Filho do 25 de Abril

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segunda-feira, junho 14, 2004

(82) Eleições Europeias

Os resultados foram claros. As análises aos resultados é que diferem de maneira gritante. Deixo algumas notas sobre os resultados (quase) finais (faltam apurar 48 freguesias).

PS: 44,5%, 12 deputados: O grande vencedor da noite. Uma vitória clara por números inimagináveis.

Coligação Força Portugal: 33,2 %, 9 deputados: A direita somar, em conjunto, um terço dos eleitores é simplesmente inédito.

CDU: 9,2%, 2 deputados: Apesar de falhar o terceiro deputado por muito pouco conseguir manter os deputados (apesar de Portugal ter perdido um deputado) é bastante bom.

BE: 4,9%, 1 deputado: É um crescimento notável. Começa a ter peso na área rural.

Ferro Rodrigues: Ganhou novo fôlego, só não sei se o PS vai tirar efeitos positivos disso. Estas eleições valem o que valem mas o resultado não deixa de ser expressivo. Como ponto positivo a nota feita em relação aos acontecimentos da lota de Matosinhos (“repugnante”) o que demonstra firmeza de valores. Como ponto negativo a colagem à viúva do Professor Sousa Franco e a generalização da conclusão Iraque (aguardo o panorama Europeu mas a França e a Alemanha também tiveram resultados surpreendentes). Para a história fica a expressão do resultado e o recorde destes números face aos outros Partidos Socialistas.

Paulo Portas: Como sempre tem dificuldade em assumir com clareza o óbvio. Mesmo assim, face à disposição de lugares na coligação, elege dois deputados o que pode-se considerar como menos mau.

Durão Barroso: O grande derrotado destas eleições. Se não estava em causa a política nacional do Governo está com certeza a Europeia. Tens de escolher, Durão. Apesar de achar que não são separáveis. Este Governo baseia as suas políticas nacionais num rigoroso cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento sem forçar a sua mudança. Pior, ajuda a descredibilizá-lo com chumbos às sanções. Perde em número de votos e em deputados maximiza as suas perdas pela distribuição dos lugares com o PP. A coligação tira força ao PSD e ainda mais quando unem-se dois partidos que não defendem o mesmo em relação à Europa. Num discurso apagado e sem chama chamou aos resultados um “estímulo para fazer ainda mais e melhor”. Deixou escapar a hipótese duma remodelação alargada.

Abstenção: 61,2 %: É inacreditável o desinteresse por estas eleições (volto a fazer o mea culpa) mas não surpreendente. Falta explicar aos cidadãos o que se faz no Parlamento Europeu. Tenho a certeza que sensibilizaria muitas pessoas, ainda mais depois da aprovação da Constituição Europeia (que eu espero que ocorra em breve). Pior foi a participação na Polónia (15,4%) e Malta (88%) foi uma agradável surpresa.

Aos futuros Deputados Europeus: Parabéns! Deixem uma marca positiva na construção Europeia. Lembrem-se que Portugal, para ter um casamento duradouro com a Europa, não pode ser nem egoísta nem deixar de defender os seus interesses. Como qualquer cônjugue tem de saber exigir e saber ceder. Bom trabalho por Portugal e, principalmente, pela Europa.