(51) Educação, que futuro?
“Não se aprende, Senhor, na fantasia.
Sonhando, imaginando ou estudando.
Senão vendo, tratando e pelejando.”
Camões, Os Lusíadas, canto X, Estrofe 153
Hoje vou fazer umas reflexões sintéticas (como os blogs o exigem) sobre as Universidades e o Mercado de Trabalho.
Antes de mais um elogio aos professores que se dão ao trabalho de lutar contra o estado da Educação. E um forte desprezo a todos aqueles professores que, por preguiça ou falta de brio profissional, não se actualizam, não investigam, não interagem com a sociedade, têm preconceitos, são arrogantes, inacessíveis.
Muitos reflectem sobre o milagre económico da Irlanda. Ainda está por provar a sustentabilidade daquele modelo de crescimento económico. As políticas sociais estão ainda muito atrasadas, os indicadores económicos são instáveis mas, enfim!, há um rumo. O clima económico é bom, os impostos baixos, as infraestruturas estão ao serviço da indústria. Mas o grande segredo da Irlanda parece ser, sem dúvida, a sinergia que foi criada entre a Educação e as Empresas. É o mercado de trabalho que dita as necessidades, é o sistema de ensino que rapidamente se adequa.
É claro que a Educação não pode ser completamente direccionada para o mercado de trabalho porque há sempre teorias a estudar, novos rumos por explorar, novas ideias a considerar. Nem oito nem oitenta. Mas uma coisa parece certa, falta a ligação entre as Universidades e o mercado de trabalho, com raras excepções. Porque é que mesmo com o crescente número de advogados desempregados continua-se a formar tantos ou mais advogados por ano? Porque é que cada vez mais temos de recorrer a médicos estrangeiros?
Mais grave é a desadequação entre o que se aprende e a sua aplicação. Os programas da maioria das faculdades está desactualizado. Há professores (regentes, catedráticos) que não mudam o programa, o material de apoio, as sebentas e bibliografia desde que começaram a dar aulas. Quatro ou Cinco anos não serão um exagero para ter noções sobre conceitos e terminologias, sem qualquer componente de experimentação ou investigação?
Há muito a reflectir. Sobre as alternativas como a Formação Profissional, suas vantagens e defeitos, sua complementariedade. Há que avaliar melhor o perfil do professor e do ensino. Há que dar aos professores técnicas pedagógicas e meios de facilitação da aprendizagem. Há que reavaliar o papel do Estado e seu empenho no ensino de qualidade. Há que lutar contra preconceitos porque os professores não sabem lidar com a sociedade, com a pobreza, com a violência, com a doença. Enfim, é preciso reavaliar as prioridades, reconduzir o ensino à qualidade e ter em vista o mais importante, tornar as pessoas mais preparadas para os desafios da vida e suas constantes mudanças! O saber não é estático, é evolutivo!
1 Comments:
At 11:00 da tarde, Anónimo said…
Estou a ver que há mais um soldado para a mãe de todas as batalhas, a da Educação. Vá aparecendo. Tenciono fazer o mesmo.
MJMatos, Que Universidade?
Enviar um comentário
<< Home