(63) A Zona Cinzenta
Ainda na Pública de 23 de Maio mais um artigo (de Alexandre Lucas Coelho) que nos pôe a pensar. Os “media” e os países (mesmo os Europeus) esqueceram-se, de repente, do Afeganistão. Mas os recentes abusos da coligação no Iraque relançam o interesse no Afeganistão. Como os “media” têm tanto poder, não é? Conseguem focalizar a nossa atenção...
A Human Rights Watch (HRW) escreveu um relatório intitulado “Abusos das forças dos EUA no Afeganistão” referindo-se até na ocorrência de três mortes em circunstâncias estranhas. Este relatório foi enviado às autoridades americanas. Esta organização e a Amnistia Internacional denunciam uma “política sistemática” de maus tratos, abusos e tortura a prisioneiros no triângulo geográfico que começa no Afeganistão, passa por Guantanamo e acaba no Iraque.
Os prisioneiros não podem questionar os motivos da sua detenção e são, frequentemente, sujeitos a maus tratos ou tortura. Os relatos são chocantes. Insultos de cariz sexual, introdução de dedos e objectos no ânus... tudo acompanhado por fotografias e a ameaça da sua divulgação.
A revista americana “New Yorker” reforça a ideia dum padrão, definido pela Administração Americana. Fontes do Pentágono e da CIA referem que as “humilhações, particularmente as de cariz sexual, foram consideradas especialmente eficazes para lidar com o ‘espírito dos muçulmanos’, muito sensíveis à exposição destas matérias”. A “Zona Cinzenta” é, segundo o “New Yorker”, um campo de acção fora das leis internacionais, alegadamente justificado pela necessidade de ganhar a guerra contra o terrorismo.
Este “padrão” é motivo de prisão a quem a pratica ou facilita a sua execução, no meu entendimento. É utópica a minha exigência mas se eu já estava chocado com os acontecimentos em Guantanamo agora nem consigo exprimir o que sinto com esta alvalanche de relatos e fotografias. Volto a remeter ao post (50) deste blog para defender que talvez o verdadeiro perigo não seja o terrorismo mas sim o tipo (e sublinho tipo) de combate a este. Há formas de combate ao Terrorismo muito mais eficazes e que não poêm em causa os nossos valores, arduamente conquistados por várias gerações. Assim o terrorismo vai acabar com o nosso modo de vida, por culpa nossa...
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