(69) Páginas Soltas (2): O Velho que lia Romances de Amor – Luis Sepúlveda
“Não sejas vaidoso, Antonio José Bolívar. Lembra-te de que não és um caçador, porque tu mesmo recusaste sempre esse qualificativo, e os felinos seguem o verdadeiro caçador, o cheiro a medo e a pau feito que os caçadores emanam. Tu não és um caçador.”
É a minha primeira incursão na literatura de Luis Sepúlveda. Encantado? Não! Rendido? Não! Mas com a sensação que fiz uma caçada. Não sou caçador nem pretendo ser, mas Antonio José Bolívar caça sem ser caçador. Mata mas só quem clama por morrer. Vive para saborear as histórias de amor que não lhe pertencem mas que compreende como ninguém.
Um conto sobre ecologia? Não! Um conto sobre como viver em harmonia com a Natureza, respeitando-a sem limitações e sem nunca a temer. Um velho que lia Romances de Amor, só no meio da floresta com a função de libertar da Natureza todos aqueles, homens ou animais, que já não tenham lugar no seu seio.
Os homens nunca compreendem quando já não estão a desempenhar um papel no mundo e acabam por desequilibrá-lo. Já os animais compreendem quando deixam de ser úteis, e clamam para que o equilíbrio seja restaurado. Mesmo que isso implique deixarem de pertencer a esse mundo. Não é um hino ao suicídio, mas a que cada um encontre o seu lugar... mesmo que esse lugar seja muito distante!
“Uma prosa rápida, quase cinematográfia, com capítulos curtos e parágrafos muito breves, que levam o leitora só largar o livro depois de ter acabado de o ler.”
El País
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