempo, arriscamos o mínimo, somos resistentes às mudanças e isso faz-nos sentir bem num sítio tão pequeno como a Terra. Fomos feitos para nunca estarmos plenamente realizados mas, no fundo, não termos vontade de ir demasiado longe. Não queremos ser atingidos pela dolorosa constatação que somos realmente pequenos!

Apesar do risco de sermos confrontados com questões que não queremos formular, devemos mesmo assim alargar os nossos horizontes. Só desse modo podemos perder o medo de experimentar tudo o que o planeta oferece. Não ter receio de nos deslocalizarmos, de experimentar novas culturas, novas pessoas, enfim!, ambientes que não controlamos totalmente para podermos sentir com mais intensidade. Só assim podemos atingir a compreensão mútua e aceitar que as nossas diferenças representam a beleza da vida e não um factor de discórdia. O medo pela diferença faz-nos violentos!

No dia em que aproveitarmos tudo o que este planeta tem para nos oferecer é o dia em que a Terra será realmente pequena. Até lá é um mundo por explorar e compreender! Até lá vai continuar a florescer a incompreensão e a intolerância!

Olhar para as estrelas pode ser a solução dos nossos problemas terrenos. E mesmo que não seja não deixa de ser um festim para os nossos olhos. Disse!