Filho do 25 de Abril

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sábado, maio 22, 2004

(58) Congressos… o limiar da demagogia!

Que os partidos estão a perder credibilidade todos sabemos. Que os políticos têm a imagem nas ruas da amargura também não é uma novidade. Que o nosso primeiro ministro perde com frequência a noção do ridículo também temos vindo a constatar.

Confesso que não acompanhei com atenção a telenovela da família das laranjas desta vez nem muito menos ouvi o que o Santana “presidente do Sporting, autarca, comentador desportivo, ex/futuro/potencial candidato a Presidente, animador da Caras” Lopes disse de construtivo (couff, couff... engasguei-me...) desta vez.

Só tive dois pequenos contactos com este Congresso. O primeiro com a JSD Madeira que defende duas ideias interessantes, o voto antecipado para os estudantes e a rápida implementação do voto electrónico. Apesar de tudo (e sublinho o tudo) bons contributos ao combate à abstenção.

O outro contacto com o Congresso foi através da TSF onde ouvi as declarações proferidas por Durão Barroso acerca da (falta de) Democracia nos Açores. Em primeiro lugar não contesto nem confirmo o conteúdo das afirmações, apenas sei que as Autonomias tal como estão negociadas não favorecem a alternância. Não há o fundamental equilíbrio entre pontos de exaltação e desgaste dos Governos Regionais, puramente distribuídores de subsídios e empreitadas.

O que já me parece estranho é que tenha cabido ao Primeiro Ministro estas afirmações e não a outro membro do partido. Como promover relações institucionais de cooperação quando o cidadão Durão Barroso (já não é a primeira vez que defendo esta tese) despe a pele de Primeiro Ministro com tanta frequência, quando não pode esquecer que não pode fazê-lo, em nenhuma circunstância, por completo. Já com a Falagueira e Angola o cidadão Durão andou a deixar uma triste imagem do país.

Em segundo lugar não será descabido fazer essas acusações sem actuar ou comentar o caso madeirense? Este caso conheço bem e sei que não estamos perante uma Democracia exemplar e tenho sérias dúvidas que o caso Açoriano tenha contornos muito diferentes.

Mais um descontrolo do cidadão/militante/governante Durão, infeliz e demagógico em contexto de eleições regionais. Mais um discurso “à Zandinga”, lembram-se? Mais umas afirmações de mau gosto que podemos juntar aos discursos de reescrita da história. Lembram-se do deputado Durão afirmar que Pina Moura tinha criado o “monstro orçamental” depois do rigor de Sousa Franco, agora este já é o “pai do défice”, esse mal que nos está a matar a todos. A cura tem sido bem mais dramática que a doença. Já tinha feito a minha vénia à importância do PSD na Democracia Portuguesa (post n.º 37) mas esta distorção da História ultrapassa os limites da demagogia, mal que é transversal a todos os partidos. Haja paciência!