Filho do 25 de Abril

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segunda-feira, maio 24, 2004

(59) E as “Zandinguices” continuaram...

Uma “Zandinguice” pode ser considerado no nosso léxico como uma patetice com dono, ou seja, é apanágio de uma pessoa em particular. O distinguido com este mérito é o nosso Primeiro Ministro, Durão Barroso, que começa a ser perito em patetices, “Zandinguices” neste caso. A origem deste denominação remonta a “palhacices” antigas quando Durão Barroso, com o Congresso na mão, chamou a Santana Lopes uma espécie de mistura entre Zandinga e um comentador desportivo.

Será possível que um Congresso tão desinteressante tenha produzido tantas “Zandinguices”? Começou com os Açores, passou por uma análise muito rigorosa da nossa história recente e acabou com declarações muito infelizes sobre as forças de segurança no EURO 2004.

Segundo Durão, se houver problemas de segurança no EURO 2004 responsabiliza directamente o Partido Comunista Português (PCP)! Só faltava afirmar que a segurança está de tanga. A primeira reacção do cidadão é que de facto algo pode correr mal ao nível da segurança, e que Durão culpa por antecipação o PCP. Depois até parece que a segurança não é da inteira responsabilidade do Governo, que é frágil demais para ser responsável e controlada. Até parece que, em situações críticas, não há a figura da Requisição Civil.

Depois não foi o PCP que, em plena campanha eleitoral e após a morte dum agente, prometeu em tempo recorde subsídios de risco e aumento dos salários. Bem sei que o que se promete não temos de cumprir (só não haver referendo ao aborto) mas enfim... Quero ainda sublinhar que as Greves são direitos democráticos que devem ser respeitados. Claro que também têm de ser exercidos com responsabilidade mas todos sabemos que a eficácia duma greve mede-se pela sua adesão e mediatização, logo é legítima se as suas reivindicações também o forem. Cabe ao Governo negociar e dissuadir com responsabilidade, não inflamar a situação.

Além de tudo convém relembrar a Durão outra regra simples de Democracia e Cidadania. Criticar o Governo não é criticar o país desde 1974. Relembro que após a aprovação de Portugal no pelotão da Moeda única, o deputado Durão questionava o Governo sobre a legitimidade do método utilizado (utilização das verbas das privatizações) e não se preocupava (e muito bem, na minha opinião porque regras são regras) se estava a criticar ou não o país. A Democracia não é só um conceito a defender, tem de ser reforçada na vida prática.

Tanto dramatismo, Durão! Até pareces uma mistura dum Zandinga com um comentador desportivo!